Dairy Vision 2025 reforça papel da proteína e da inovação como pilares do futuro dos lácteos

Evento discutiu desafios técnicos, oportunidades de mercado e novas estratégias para um setor em transformação. Saiba mais!

Publicado em: - 5 minutos de leitura

Ícone para ver comentários 0
Ícone para curtir artigo 1

O segundo dia da edição 2025 do Dairy Vision, um dos principais encontros do setor lácteo da América Latina, trouxe debates profundos sobre os rumos da indústria e destacou o papel central da proteína, da inovação tecnológica e da personalização nutricional na construção do futuro dos lácteos.

O segundo dia de evento teve painéis patrocinados por Arla Foods Ingredients, Tetra Pak e MadCap e contou com especialistas nacionais e internacionais que apresentaram perspectivas complementares sobre formulação, negócios, regulação e digitalização das cadeias produtivas, evidenciando que o futuro do leite será guiado por ciência, eficiência e propósito.

DV 25
 

Alta proteína: inovação e desafios técnicos no centro das discussões

Abrindo os debates do dia, o painel “Oportunidades e desafios no mercado de lácteos com alta proteína”, promovido pela Arla Foods Ingredients, destacou o avanço da tendência de produtos proteicos e os desafios técnicos para acompanhá-la.

O pesquisador Rodrigo Stephani (Inovaleite/UFJF) chamou atenção para o fato de que a indústria ainda está se adaptando a essa nova realidade. “Os desafios vão seguir crescendo no âmbito da inclusão de proteínas. As fábricas não foram preparadas para isso e estão tendo de buscar novos equipamentos. O produto é vivo do ponto de vista físico, e o mercado tem nos cobrado shelf life mais longo, mas a proteína não é simples de ser trabalhada”, explicou.

Stephani ressaltou ainda o potencial das bebidas lácteas como “grande trunfo” da categoria, pela versatilidade de consumo e pelas possibilidades tecnológicas envolvidas.

Na sequência, Aparecido Silveira, Marketing Head South America da Arla Foods Ingredients, reforçou que inovação e experiência sensorial devem caminhar lado a lado. “Quem disse que bebida proteica não pode ser refrescante?”, provocou, destacando que é preciso pensar não só na composição nutricional, mas também em formatos e ocasiões de consumo que façam sentido para o público.

Continua depois da publicidade

O debate se aprofundou com a participação de Rodrigo Stephani (Inovaleite/UFJF), Fábio Ferreira (Verde Campo), Manoella Tarouco (Danone), Lisiane Campos (Piracanjuba), Marcelo Leitão e Aparecido Silveira (Arla Foods Ingredients), que defenderam a importância do propósito na construção do produto e educação do consumidor para consolidar esse mercado em expansão.

 

Perspectivas globais e novas estratégias de negócios

O papo sobre inovação seguiu com o painel patrocinado pela Tetra Pak, que trouxe uma visão mais ampla sobre estratégias de negócios e tendências globais.

Para Vikki Nicholson-West, vice-presidente sênior de Marketing Global do U.S. Dairy Export Council (USDEC), o consumo de proteína derivada do leite se expandiu muito além do público esportivo, refletindo uma mudança estrutural na relação das pessoas com a alimentação. “A pandemia acelerou a percepção do consumidor sobre alimentação saudável. A proteína é a grande estrela, mas, no fim das contas, o sabor é quem decide”, afirmou.

A fala de Nicholson-West reforçou o elo entre saúde e prazer, já abordado no painel anterior, e mostrou que a inovação em produtos proteicos é tanto uma questão técnica quanto estratégica.

Na sequência, os sócios da Brasilpar, Tom Waslander e Fernanda Sodré, apresentaram um olhar voltado para o crescimento e a valorização do setor a partir de fusões e aquisições (M&A). “Não há certo ou errado em se posicionar no topo ou na base da pirâmide, mas os modelos de negócio precisam ser distintos. Existe espaço para todos os posicionamentos”, explicaram.

Eles citaram o caso da muçarela, com variações de preço de até três vezes entre segmentos, e o exemplo da americana Lifeway, cujo foco em kefir e inovação garantiu valor de mercado quase duas vezes superior ao dos concorrentes.

Fechando o painel, Danilo Zorzan, diretor de Marketing da Tetra Pak Brasil, reforçou que inovar exige mudança de mentalidade e estrutura. “Não adianta querer resultados diferentes fazendo as mesmas coisas. É hora de acelerar a novidade e colocar o leite de volta ao lugar de onde nunca deveria ter saído”, declarou.

dv 25

Nutrição personalizada, digitalização e inovação profunda

Encerrando a programação, o painel “Inovação aplicada ao setor lácteo”, promovido pela MadCap, abordou as novas fronteiras da ciência e da tecnologia na cadeia produtiva.

Continua depois da publicidade

Sandra Einerhand (Einerhand Science & Innovation) destacou o avanço da nutrição de precisão, que permite ajustar os produtos às necessidades de cada indivíduo. “Os lácteos se adaptam a diferentes estágios da vida, e há muitas oportunidades para explorar benefícios funcionais em nichos como atletas, seniores e crianças”, explicou.

A discussão sobre personalização se conectou com a pauta da eficiência operacional e sustentabilidade, apresentada por Fede Lang, Head de Customer Success da MadCap, que demonstrou como cadeias de suprimento inteligentes podem reduzir custos logísticos em até 10%, com impacto direto de 1 a 2% no custo do leite.

Ampliando o olhar sobre o futuro, Lucas Delgado (Emerge) reforçou que a inovação também deve considerar o longo prazo e o desenvolvimento de novas tecnologias. “É essencial investir em deeptechs e parcerias com universidades para criar vantagens competitivas e garantir relevância no futuro”, destacou.

Por fim, a consultora Daniela Tomei (Meta Regulatória) trouxe uma perspectiva prática sobre inovação e regulação, lembrando que o sucesso de novos produtos depende da integração entre essas áreas. “Mesmo diante de um cenário regulatório em evolução, é possível inovar se antecipando às exigências. Assim, produto e regularização avançam juntos”, completou.
 

O evento foi encerrado com o painel “Estratégias para o financiamento da atividade leiteira”, que contou com a participação de Gustavo Peloso, Chief Growth Officer da Agroforte, e Luiz Leite, da MilkPoint Capital. Os especialistas discutiram o papel do crédito e dos investimentos no fortalecimento da cadeia produtiva, destacando oportunidades para ampliar o acesso a recursos, impulsionar a modernização das fazendas e promover o desenvolvimento sustentável do setor e citaram o MilkPoint Capital como um facilitador. 

 

O futuro do leite é tecnológico, funcional e personalizado

O Dairy Vision 2025 mostrou que o setor de lácteos vive um momento de reinvenção.
Da tecnologia à nutrição de precisão, passando pela eficiência operacional e pela inovação em produtos com alta proteína, a mensagem é clara: o leite está de volta ao centro da mesa, mais versátil, mais saudável e mais conectado ao consumidor.

Em 2026, o Dairy Vision vem com novidades. A data já está marcada, reserve na sua agenda: dias 27 e 28 de outubro. Nos vemos lá!

Ícone para ver comentários 0
Ícone para curtir artigo 1

Material escrito por:

Stephanie Gonsales

Stephanie Gonsales

Zootecnista formada pela Universidade Estadual de Maringá e pós-graduada em Gestão do Agronegócio. Responsável pela Equipe de Conteúdo do MilkPoint.

Acessar todos os materiais

Deixe sua opinião!

Foto do usuário

Todos os comentários são moderados pela equipe MilkPoint, e as opiniões aqui expressas são de responsabilidade exclusiva dos leitores. Contamos com sua colaboração.

Qual a sua dúvida hoje?