Vários fatores precisam ser coordenados para a obtenção de um bezerro vivo a partir de embriões produzidos in vitro (PIVE).
O objetivo com este estudo foi determinar se a seleção de embriões e receptoras antes da transferência de embriões (TE) produzidos in vitro frescos pode afetar as taxas de prenhez (TP) de receptoras da raça Jersey.
Os dados foram coletados na Fazenda Jer-Z-Boyz, localizado em Pixley, California, EUA, que ordenha 4500 vacas com produção média de leite de 9.341 kg por lactação, e que têm usado TE para aumentar o número de animais geneticamente superiores em seu rebanho.
Foram coletados e analisados dados de 994 transferências realizadas entre dezembro de 2019 e abril de 2021. Os embriões de doadoras Jersey de alto mérito genético foram produzidos no laboratório RuAnn Genetics (Riverdale, Cafilornia) como descrito por Demétrio et al.
Embriões de qualidade grau 1 ou 2, em estágio de desenvolvimento de mórula (4) até o estágio blastocisto eclodido (8) foram removidos da cultura no dia 7 após fertilização in vitro, envasados em palhetas com meio de manutenção (holding) SOF-HEPES e mantidos em uma incubadora de palhetas a 35°C até o momento do TE (até 7h). As receptoras novilhas com aproximadamente 11 meses de idade ou as vacas lactantes entre 56 e 192 dias em lactação (DEL), de 1ª a 4ª lactação receberam um embrião 7 ou 8 dias após estro natural no primeiro serviço.
Apenas receptoras que tinham um corpo lúteo (CL) no dia da TE receberam um embrião no corno uterino ipsilateral ao CL. O diagnóstico de gestação foi realizado por palpação retal de 37 a 44 dias após o estro e a TP foi calculada dividindo o número de receptoras gestantes pelo número TE, multiplicado por 100.
O modelo Bernoulli foi usado para analisar os dados. As variáveis categoria da receptora (novilha vs. vaca), estágio de desenvolvimento embrionário (4 e 5 vs. 6 a 8), grau de qualidade do embrião (1 vs. 2), DEL (<=65d vs. >65d), estação do ano no momento da TE (frio – novembro a maio vs. quente – junho a outubro), número de lactação (1º e 2º vs. 3º e 4º), doadora e touro foram incluídos nos modelos.
Este programa de produção e transferência de embriões está em constante adaptação desde 2017 com o objetivo de obter a maior TP possível. A preferência por receptoras de 1ª. e 2ª. lactação, acima de 65 dias de DEL, transferidos 7 e 8 dias após o estro e no 1º serviço, é baseada em observações e análises anteriores, e é por isso esses dados não são balanceados.
Tabela 1. Efeito da estação do ano no momento da transferência e do grau de qualidade dos embriões na taxa de prenhez de receptoras Jersey.
Foi detectado efeito da estação do ano no momento da transferência dos embriões e do grau de qualidade dos embriões (Tabela 1). Não foi detectada diferença na taxa de prenhez entre receptoras novilhas (n=173; 46,8%) e vacas lactantes (n=821; 52,9). Os embriões em estágio blastocisto ou mais desenvolvidos, apresentaram TP maior do que os embriões mais jovens (56,7 vs 45,3; P<0,05). As receptoras em lactação que receberam embrião após 65 dias de DEL (n=639) tiveram maior TP (54,8% vs 46,7% P<0,05). Vacas de 1ª. e 2ª. lactação (n=537) também apresentaram maior TP do que as vacas de 3ª. e 4ª. lactação (56,6% vs 46,1%; P<0,05).
Taxas de prenhez mais altas podem ser alcançadas com embriões de boa qualidade (grau 1) selecionados em estágio ideal de desenvolvimento (blastocisto ou mais desenvolvido no dia 7 da cultura in vitro) transferidos para novilhas ou vacas Jersey lactantes de 1ª. e 2ª lactação com mais de 65 dias de DEL. Embriões de grau 2 devem ser usados com cautela durante o verão.
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Autores
M Oliveira, CGB Demetrio, TE Baumgartner, RM Santos, DGB Demetrio
Referências
Esse texto é parte do resumo apresentado na Reunião Anual da Sociedade Internacional de Tecnologia de Embriões (IETS) realizada em 2022.