A agropecuária se refere à atividade humana que está destinada tanto ao cultivo do campo como à criação de animais e nos leva a pensar no manejo terra. O manejo ambiental está cada dia mais presente na atividade, mas a água sempre corre o risco de ficar em segundo plano, mesmo porque, sempre que falamos no manejo ambiental, logo pensamos em florestas, visto que a cada dia a pressão sobre o produtor é maior nesse assunto. Na agrohidropecuária, abordaremos a relação da produção agrícola e pecuária com o manejo sustentável da água visando a segurança hídrica da produção no campo, ou seja, a gestão ambiental da produção.
A gestão ambiental se refere ao cuidado com a água de modo a mitigar ou corrigir ao máximo os impactos que possamos impor sobre ela em nossa atividade. Falamos de preservação, conservação, redução de consumo e reutilização da água.
Temos um curso gravado no EducaPoint com o tema Pegada Hídrica na Produção Leiteira. A pegada hídrica de um produto é o volume de água utilizado para produzi-lo, medido ao longo de toda cadeia produtiva. Esse volume considera a água captada de suas fontes, a água da chuva e o impacto do despejo da água utilizada no meio ambiente sem o devido tratamento. Trata-se uma ciência, um estudo com cálculos matemáticos que atribuem o volume total de água consumido para produzir aquele produto ou um determinado serviço.
E antes que alguém pense que esse é mais um conceito para demonizar o produtor rural, há dois pontos fundamentais que devem ficar muito claros: a pegada hídrica é atribuída a todos os produtos, sejam bens de consumo, alimentos ou serviços. Um automóvel, um par de meia, uma xícara de café ou a energia elétrica. Portanto, isso já deixa a dica do segundo ponto: a pegada hídrica é referente ao ser humano, porque todo uso da água é atribuído, em última instância, aos consumidores, ou seja, ao ser humano.
Mas, nossa preocupação aqui é com a segurança hídrica da produção de alimentos no campo e como garantir a sustentabilidade da produção. Nesse sentido, alertamos os produtores a começarem a refletir se há um controle sobre consumo de água na sua propriedade: o quanto de água você gasta para produzir seu produto e que medidas você pode adotar para reduzir o consumo.
Em breve, empresas deverão começar a colocar nos rótulos o quanto de água foi consumido para produzir aquele produto e o consumidor será influenciado a comprar o que consumiu menor volume.
Em 2014, há 6 anos, a Agência Nacional das Água (ANA), publicou um manual chamado Pegada Hídrica das Bacias Hidrográficas. Você pode pesquisar na internet o mapa das bacias hidrográficas no Brasil e descobrir onde está localizado, ou seja, em qual bacia está a sua atividade produtiva. Então, se olhar para esse documento da ANA, talvez você descubra como a sua região é considerada em nível de escassez hídrica.
O que queremos chamar a atenção dos produtores e profissionais que trabalham com produção rural é que isso é real, já esta sendo discutido e tratado nos meios acadêmicos, científicos, políticos e econômicos, e, se nós que nos preocupamos com a manutenção da produção segura no campo não aprendermos a olhar para essas informações e a dialogar com a sociedade sobre o assunto, não teremos defesa contra a divulgação de informações enviesadas e imprecisas que colocam todo peso do consumo de água na produção no campo.
Políticas futuras deverão definir se uma determinada região pode ou não investir em determinado produto em função da oferta e demanda de água. Na verdade, os produtores deveriam estar preocupados quanto ao investimento em determinadas regiões e inicialmente deveriam se preocupar em saber se há disponibilidade hídrica nessa região.
Então, para finalizar, hoje quero deixar aqui a seguinte reflexão: temos manejo hídrico de nossos sistemas de produção? Um manejo hídrico adequado passa pelo uso cotidiano de tecnologias para controle de consumo, visando redução de desperdícios e garantia da oferta de água com quantidade e qualidade necessárias para segurança hídrica da produção.
Inauguramos assim o tema agrohidropecuária e esperamos que isso chame a atenção para um olhar mais cuidadoso na questão da água!
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