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Gerenciamento de índices em fazendas: conforto e ambiência, parte II

POR JOÃO PAULO V. ALVES DOS SANTOS

COWTECH

EM 20/09/2018

8 MIN DE LEITURA

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Autor do artigo*

João Paulo V. Alves dos Santos, Engenheiro Agrônomo da Cowtech Consultoria e Planejamento Ltda.

Dando sequência a primeira parte deste artigo publicada na última segunda-feira (17), agora iniciaremos com a parte II. 

c) Quais categorias devemos atender em termos de conforto térmico?

A tabela acima deve ser utilizada para avaliação de vacas em produção. No entanto, todos os animais presentes na propriedade, obviamente, sofrem com condições adversas de temperatura e umidade elevadas (clima tropical) e costumam reduzir a ingestão de matéria-seca por conta do calor. Por razões econômicas nossos projetos de climatização, são dirigidos para atender, por ordem de relevância: vacas em produção, pré-parto, vacas secas e recria, sendo que para estes dois últimos,  dirigimos, apenas, cuidados básicos como fornecimento de água de qualidade em abundância e sombreamento.

Todavia, recomendamos cuidados básicos em termos de ambiência para os animais não-produtivos de modo que seja garantido, pelo menos,  cochos cobertos, acesso a água em abundância e de qualidade e áreas de descanso (sombreamento natural ou artificial) para as horas mais quentes do dia.

d) Qual é a expectativa de resposta em termos de produção com projetos envolvendo conforto térmico e ambiência animal?

A resposta em termos produtivos irá depender muito do nível de conforto oferecido numa dada situação frente à implantação de um novo projeto de climatização. As melhores e maiores respostas serão inversamente proporcionais ao nível de defasagem, ou “desconforto” disponível para os animais e podem variar de região para região, perfil de rebanho e manejo da propriedade. Animais alojados em sistemas confinados sem climatização, quando passam para sistemas climatizados, costumam responder muito bem em termos produtivos. Abaixo, apresentamos uma tabela-resumo com dados de trabalhos publicados nos EUA, como referência, comparando animais alojados em sombreamento em sistemas sem climatização e com climatização (ventilação + aspersão):

Tabela 2. Impactos da aspersão e ventilação comparados com sistemas sem climatização.

De acordo com os dados da tabela, acima, percebemos o impacto e efeitos da ventilação e aspersão na climatização de vacas em produção. A produção de leite pode subir de 1,1 a 3,6 kg e essa resposta pode ser compreendida pelo maior ingestão de alimento. Ao mesmo tempo em que temos aumento no consumo e produção de leite, o resfriamento de vacas permite uma redução da temperatura corporal que pode trazer benefícios para a reprodução, com melhores índices em termos de fertilidade.

e) Quais são os tipos de projetos de climatização mais utilizados e onde climatizar, primeiramente, para melhores resultados?

Para realizarmos um bom projeto de climatização, devemos estabelecer prioridades, procurando encontrar e entender os “pontos de estrangulamento” de cada sistema de produção. Se a produção em vigência é a pasto, o produtor deve direcionar atenção especial para a localização da ordenha em relação a área de piquetes de pastejo. Deve se preocupar com largura de corredores e condições de manutenção dos mesmos (principalmente durante meses chuvosos). A disposição, a quantidade e a localização dos bebedouros são de suma importância, bem como, a realização e emprego do que chamamos de áreas de descanso ou centro de manejo alimentação/suplementação. Nestes locais os animais podem permanecer nas horas mais quentes do dia. O sombreamento pode ser artificial (sombrites ou estuturas cobertas) bem como pode ser natural, com árvores. Em ambos os casos são necessários cuidados e realizarmos projetos sempre em paralelo, se possível, para realização de revezamento, evitando assim a formação acumulada generalizada de barro.

A figura, acima, apresenta 2 módulos (glebas) de pastejo com 2 áreas de pastejo anexas. Na tonalidade em verde escuro apresentamos linhas de árvores para sombreamento no sentido Norte x Sul para projeção de sombra no eixo Leste x Oeste. Como alternativa ao sombreamento natural,  podemos utilizar sombrites ou demais estruturas nas respectivas áreas de descanso.

Independentemente do sistema de produção, a pasto, confinamento ou misto por onde devemos iniciar um projeto de climatização? A nossa orientação é começar pela sala de espera e ordenha, principalmente, para sistemas de produção a pasto de modo que os animais possam ser refrigerados antes da ordenha, respeitando o espaçamento mínimo de 2 a 2,5 m2/vaca. A sala de espera deve ser capaz de acondicionar um lote em produção da fazenda. Cada lote deve deixar sua instalação e piquete e retornar em até 1 hora. Logo o fluxo (velocidade de ordenha/equipamento) deve ser dimensionado dessa forma também. Por exemplo, se tivermos uma instalação com lote de 50 animais, o ideal seria ordenhamos estes animais em no máximo 1 hora (50 vacas/hora = fluxo de ordenha) e ter uma sala de espera com pelo menos 100m2.

Posteriormente à realização de um projeto de climatização para salas de espera e ordenha, recomendamos que seja realizada a climatização no local de alojamento dos animais; no caso de sistemas de produção em confinamento total. Para free stalls ou compost barns (com linha de cocho alimentação concretada) recomendamos projetos de ventilação e aspersão na linha de cocho/alimentação e ventilação (apenas) sobre as camas de free stall ou composto, propriamente, dito. No caso de galpões do tipo compost barn, a ventilação sobre as camas apresenta duplo propósito: climatização dos animais e, principalmente, secagem da cama (substrato) a cada virada/movimentação do composto.

Existem duas formas de refrigerarmos animais: por meios evaporativos e não-evaporativos. Os processos de perda de calor não-evaporativos são classificados como: condução, convecção e radiação. Para que ocorram, é necessário haver um diferencial de temperatura entre o meio ambiente e os animais. Dessa forma, quando o ambiente é refrigerado, o animal troca e perde calor para o mesmo. A condução é o processo de troca de calor através do contato físico entre corpos/materiais com diferentes temperaturas. Exemplo: animal deitando em fezes frescas ou barro. Na convecção, a troca de calor ocorre através da troca de ar ao redor do animal e no processo de radiação a perda ocorreria caso o animal conseguisse emitir calor para o meio através da sua superfície corporal (pele). No entanto, geralmente, esse processo é reverso com o meio ambiente emitindo radiação que incide sobre animais aumentando a temperatura corporal dos mesmos.

Os projetos de climatização mais usuais para vacas de leite são os processos evaporativos em que utilizamos a combinação de água e ventilação que promove a evaporação desta, eliminando o calor do animal. Neste processo, recomendamos a instalação de linha de ventiladores ao longo da linha de cocho dos animais. Para a ventilação dos animais, a recomendação técnica seria a colocação/instalação de linha de ventiladores conforme figura, abaixo:

O espaçamento entre ventiladores dependerá da potência dos ventiladores instalados e fluxo de ar promovido. Existem diferentes fabricantes e opções no mercado, com produtos nacionais e importados. Os mais usuais são sistemas com ventiladores munidos de motores com 1cv a 1,5 cv, cada, gerando fluxo de ar de 2,2 a 2,7 m/s.

Nossa recomendação técnica é buscar projetos que possibilitem pelo menos um fluxo de 3m/s. Para aspersores em sala de espera recomendamos uma maior vazão, de 9,5L/min com diâmetro de alcance de 5 a 6 metros, cada. Para linha de cochos, aspersores de 2,5L/min de vazão com alcance de 2m (garantindo a cobertura da linha de dorso dos animais). Para projetos de climatização com ventilação + aspersão, recomendamos o trabalho em ciclos alternados, nunca concomitantes, ou seja, as vacas são molhadas e, posteriormente, secas.

Para um perfeito dimensionamento, podemos utilizar controladores automáticos de ventilação e aspersão (em que podemos calibrar a temperatura mínima em que os mesmos devem ser ligados) e o “turno de rega” (ou tempo de aspersão). Dependendo do tipo de bico utilizado, o tempo de aspersão costuma ser de 40 segundos a 1,2 min. Para programadores mais simples os ciclos são fixos. OS controladores mais avançados possuem programador automático que funcionam via estabelecimento de curva sigmoidal entre temperatura mínima e máxima (amplitude) estabelecidas na sua programação/calibração.

Dessa forma, à medida que a temperatura vai se elevando, o controlador reduz automaticamente os “turnos de rega”. Quanto mais próximo da temperatura limite programada, o ciclo será alternado, quase intermitente, sempre o mecanismo/processo: “liga x desliga” entre acionamento/funcionamento dos aspersores com ciclos de ventilação.

Caso o produtor queira montar um projeto ainda melhor dimensionado e técnico, já existe no mercado controladores específicos e que funcionam mediante regulagem de THI. Em outras palavras, o controlador não funciona somente via amplitude plotada em sua programação de temperatura. Este tipo de controlador é provido de sensor de umidade e temperatura calculando, automaticamente, o THI e acionando o sistema de acordo com THI limite estabelecido, exemplo, acima de 72.

Para demandas mais avançadas, em busca de maior desempenho e eficiência produtiva x reprodutiva, existem os projetos de ventilação cruzada em ambientes fechados, cujo princípio de conforto está estabelecido na refrigeração do ambiente com trabalho de fluxo ar externo entrando em barracão, passando por placa resfriadora, trocando calor com esta.

No extremo oposto destes galpões, temos exaustores que eliminam (drenam/puxam) o ar para fora, em movimentação constante. Este tipo de sistema é mundialmente conhecido como “cross-ventilation”, sendo capaz de promover uma diferença de temperatura entre ambiente interno e externo de até 10°C. Em outras palavras, em pleno dia quente de verão, por exemplo, com 35°C a temperatura interna do barracão deve ser de 25°C, teoricamente, ainda dentro da zona de conforto térmico para vacas leiteiras.

Em nossas visitas técnicas à sistemas de cross-ventilation, temos nos deparado com médias entre 40 a 45L/vaca/dia e índices reprodutivos de excelência com taxas de prenhes oscilando entre 25 a 30% (sendo um bom benchmark para esta taxa valores de 19 a 22%, de acordo com diversas pesquisas e publicações).

A Cowtech Consultoria conta com equipe multidisciplinar e especializada, capacitada para atender diferentes demandas e realização de diferentes projetos customizados para produção de leite em diferentes sistemas de produção. Para o leitor que deseja se aprofundar no assunto recomendamos a leitura de outros artigos já publicados no site em nossa Coluna da Cowtech

JOÃO PAULO V. ALVES DOS SANTOS

Espaço para artigos e debates técnicos expostos por especialistas e equipe de consultores.

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