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Leite cru e colostro: essa moda pega?

POR DIANA JANK

COMUNICAÇÃO COM O CONSUMIDOR

EM 14/03/2024

5 MIN DE LEITURA

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Sempre que possível, eu visito supermercados fora do país. Poucos lugares me dão tantos insights ou conseguem mostrar o comportamento de consumo local de forma tão explícita. Eu realmente fico horas e sempre volto com produtos na mala.

Em fevereiro, tive a oportunidade de estar em Los Angeles. Talvez uma das cidades com a maior concentração de tendências no mundo dos alimentos, especialmente quando se trata de produtos naturais.

As observações sobre a categoria “Dairy” (lácteos), nada reduzida e cheia de vida, foram os já conhecidos designs disruptivos, cores, rótulos e dizeres. É raro encontrar uma garrafa, galão ou caixinha informando “apenas leite” sem evidenciar nenhum diferencial. Muitos produtos de vacas A2A2, muitos produtos orgânicos, destaque de animais alimentados exclusivamente a pasto, diferentes certificados como “women owned” (produzidos por mulheres ou empresa pertencente a uma mulher) e garantia de produções provenientes de empresas familiares são alguns exemplos. Aqui o recorte se faz importante: os supermercados com este perfil de curadoria de produtos e que acabam apresentando ao mundo as principais tendências de consumo são lojas voltadas para o público A/B com o clássico DNA californiano que respira saúde.

Freezer de lácteos no mercado iogurte organico de leite a2
Variedades de leite encontradas no mercado americano e iogurte orgânico de leite A2.

Uma rede específica chamada Erewhon com 10 lojas em Los Angeles e nos arredores foi a minha preferida da vez. Trata-se de um caso de sucesso fundado em 1966. O conceito da rede pode ser entendido assim que você entra no site (ou pisa em qualquer uma das lojas em localizações bastante sofisticadas como Bervely Hills ou Pacific Palisades, por exemplo). Eles afirmam: “No Erewhon, nós acreditamos que a nutrição é a chave para um estilo de vida radiante. Através dos nossos mercados, nós nos empenhamos para providenciar produtos orgânicos excepcionais para inspirar boas decisões e comunidades mais saudáveis”.

Foi nessa rede que vi duas marcas pela primeira vez: a Raw Farm e a Cowboy Colostrum. A primeira, fundada em 1998, faz parte das que se intitulam Family owned (propriedade familiar) e afirmam que seu maior comprometimento é com a saúde dos consumidores enquanto apoiam o meio ambiente, os animais, os colaboradores e fornecedores para um mundo mais verde e sustentável. Para isso, apostaram na venda de leite fluído, creme de leite, manteiga, kefir, queijos e até comida para cachorro totalmente elaboradas com leite cru. O grande apelo fica justamente no caráter completamente natural do alimento, com garantia de preservação das vitaminas, minerais, enzimas e afins.

Leite cru manteiga de leite cru
Produtos da marca Raw Farm, leite cru e manteiga crua, leite produzido a pasto.

Além de ressaltarem a pureza de um leite sem antibióticos, hormônios e afirmarem que pessoas que apresentam sensibilidades com o leite convencional ficam bem com essa “alternativa natural inalterada” da natureza. Uma observação interessante foi que, além de certificações mais comuns como a Certified Humane (certificação de bem-estar animal) e a Non gMO Project (projeto sem transgênico) , também garantem que a alimentação das respectivas vacas é livre de soja e estampam um selo de “Test&Hold” (testado e aprovado). O ultimo é uma confirmação de que o protocolo de teste de leite cru foi feito e reconhecido pelo Estado da Califórnia.

Eles explicam no site próprio que se trata de um teste com 3 passos: basicamente testam todas as batidas da ordenha ao laticínio todos os dias e identificam cada lote para garantir uma rastreabilidade eficiente. Nada muito diferente de uma produção de leite Tipo A no Brasil. Falando em Brasil, se você estiver se perguntando se a onda do leite cru deve chegar e ocupar grandes espaços na gôndola nacional no curto prazo eu diria que não. As complexidades, questões sanitárias e demandas nichadas para produtos como este cabem em um outro artigo. Fato é que estava 10 dólares mais caro que um mesmo galão de leite convencional - ambos lados a lado no supermercado.

Diferença de preço do leite cru 
Diferença de preço do leite. Leite Integral da marca Clover $9.99, leite cru da marca Raw Farm $19.99.

Já a segunda marca é mais recente, com os primeiros conteúdos no Instagram postados em agosto do ano passado e eu devo confessar que já estou obcecada. A página inicial do site confunde o consumidor sobre qual produto é vendido ali. Especialmente por estarmos acompanhando a tendência de cowboycore (tendência baseada no Velho Oeste americano) acontecendo na moda, você facilmente pode acreditar que está em um site de roupas descoladas. A estética é linda, ousada, conceitual, repleta de elementos modernos e que conversam muito bem com as novas gerações.

Colostro em pó
Colostro em pó sabor baunilha da marca Cowboy Colostrum.

O depoimento assinado pelas fundadoras estampado em uma das páginas amarra o core da marca: alimento milenar feito para consumidor antenado que busca saúde e bem-estar. Mesmo o colostro já sendo vendido há alguns anos, inclusive com ajuste na legislação brasileira desde 2017, esse novo posicionamento mostrou-se bastante inovador.

O tal supermercado Erewhon também é conhecido por shakes especiais assinados por celebridades. Por cerca de R$100,00 (convertido na moeda atual) você pode tomar um smoothie de açaí da Gisele Bündchen ou um de strawberry glaze (cobertura de morango, em tradução livre)  da Hailey Bieber com a premissa de um boost (incremento) na pele, por exemplo. No último mês, foi a vez de Sofia Richie lançar a sua versão: base de cereja e adivinhe um dos ingredientes? Isso mesmo, colostro!

Mesmo com todo esse burburinho, estamos falando de produtos nichados? Com certeza. Pode ser que nunca sejam vendidos no Brasil? Sim, também. Mas na minha opinião, a mensagem principal e que me deixa bastante feliz é o fato de o leite estar no holofote, sendo visto como uma ótima opção nutricional, apresentando-se de forma moderna e com identidades visuais que conversam com gerações muito exigentes.

Apesar de todos os diferenciais e storytellings (narrativas) e comunicações, a origem é a mesma: o líquido fisiológico branco proveniente das glândulas mamárias das vacas! Estamos assistindo de camarote a tendência de back to basics (volta ao básico), back to natural (volta ao natural) e back to (volta de) tudo o que a natureza tem de melhor e mais puro acontecer nas gôndolas. Por mais que você não concorde que a venda de leite cru no varejo brasileiro não deva ser permitida, você deve comemorar. Por mais que você não acredite nos benefícios de beber colostro, você também deve comemorar.

É a categoria brilhando, renovando-se, reinventando-se e principalmente conseguindo atingir diferentes e novos públicos.

Eu acredito no prazer de beber leite e nos seus benefícios nutricionais. Com essa combinação, a gente vai longe. O mundo pode até nos exigir adaptações e atualizações (e nós devemos sempre ouvi-las!) mas, por enquanto, a origem segue sendo a mesma e isso já é um motivo de celebração.

 

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Referências:
Raw Farm
Cowboy Colostrum

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MARA HELENA SAALFELD

PELOTAS - RIO GRANDE DO SUL - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 18/03/2024

Eu sempre acreditei que um dia o colostro ia ser valorizado.
Já andamos muito. Nosso trabalho em prol da mudança da legislação em 2017 foi fundamental. Já temos uma indústria de colostro no Brasil, mas ainda tem muito colostro sendo descartado.
EDUARDO FONSECA PORTUGAL

MARECHAL CÂNDIDO RONDON - PARANÁ - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 15/03/2024

Bom dia! Sou médico veterinário a 38 anos no sistema cooperativo do oeste paranaense,ainda na ativa e sempre ligado ao leite. Nos anos 90 tínhamos perto de 5.000 produtores de leite com um rebanho leiteiro evoluindo para uma melhor genética. A excelente matéria acima publicada, me fez voltar a um passado de grandes mudanças. Um empresário alemão,nessa época chegou a sugerir que estaria disposto a comprar o colostro das vacas recém partidas,nas primeiras duas ordenhas pós-parto. A ideia era produzir produtos derivados do colostro com foco em atletas. Não evoluiu na época essa brilhante ideia. Assim sendo, fica comprovado o valor deste leite colostral para a saúde humana,desde que haja um foco constante nas B.P.A.s (Boas Práticas Agropecuárias) garantindo assim saúde e bem-estar de quem consome.

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