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Lignanas: antioxidante natural que protege e agrega valor ao leite

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 05/02/2021

5 MIN DE LEITURA

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Atualizado em 24/08/2022

O consumo de fontes de antioxidantes é amplamente divulgado por profissionais da área da saúde para melhorar a qualidade de vida da população. A melhoria ocorre principalmente pela prevenção de várias doenças relacionadas ao estresse oxidativo e imunodeficiência (Petit, 2009).

Apesar de pouco divulgado, o leite é uma fonte de antioxidantes, sendo seu potencial antioxidativo passível de modificação através da alimentação. Isso poderá ocorrer pelo consumo de fontes de antioxidantes pela vaca e a transferência dos metabólitos para o leite. Apesar de aparentemente simples, o rúmen e seus habitantes tornam a compreensão dessa transferência complexa.

A linhaça é fonte riquíssima de uma classe de antioxidantes naturais: as lignanas. Estas estão presentes principalmente em duas formas e com nomes extensos, a secoisolariciresinol diglicosídeo (SDG) e a secoisolariciresinol (SECO). Ambas estão concentradas na porção fibrosa da linhaça.

Se consumida por mamíferos, essas lignanas vegetais serão precursoras das lignanas mamíferas, também conhecida como enterolignanas: a enterolactona (EL) e o enterodiol (ED); que atuarão positivamente protegendo o organismo animal. A conversão das lignanas vegetais para mamíferas é feita por microrganismos intestinais no caso dos humanos e monogástricos, e por microrganismos ruminais e intestinais em ruminantes.

Os que realizam esse papel em humanos e monogástricos são conhecidos. Porém, em ruminantes, pouco se sabe sobre quem são e quais mecanismos utilizam para converter lignanas vegetais em enterolignanas. Buscando compreender esses processos, dois estudos foram realizados na Universidade Estadual de Maringá.

O primeiro avaliou a dinâmica do aparecimento e degradação das lignanas e seus metabólitos no líquido ruminal de animais recebendo ou não farelo de linhaça (FL). Para isso, foram utilizadas quatro vacas da raça Holandesa; duas recebendo uma dieta controle sem FL e duas recebendo uma dieta contendo 17.5 % de FL (em base de matéria seca).

Os animais foram alimentados com as respectivas dietas durante 21 dias, e foi realizada uma coleta do líquido ruminal no 24º dia (Figura 1). A ideia foi adaptar a microbiota ruminal ao fornecimento do FL e as lignanas, consequentemente ativando seu arsenal enzimático. O líquido ruminal foi coletado em três momentos: logo após a alimentação matinal; 5 horas, e 24 horas após.

Figura 1. Esquema da coleta de líquido ruminal proveniente de 4 animais recebendo ou não farelo de linhaça (FL). A coleta foi realizada no 24º dia.

 

Para o segundo experimento, foi organizada uma séria de incubações (Figura 2) utilizando o líquido ruminal das quatro vacas citadas anteriormente. Foi adicionado ou não FL ao meio de cultura, gerando 4 conjuntos de incubações: a) contendo líquido ruminal das vacas que não consumiram FL e sem adição de FL à incubação; b) contendo líquido ruminal das vacas que não consumiram FL e com adição de FL à incubação; c) contendo líquido ruminal das vacas que consumiram FL e sem adição de FL à incubação; d) contendo líquido ruminal das vacas que consumiram FL e com adição de FL à incubação.

O material foi amostrado em três momentos: logo após a incubação; 5, e 24 horas após. As lignanas e enterolignanas de ambos os trabalhos foram analisadas por espectrômetro de massas do tipo triplo quadrupolo com fonte de ionização por electrospray (ACQUITY UPLC – ACQUITY TQD, Waters).

Figura 2. Esquema de incubações de meio de cultura com ou sem adição de farelo de linhaça.

Quando o FL não foi adicionado à dieta das vacas, as enterolignanas não foram detectadas nos 3 momentos em que o líquido ruminal foi coletado. Ao adicionar 17.5% de FL (em base de matéria seca) à dieta das vacas, houve detecção da concentração das enterolignanas ED e EL. Isso demonstra que as lignanas estão presentes na casca e são transferidas para o líquido ruminal. Para a EL, a maior concentração foi 5 horas após a alimentação.

Essa dinâmica demonstra que os microrganismos ruminais tem capacidade para converter as lignanas vegetais em enterolignanas, mas demoram um pouco. As ELs sairão do rúmen junto à digesta e serão absorvidas no intestino. De lá, elas irão para o sangue, glândula mamária e finalmente o leite. Às 24 horas após a alimentação a concentração da EL foi próxima de 0, possivelmente pelo uso completo da SDG, a precursora da EL, no rúmen.

Logo, é fundamental fornecer o FL continuamente quando é desejado melhorar a saúde da vaca e enriquecer o leite com o antioxidante EL.

Já para as incubações, quando o FL não foi adicionado não foram detectadas as lignanas vegetais e nem as enterolignanas. Por outro lado, quando o FL foi adicionado às incubações houve detecção das lignanas vegetais e enterolignanas. Isso demonstra que o FL possui lignanas vegetais e que os microrganismos do rúmen tem capacidade de converter as lignanas vegetais em enterolignanas. De maneira geral, a concentração da SDG foi maior em 0 horas, e em menor concentração em 24 horas.

Para a concentração da SECO ocorreu o contrário, sendo ela maior em 24 horas e menor em 0 horas, evidenciando a importância dos habitantes do rúmen na conversão da SDG em SECO. As enterolignanas não foram detectadas em 0 horas, estavam com concentração intermediária em 5 horas, e maior concentração em 24 horas. Esse resultado é favorável, pois existe correlação positiva entre a concentração de enterolignanas no líquido ruminal (representado no estudo pela incubação) e plasma, urina e leite (Schogor et al., 2017). Ou seja, quanto mais enterolignanas no líquido ruminal, potencialmente mais enterolignanas serão transferidas ao leite.

Vários estudos da pesquisadora Hélène V. Petit com FL evidenciaram resposta linear na concentração de EL no leite seguido da inclusão de FL (0-20 % em base de matéria seca) em comparação com o tratamento controle. O fornecimento de 20 % de FL (em base de matéria seca) resultou em leite contendo 250% a mais de EL comparado ao tratamento sem FL.

Estando no leite, as enterolignanas podem atuar tanto protegendo o leite de oxidação, como podem ser transferidas para o corpo do consumidor do lácteo.

O uso de fontes de lignanas impacta positivamente a qualidade do leite de vacas. O marketing de leites com maior potencial antioxidantes e moléculas bioativas poderá ser utilizado como diferencial para comercialização do produto. Logo, é fundamental o avanço da compreensão sobre os mecanismos que impactam na conversão das lignanas vegetais em enterolignanas. 

Autores: 
Jesus Alberto Cardozo Osorio - Doutorando no PPZ/UEM;
Geraldo Tadeu Dos Santos - Professor Orientador do PPZ/UEM;
Rodolpho Martin do Prado3 - Professor Colaborador do DZO/UEM.

Referências:
Petit, H. V., 2009. Antioxidants and dairy production: the example of flax. Rev. Bras. Zootec. 38, 352–361. https://doi.org/10.1590/s1516-35982009001300035

Schogor, A.L.B., Palin, M.F., Santos, G.T., Benchaar, C., Petit, H. V, 2017. β-glucuronidase activity and enterolactone concentration in ruminal fluid, plasma, urine, and milk of Holstein cows fed increased levels of flax (Linum usitatissimum) meal. Anim. Feed Sci. Technol. 223, 23–29. https://doi.org/https://doi.org/10.1016/j.anifeedsci.2016.11.004

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