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Manipulação do tipo de carboidrato pode definir sólidos no leite

POR MARCOS NEVES PEREIRA

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 10/10/2005

5 MIN DE LEITURA

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Atualizado em 24/08/2022

Variação na química nos carboidratos não-fibrosos da dieta, amido versus pectina ou sacarose, por exemplo, pode afetar o metabolismo microbiano no rúmen (Hall & Herejk, 2001). Dentro deste conceito é importante compreender a resposta em teor de sólidos no leite à inclusão de amido de milho em dietas com alta inclusão de subprodutos fibrosos, alimentos muito disponíveis no Brasil. Realizamos uma série de três experimentos onde houve substituição total ou parcial de polpa cítrica, uma fonte de pectina e fibra de alta digestibilidade, por amido de grão de milho no concentrado de vacas leiteiras.

Em um primeiro trabalho nosso interesse era verificar se existia a necessidade de incluir algum amido de milho em dietas com polpa cítrica como concentrado energético único (Tabela 1). A questão se torna ainda mais relevante porque várias de nossas fazendas trabalhando com este subproduto utiliza silagem de milho como forrageira. A planta de milho é rica em amido, e este poderia ser suficiente para manter a síntese de proteína microbiana no rúmen e, por consequência, a excreção de proteína no leite. Em uma dieta isonutricional formulada com 40,3% de silagem de milho e 33% de polpa cítrica na matéria seca dietética, substituímos parte do subproduto fibroso por grão de milho maduro moído fino. Esta dieta continha 10% de milho e 24% de polpa cítrica na matéria seca. Os outros ingredientes dietéticos foram farelo de soja, soja grão integral crua, uréia, tamponante, minerais e vitaminas.

Tabela 1: Desempenho de vacas Holandesas consumindo dietas isonutricionais com concentração de ingredientes na matéria seca de 40,3% de silagem de milho e 33% de polpa cítrica (Milho 0%) ou 40,3% de silagem de milho, 10% de grão de milho maduro moído fino e 24% de polpa cítrica (Milho 10%).
 


Dietas formuladas com polpa como energético único reduziram tanto a produção de leite como a produção de proteína por dia, a gordura não foi afetada por este nível de inclusão de amido. A dieta Milho 10% foi vantajosa financeiramente quando um sistema de bonificação por qualidade (https://www.dpam.com.br/produtor/) foi adotado para definir o preço do leite (Figura 1). O valor da produção de leite foi R$ 0,6435 para o Polpa e 0,6502 para o Milho. Considerando que o valor do litro partiu de valores base para o leite de 0,6000 para o Polpa e 0,6008 para o Milho e que houve constância entre tratamentos no teor de gordura e na CCS, o aumento no teor de proteína no leite foi capaz de aumentar a remuneração por litro em R$ 0,0059. A renda bruta por vaca por dia foi R$ 17,69 no Milho 0% e R$ 18,50 no Milho 10%. Neste sistema de remuneração por sólidos no leite, mesmo quando a forrageira utilizada é rica em amido a maior produção de leite e proteína induzida pela inclusão de amido de milho em substituição parcial à polpa cítrica do concentrado pode ser vantajosa financeiramente.

Figura 1. Lucro sobre custo alimentar das dietas formuladas exclusivamente com polpa cítrica (Milho 0%) e das dietas onde milho maduro moído fino substituiu parte da polpa cítrica em 10% da matéria seca dietética (Milho 10%) com variação na cotação da polpa cítrica (90,2% de MS) de R$ 0,05 a R$ 0,30/kg da matéria natural e milho cotado a R$ 0,30/kg.

 


Em um segundo trabalho avaliamos duas inclusões dietéticas de amido na dieta com polpa cítrica (Tabela 2). Neste caso utilizamos silagem de grãos de milho colhidos sem palha ou espiga no estádio de maturação de linha negra. Como estávamos interessados em avaliar o efeito do amido no concentrado, utilizamos uma dieta com baixa inclusão de silagem de milho, que foi parcialmente substituído por feno de Tifton moído grosseiramente para propiciar uma incorporação homogênea à Dieta Completa. Os dois tratamentos foram: 35,0% de silagem de milho, 15,6% de Tifton, 25,7% de polpa e 8,8% de milho (Milho 9%) ou a mesma inclusão de forragens e 17,3% de polpa e 17,8% de milho (Milho 18%). Os outros ingredientes dietéticos foram farelo de soja, uréia, tamponante, minerais e vitaminas.

Tabela 2: Desempenho de vacas Holandesas consumindo dietas isonutricionais com concentração de ingredientes na matéria seca de 35,0% de silagem de milho, 15,6% de Tifton, 25,7% de polpa cítrica e 8,8% de silagem de grão úmido de milho (Milho 9%) ou 35,0% de silagem de milho, 15,6% de Tifton, 17,3% de polpa cítrica e 17,8% de silagem de grão úmido de milho (Milho 18%).

 



O experimento foi capaz de detectar uma diferença de 0,04 unidades percentuais no teor de proteína e de 0,12 unidades no teor de gordura do leite. Quando amido de alta fermentabilidade foi substituído por polpa cítrica, a queda na proteína do leite foi três vezes menor que o ganho em teor de lípides. A dieta Milho 18% aumentou o teor de proteína e reduziu o teor de gordura, um resultado esperado. Dietas que induzem alta proteína normalmente induzem baixa gordura no leite. Em sistemas de pagamento de leite por qualidade onde a remuneração por proteína é alta comparativamente à remuneração por gordura, o maior custo da dieta Milho 18% pode ser compensado pelo maior valor da produção vendida. Entretanto, dietas com alta inclusão de polpa podem ser interessantes quando existe pagamento por gordura.

Em um outro trabalho testamos a substituição total de polpa cítrica peletizada por grão de milho maduro moído fino (Tabela 3). As dietas foram formuladas para conter 48% de silagem de milho e 24,7% da matéria seca de milho (Milho) ou polpa cítrica (Polpa). Os outros ingredientes utilizados para formular dietas isonutricionais com 16,2% de Proteína Bruta foram caroço de algodão integral, farelo de soja, tamponante, minerais e vitaminas.

Tabela 3: Desempenho de vacas Holandesas consumindo dietas isonutricionais com concentração de ingredientes na matéria seca de 48,0% de silagem de milho e 24,7% de polpa cítrica (Polpa) ou 48,0% de silagem de milho e 24,7% de grão de milho maduro moído fino (Milho).

 


Similarmente ao primeiro trabalho, a dieta com polpa cítrica e totalmente sem amido de milho no concentrado reduziu o consumo de matéria seca. Entretanto o volume de leite não foi proporcionalmente tão afetado como o consumo. O consumo diário de polpa cítrica por vaca foi 5,6 kg e o de milho foi 5,8 kg. A dieta Milho resultou em maior proteína no leite mas não afetou a excreção de gordura.

Implicações

Algum amido de milho grão parece ser necessário para aumentar a produção de proteína em vacas alimentadas com dietas contendo alto teor de polpa cítrica, mesmo quando a forragem predominante é silagem de milho. O efeito da inclusão de amido em dietas formuladas com outros subprodutos fibrosos, bastante disponíveis em nosso país, merece ser testada experimentalmente.

Referência bibliográfica

Hall, M.B. & C. Herejk. 2001. Differences in yields of microbial crude protein from in vitro fermentation of carbohydrates. J. Dairy Sci., 84: 2486-2493.

MARCOS NEVES PEREIRA

Professor Titular da UFLA (Lavras, MG)

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