Em continuação ao artigo “Como obter êxito nos projetos de Qualidade do Leite?” vamos abordar mais amplamente o gerenciamento dos projetos de Qualidade do Leite, com foco principal no Programa Mais Leite Saudável (PMLS) e no Plano de Qualificação dos Fornecedores de Leite (PQFL).
O objetivo principal ao aplicar o gerenciamento nos projetos de qualidade é para Comprovar, Controlar e Decidir. O significado de cada uma destas palavras, por si só já explica a importância da gestão, sendo o significado segundo o Dicionário Aurélio: Comprovar: evidenciar, demonstrar; Controlar: exercer controle, dominar; Decidir: dar solução a; resolver, solucionar, desatar.
O que comprova a execução dos projetos são os documentos gerados, como: relatórios de visitas, laudos de análises, notas fiscais, registros de treinamentos etc. Por meio da gestão desses documentos é possível evidenciar a execução do projeto e conferir se o mesmo está sendo aplicado conforme aprovado pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa), bem como demostrar se as metas e objetivos estão sendo alcançados, beneficiando assim os fornecedores de leite.
Quando se une os dados gerados pelos documentos utilizando ferramentas de gestão obtém-se o controle/domínio do projeto, e a partir desse ponto de controle se torna perceptível a execução e evolução dos objetivos e metas.
Em caso de não conformidades a gestão possibilita, em tempo hábil, tomar decisões com medidas corretivas assertivas para direcionar o projeto ao seu propósito original, ou para ampliação das ações. A experiência em um projeto de qualidade e os dados de gestão servem de base para elaboração de novos projetos com maior eficiência e assertividade.
A gestão dos projetos deve ser realizada de forma simples e objetiva, mas eficaz, demostrando a realidade e o atendimento do projeto do PMLS ou do PQFL. Mas como realizar a gestão dos projetos e quais indicadores utilizar?
Bem, com os documentos gerados pela execução do projeto, realiza-se a “Gestão de execução”, no caso do PMLS a gestão deve ser Execução Física e Execução Financeira para comprovação de investimento mínimo de 5% dos créditos presumidos de PIS/PASEP e COFINS.
A “Gestão de execução” controlará as ações que foram programadas, como visitas de assistência técnica, cursos realizados, equipamentos e produtos fornecidos, dentre outros, dependendo de cada projeto.
O modelo apresentado na Figura 1 se refere ao cronograma de Execução física e financeira, utilizado no PMLS para a programação das ações, mas também pode ser utilizado como modelo de gestão para controlar e avaliar se está de acordo com o que foi aprovado pelo MAPA. A estratificação dos dados do cronograma também é importante para ter domínio sobre as ações e investimentos.
Lembrando que toda metodologia dos projetos (PMLS e PQFL) estará já descrita para então se desenvolver as gestões que serão implementadas.
Além da “Gestão de execução”, deve-se aplicar também a “Gestão das metas”, que irá acompanhar a evolução dos produtores de leite para o objetivo proposto, ou seja, irá avaliar os resultados do grupo atendido pelo projeto PMLS ou pelo PQFL.
O indicador utilizado para “Gestão das metas” irá depender do objetivo a ser trabalhado nos produtores. Conforme exemplo da Figura 2, o objetivo é melhorar a sanidade do rebanho utilizando como indicador a Contagem de Células Somáticas (CCS), com meta do grupo de CCS abaixo de 500 mil cs/mL, a avaliação de atendimento da meta será a média geométrica dos últimos três meses de execução do projeto. Neste modelo está sendo acompanhando mensalmente a média geométrica do grupo e a porcentagem de produtores que atenderam a meta de CCS.
Quando direcionamos a “Gestão das metas” para o PQFL, se emprega os Indicadores gerenciais para o Plano de Ação Emergencial (PAE) e para o Plano de Ação de Boas Práticas Agropecuárias (PBPA). A Figura 3 é um exemplo de gestão para o PAE, utilizado para monitorar a metodologia de visitas de assistência técnica em fornecedores que não atendem aos padrões de qualidade conforme a Instrução Normativa n.º 76 de 2018.
Com a transformação digital o setor de lácteos possui disponível no mercado de softwares que auxiliam na gestão dos projetos. Os benefícios utilizando a tecnologia nos projetos de qualidade do leite são muitas, como: otimização do tempo; geração de relatórios; avaliação de indicadores por meio de rápida seleção; organização e comprovação de documentos de forma auditáveis, entre outros. No entanto, continuasse essencial os profissionais com perfil para aplicar as atividades a campo, analisar os dados, controlar as ações e buscar soluções assertivas.
Em empresas que possuem os projetos de qualidade, mas não possuem softwares para auxiliar no trabalho, a execução e gestão deve ser realizada — e pode ser realizada — com comprometimento e eficiência gerando ótimos resultados.
O gerenciamento dos projetos de qualidade do leite não é um tempo “gasto” com planilhas e avaliações, mas sim um tempo investido para comprovar e dominar o que está sendo realizado, obtendo informações para auxiliar em decisões assertivas e em consequência obter êxito para o produtor e para a indústria.
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