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Biosseguridade nas fazendas leiteiras em época de coronavírus

VÁRIOS AUTORES

VIVIANI GOMES

EM 25/03/2020

6 MIN DE LEITURA

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Apesar da preocupação com o coronavírus, as atividades nas fazendas leiteiras precisam continuar, não apenas para produzir leite e suprir a demanda por alimentos, mas também para atender as necessidades dos animais. Diante deste contexto, compartilharemos algumas dicas de biosseguridade para os produtores e colaboradores visando protegê-los contra o coronavírus, o que indiretamente irá proteger também os animais. Sempre é bom lembrar que o COVID-19 não infecta os animais, inclusive bovinos de leite e corte.

Medidas de Biosseguridade emergenciais para proteger a equipe contra o COVID-19:

  1. Separação entre a área suja (externa) e área limpa (interna), por meio de correntes ou portão, com sinalização por placas indicando a política de entrada na área de biosseguridade;
  2. Veículos (caminhões e carros externos) deverão ser estacionados em áreas próprias e sinalizadas para tal, de preferência na área suja, evitando ao máximo a entrada de veículos externos na área limpa. Veículos externos devem ser lavados e desinfetados para adentrar a área limpa, por meio de rodolúvios ou simplesmente pela utilização de caixa d’água acoplada a uma bomba. A limpeza e desinfecção dos veículos (especialmente caminhões) deve ser realizada também na área interna, como o painel, a direção, o câmbio e as regiões de maior contato com o motorista. A utilização de maquinário na fazenda, como caminhões e tratores, que são utilizados por pessoas diferentes deve ser desinfetada a cada troca de motorista para evitar a contaminação das mãos do operador;
  3. O ideal é restringir o translado dos colaboradores externos utilizando ônibus próprio da fazenda, com rotina de limpeza e desinfecção antes e depois do transporte dos funcionários;
  4. Veterinários prestadores de serviços e colaboradores externos (que residem na cidade) devem passar por um vestiário para a troca de roupa com a indicação do uso de macacões, uniformes e botas próprias da fazenda. As roupas e objetos pessoais devem ser mantidos em armário próprio ou caixa organizadora de plástico lacrada. Recomenda-se lavar e desinfetar as mãos no acesso à área limpa, além de passar por pedilúvios contendo soluções desinfetantes. Para evitar o contato, se possível, realizar a assistências via telefone ou internet. Exames de rotina no rebanho devem ser suspensos;
  5. Na avicultura os técnicos de campo têm utilizado uma máscara respiratórias PFF3 (Peça Facial Filtrante) para evitar uma possível transmissão do Covid-19, caso seja um indivíduo infectado ainda assintomático. As máscaras PFF3 possuem eficiência mínima de 99% (Penetração máxima de 1%);
  6. É possível monitorar a temperatura dos externos na entrada da fazenda utilizando termômetros digitais;
  7. A entrada de pessoas externas, veículos e insumos deve ser registrada, restringindo ao máximo as visitas externas em época de coronavírus;
  8. Para evitar o contato direto com possíveis fômites, se possível, insumos necessários para a operação devem ser deixados na entrada da fazenda, os quais também deveriam passar por processo de desinfecção;
  9. A utilização de ferramentas na fazenda (como carrinho de mão, pá, garfo, etc.) devem ser limpos e desinfetados com frequência. Não adianta neste caso usar apenas luvas, pois a pessoa pode tocar o rosto em algum momento com a mão calçada e contaminar-se com o vírus;
  10. Acesso restrito apenas para pessoas autorizadas na ordenha e laticínios. Pessoal de outros setores não devem ter acesso a esta área. Durante o manejo da ordenhadeira, entre um operador e outro, deve ocorrer a lavagem e desinfecção das mãos não só durante a epidemia de coronavírus, mas sempre que ocorrer o manuseio com o objetivo de evitar a proliferação de microrganismos como é o caso da mastite;
  11. Dispensar das atividades aqueles que possuírem sintomas (tosse, espirros, febre, dificuldade para respirar), o que exige capacitação e treinamento de equipe adicional de ordenha para o caso de uma possível contingência;
  12. Na medida do possível, dispensar e substituir a mão-de-obra de todos os colaboradores que se enquadrem nos grupos de risco (idade acima de 60 anos, presença de doenças crônicas) e diminuir a carga horárias dos que realizam trabalhos que podem ser substituídos por “Home Office”;
  13. Evitar a aglomeração de pessoas em diferentes ambientes da fazenda, como refeitórios e área onde está a máquina para passar o cartão de ponto. As áreas de concentração de pessoas devem manter janelas e portas abertas. Fazer escala com diferentes horários de almoço, por exemplo, para evitar o acúmulo de pessoas em determinados horários do dia. O ideal é que o sistema self service seja substituído por marmitas ou alguém especializado seja responsável por servir a comida nos pratos dos colaboradores;
  14. Evitar o compartilhamento de copos, garfos, colheres, dentre outros objetos pessoais, pois podem transmitir o coronavírus e outras doenças, como a influenza (gripe), tuberculose, sarampo e etc;
  15. Aumentar a frequência de higienização das instalações, especialmente cozinhas, refeitórios e banheiros.

É muito importante que todo o processo de desinfecção seja realizado com produto virucida. Existe uma grande diversidade no mercado. No modelo da avicultura ao qual nos espelhamos, os mais utilizados para este fim são Virkon’s, AVT 450 e Polyphen. Existe ainda um desinfetante de uso doméstico muito utilizado e que possui ação contra os agentes virais que é o Lysoform. Seguir as recomendações de diluição indicados na bula dos produtos.

Ressaltamos que as pessoas da zona rural não estão isentas da infecção causada pelo coronavírus apesar da menor densidade populacional, sendo muito importante conscientizar todas as pessoas envolvidas no sistema de produção. Por fim, estas são apenas algumas medidas de biosseguridade que podem ser personalizadas nas fazendas com o intuito de minimizar os riscos de infecção com o SARS- Cov-2.

coronavirus gado de leite

Nestes tempos, temos aprendido muito sobre medidas para a proteção individual e coletiva contra agentes biológicos nocivos. Este conjunto de medidas adotadas para prevenir doenças em animais ou humanos é denominado Biosseguridade, tornando-se evidente que os procedimentos adotados para o controle da disseminação do Covid-19 a nível global estão direcionados à via de transmissão do agente etiológico.

Os agentes biológicos nocivos disseminam-se entre indivíduos (animal ou humanos) por diferentes vias de transmissão:

  1. Aerossol – gotículas que se transmitem através do ar de um indivíduo ao outro;
  2. Contato direto – um animal susceptível exposto, tem contato com o patógeno que entra diretamente em contato com feridas abertas, membranas mucosas (olhos, nariz e boca) ou pele através de sangue, saliva ou aproximação focinho com focinho. A via reprodutiva é considerada um contato direto;
  3. Fômites — são objetos inertes portadores do patógeno, geralmente usados no manejo dos animais (cabresto, cordas, material de casqueamento, equipamentos usados para alimentação, como baldes, mamadeiras, bicos, etc.). Os veículos usados para o transporte de animais também são considerados fômites;
  4. Oral — ingestão do patógeno com alimento ou água contaminada, além da mordedura e mastigação de objetos contaminados no ambiente de criação;
  5. Vetor – insetos e roedores que transmitem patógenos aos animais e humanos;
  6. Zoonoses – enfermidades transmitidas dos animais aos seres humanos.

No caso do SARS- Cov-2 (coronavírus), as principais vias de transmissão são aerossol (espirros/tosse), contato direto (gotículas de saliva e contato) e fômites (superfícies contaminadas). Até o momento não foi relatada a transmissão do Coronavírus por meio de ferimentos na pele.

A partir deste conhecimento é possível entender o porquê precisamos realizar a quarentena dos animais comprados antes de introduzi-los no rebanho. A quarentena é a reclusão de indivíduos ou animais, adquiridos ou reintroduzidos (caso feiras e exposições), durante o período equivalente ao dobro do máximo do período incubação da doença (período de incubação de um patógeno é o tempo decorrido entre a exposição de um animal a um organismo patogênico e a manifestação dos primeiros sintomas da doença). Portanto, o período ideal de quarentena deve-se contar a partir da data do último contato com um caso clínico ou portador, ou da data em que esse indivíduo sadio abandonou o local em que se encontrava uma possível fonte de infecção.

Para estabelecer o período de quarentena na fazenda deve-se saber quais são os seus principais desafios. No quadro listamos algumas das principais doenças que acometem o gado leiteiro no Brasil. Podemos perceber que, muitas vezes, o período ideal de quarentena (2x o período de incubação) é impraticável, sendo recomendado o período de quarentena mínimo de pelo menos 1x o período de incubação da doença. No caso do SARS- Cov-2, acompanhamos a reintrodução dos brasileiros que residiam em Wuhan na China com quarentena de 14 dias na Base da Força Aérea de Anápolis em Goiás.

doenças gado leiteiro período de incubação

VIVIANI GOMES

Professora Clínica Médica de Ruminantes da FMVZ-USP. Coordenadora GeCria - Grupo Especializado em Medicina da Produção aplicada ao período de transição e criação de bezerras. Tel: (11) 3091-1331

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