Vigilância de doenças por análises do tanque de expansão é viável?

A vigilância de doenças nos rebanhos é um ponto crítico, e as amostras do tanque de expansão pode ser usado para a triagem e diagnóstico para classificar animais ou rebanhos de acordo com o status sanitário, identificando os indivíduos positivos ou confirmando quais doenças estão circulantes no rebanho. Este protocolo apoia programas de qualidade que possibilitam a produção de alimentos seguros e saudáveis, além do crescimento do comércio nacional e internacional.

No gado de leite, há um grande interesse em testar amostras individuais de leite e do tanque de expansão. As amostras individuais representam o status sanitário da vaca naquele momento, enquanto a amostra do tanque de expansão representa todas as vacas ordenhadas naquele período.

O tanque de expansão permite o resfriamento do leite na propriedade rural, inibindo o crescimento bacteriano, e também o armazenamento prolongado na propriedade, de forma a reduzir os custos de transporte e evitar a perda da qualidade do leite.

Além das vantagens do armazenamento, o tanque de expansão pode informar o perfil epidemiológico da fazenda, uma vez que contém o leite de todas as vacas em lactação no momento da coleta.

A análise do tanque de expansão é um bom indicativo de quais doenças estão em circulação na fazenda, sejam elas de origem bacteriana, viral ou fúngica, além da pesquisa de resíduos de antimicrobianos, aumento da contagem de células somáticas (CCS) e variações na contagem bacteriana total (CBT). Através dessa análise é possível identificar quais doenças estão presentes na propriedade, ajudando a nortear as discussões, orientações e a organização de um planejamento para o controle dos principais desafios biológicos aos quais o rebanho está exposto.

O protocolo de coleta do leite deve ser realizado por uma pessoa treinada, a fim de obter qualidade e confiabilidade dos resultados. É necessário que o mesmo seja instruído sobre a importância da execução adequada dos procedimentos e sobre os cuidados higiênicos a fim de evitar contaminação da amostra, assim como do leite do tanque.

Antes de iniciar a coleta, deve-se verificar se há anormalidade sobre as propriedades físicas do leite, quanto a cor, consistência e odor. Para a coleta de amostras pode ser utilizado coletor específico ou concha, fabricados em inox, devidamente higienizados. Os materiais de coleta devem ser armazenados em locais adequados e, antes da sua utilização, devem ser higienizados com detergente neutro e álcool 70° imediatamente após a coleta, as amostras de leite devem ser acondicionadas em caixas isotérmicas contendo gelo reciclável. Além de estarem devidamente identificadas com a data e local que foi realizada a coleta antes do envio ao laboratório.
 

Tipos de testes realizados com o leite coletado no tanque

Os testes diagnósticos que podem ser realizados em amostras do tanque de expansão podem variar de acordo com o tipo de agente, mas de uma forma geral as amostras podem ser submetidas aos testes de ELISA (Enzyme Linked Immuno Sorbent Assay), PCR (Polymerase Chain Reaction) e o cultivo (bacteriano ou fúngico).

• O ELISA é um teste sorológico que se baseia em reações antígeno-anticorpo detectáveis através de reações enzimáticas, identificando assim a presença de anticorpos na amostra, o que pode ser um indicativo que o agente em questão está em circulação nos rebanhos, ou que aquele rebanho foi vacinado e os animais estão produzindo anticorpos.
   
• O PCR é um teste molecular capaz de detectar o material genético de um agente infeccioso, sendo assim um indicativo de maior precisão para a presença do agente no rebanho.
   
• Já os cultivos serão diferenciados dependendo do agente de interesse a ser pesquisado, mas independente da origem, bacteriana ou viral, as amostras de leite do tanque de expansão serão semeadas em placas de Petri em diferentes meios de cultura para observar se ocorre o crescimento e assim uma posterior identificação.

Alguns dos agentes que podem ser identificados por testes diagnósticos para a análise do rebanho estão indicados na tabela 1.
 

Tabela 1. Agentes infecciosos e seus respectivos testes diagnósticos.

Apesar da facilidade diagnóstica na utilização de amostras do tanque de expansão, alguns fatores podem influenciar para um resultado falso negativo.

No caso de uma propriedade com muitos animais em lactação em que o tanque de expansão possui grande volume, a amostra de um animal positivo pode ficar diluída, ou seja, a sensibilidade do teste dependerá da prevalência da doença no rebanho.

Sempre é importante lembrar que as amostras do tanque representam os animais potencialmente saudáveis do rebanho, e que análises individuais em animais com sintomas clínicos ou doentes que não estão contribuindo com a produção de leite diária devem ser testado com o objetivo de elucidar possíveis resultados falso-negativos.
 

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Referências

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NOBREGA, D.B.; FRENCH, J.; KELTON, D. Use of bulk milk samples to detect infectious diseases of dairy cattle: Protocol for a scoping review. The Atrium, University of Guelph. 2021.

SEKIYA, M.; ZINTL, A.; DOHERTY, M.L. Bulk milk ELISA and the diagnosis of parasite infections in dairy herds: a review. Irish Veterinary Journal, v.66, n.14, 2013.