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Quantos produtores de leite queremos ter no Brasil?

POR VALTER GALAN

E LUIGI CRIVELARO BEZZON

PANORAMA DE MERCADO

EM 18/11/2019

2 MIN DE LEITURA

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De acordo com o Censo Agropecuário 2017, recém divulgado pelo IBGE, o número de propriedades que produziram leite de vaca no Brasil somou 1.176.295 em 2017, e foi 13% menor do que o apresentado pelo Censo Agropecuário realizado em 2006, que totalizou 1.350.809 estabelecimentos. Assim, durante este intervalo de 11 anos, aproximadamente 175 mil propriedades fecharam as portas, uma taxa de fechamento de propriedades de cerca de 1,2% ao ano. Dentre estas propriedades que “desapareceram”, destacam-se as menores propriedades, de até 5 hectares, que tiveram seu número reduzido em 22%.

Ainda que muitos produtores brasileiros tenham saído da atividade, este número, encontra-se bem abaixo da taxa observada em lugares em que a produção leiteira é mais consolidada e produtiva que a brasileira, como a União Europeia e Estados Unidos, por exemplo. Nestes locais a taxa de desaparecimento de propriedades leiteiras gira em torno de 4,2% ao ano. No gráfico 1 é possível observar que países que possuem uma produtividade maior que a brasileira, portanto, mais efetivos e com uma produção mais consolidada, apresentam uma taxa de diminuição do número de propriedades produtoras de leite maior que a nossa.

Gráfico 1. Taxa de diminuição número de propriedades produtoras de leite em diferentes países (período entre 2002 e 2018) (*)


Fonte: World Dairy Situation FIL IDF citado pelo OCLA e Censo Agropecuário IBGE (2017), elaborado por MilkPoint Mercado. (*) para o Brasil, média composta anual para o período entre 2006 e 2017.

Assim, de forma geral, a exclusão de produtores de leite no Brasil foi, até o momento, bastante pequena se comparada a de outros países/regiões produtoras, inclusive aquelas com a cadeia leiteira mais consolidada do que a brasileira (na média dos países/regiões, o número de produtores que deixaram o leite caiu, em média, 4,2% no período analisado). Esta enorme fragmentação da produção de leite no Brasil traz algumas consequências para a estrutura de produção e para o mercado lácteo nacional.

Dos ainda numerosos 1.176.295 produtores de leite mapeados pelo Censo 2017, somente 634.480 comercializaram sua produção de leite. Assim, o leite consumido pela maioria dos brasileiros vem somente de 54% dos que produzem leite. No entanto, o leite produzido pelos 46% restantes pode “entrar e sair” do mercado, em função dos preços pagos e da rentabilidade da atividade. Assim, esta enorme fragmentação, associada a um número também grande de leite “fora” dos canais oficiais de comércio e consumo, colaboram significativamente para as oscilações de preço no mercado e para a instabilidade dos valores pagos aos produtores. Assim, um dos maiores problemas do produtor é o próprio produtor (aquele que faz parte dos 46% não comercializados).

Muitas outras implicações desta queda ainda pequena no número de produtores de leite no Brasil podem ser exploradas e serão objeto de outra análise, mas uma indicação é clara: ao ouvir dizer que a cadeia leiteira no Brasil está excluindo muitos produtores do processo, duvide!

 

VALTER GALAN

MilkPoint Mercado

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CARLOS OTÁVIO LACERDA

SÃO LUIZ DO PARAITINGA - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 06/01/2020

Muito interessante a análise. Parabéns aos autores.
É possível faze-la somente para os 54% das propriedades que comercializam o leite? O desaparecimento, surgimento, a estratificação por tamanho e a evolução da produtividade destas propriedades é que pode explicar a atividade econômica "produção leiteira".
A inclusão de produtores de subsistência de leite ou derivados distorce a análise.
VALTER BERTINI GALAN

PIRACICABA - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 07/01/2020

Olá Carlos,

Obrigado pela importante questão levantada!
Infelizmente não há dados de desaparecimento destes produtores que vendem sua produção, mas certamente é algo que seria relevante para entender a evolução da nossa produção de leite.

Grande abraço!

Valter
CELSO DE ALMEIDA GAUDENCIO

LONDRINA - PARANÁ - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 25/11/2019

Correto. Há de se fazer uma projeção de quantos dos produtores que produzem 84% do leite vão deixar a atividade até 2025. Ok.
DUARTE VILELA

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 25/11/2019

É difícil prever, mas estudos conduzidos pelo MAPA e confirmados por pesquisadores projetam para 2025, produção de leite próxima de 47,5 bilhões de litros, dependendo do cenário social, macro econômico e político do País, insuficientes para atender o recomendado pela OMS para uma população de 219 milhões de pessoas. Certamente haverá crescimento da produção e aumento da escala de produção e, consequentemente, redução no número de produtores, uma tendência previsível em função dos processos ocorridos ao longo das últimas cinco décadas, independentemente do país. Se a taxa de evasão de produtores da atividade mantiver semelhante à apresentada entre os Censos Agropecuários 1995/1996 e 2005/2006 (IBGE, 1996; 2006), em 2025 o mercado terá 451 mil propriedades leiteiras, número este que poderá chegar a 216 mil propriedades que comercializarão leite, dependendo da evolução no índice de produtividade por vaca.
O que reforça esta projeção são estudos conduzidos pela equipe de economia da Embrapa Gado de Leite, onde indicam menos produtores, porém maiores. Próximo a 135 mil respondem por 84% do leite, média de 73 vacas com 2.750 kg/vaca/ano. Nos últimos 40 anos, as pesquisas buscam por tecnologias que comportem produtividades entre 2.400 e 4.500 kg/vaca/ano. É chegado o momento de concentrar esforços para se conseguir produtividades mais elevadas, sem perder a eficiência em consequência do maior preço da terra e do custo da mão de obra, principalmente, próximo aos grandes centros consumidores.
VALTER BERTINI GALAN

PIRACICABA - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 25/11/2019

Caro Duarte,

Muito obrigado pela participação e por compartilhar tão importantes números!

Grande abraço!

Valter
CELSO DE ALMEIDA GAUDENCIO

LONDRINA - PARANÁ - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 21/11/2019

A realidade leiteira é bem diferente da profissional. Os sistemas utilizados pela atividade familiar é múltipla, baseiada em volumosos de baixo custo. Impor modelos de exclusão desses produtores, sem saber o quantitativo é desabastecer o mercado, pois o preço do litro do leite vai atingir até os de média escala de produção moderna.
CELSO DE ALMEIDA GAUDENCIO

LONDRINA - PARANÁ - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 20/11/2019

Quem quer dimensionar o Plantel leiteiro? A máxima eficiência técnica não significa a máxima eficiência econômica. Produzir volumoso no lugar do pasto usando insumos importados altamente tributados ou de empresas que remetem lucros para o exterior é assunto para especialistas em sistemas e não para consultores que vivem de quem produz. No meu caso tinha gado misto produzindo leite com qualidade natural a pasto, sistema não aceito pelos consultores de plantão. E, aí vem com a história de que se deve somente produzir no cocho.
CELSO DE ALMEIDA GAUDENCIO

LONDRINA - PARANÁ - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 19/11/2019

A estatística não mostrou quantas propriedades leiteiras tecnificada fecharam e as propriedades médias que também fecharam. A projeção é de êxodo rural enorme, pela falta de opção no campo. No sistema rural há de se olhar todos os ângulos da questão não é tarefa para os ditos profissionais.
VALTER BERTINI GALAN

PIRACICABA - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 20/11/2019

Olá Celso,

Obrigado pelo comentário!

O objetivo aqui não foi o de mostrar quantos produtores desapareceram em cada faixa de produção - certamente (e isso deve ser objeto de uma nova análise nossa) o desaparecimento foi maior entre os menores produtores do que entre os maiores.

Sobre a tecnificação, é interessante observar (e há vários números de diferentes consultores que mostram isso) que o investimento em tecnologia pua e simples não garante resultados. Há caso de produtores com R$ 2.000 ou mais investidos por litro de leite produzido (as melhores práticas de mercado indicam R$ 800 a 1000 por litro) com resultados muito ruins em rentabilidade de sua atividade. O investimento deve vir acompanhado pela melhoria mais do que proporcional da performance técnica, caso contrário não se justifica.

Boa abordagem e boa discussão! Forte abraço!

Valter
ANDRE ROZEMBERG PEIXOTO SIMÕES

AQUIDAUANA - MATO GROSSO DO SUL - PESQUISA/ENSINO

EM 19/11/2019

Oi Valter, parabéns pela análise. Pensando não só nas consequências, mas também nas causas, recordo-me de um dos achados de minha tese de doutorado - um dos motivos que ajuda a explicar a exclusão é a própria velocidade de adoção de tecnologias, aumentando a oferta e pressionando os preços para baixo em cenário de demanda com crescimento vegetativo. Assim, talvez possamos refletir que a adoção de tecnologias tenha sido mais acelerada em países desenvolvidos e por isso a maior taxa de exclusão. Cabe a nós pensarmos em incentivar adoção tecnológica conjugada com aumento de consumo, seja por demanda interna ou externa para mitigar tal efeito negativo. Lembrando ainda a "briga" com os lácteos de laboratório e produtos vegetais da moda. Grande abraço.
VALTER BERTINI GALAN

PIRACICABA - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 20/11/2019

Olá André!

Muito bom o seu ponto! Do lado da demanda, ainda temos um enorme potencial a ser explorado (na verdade, depois de quase 5 anos de crise econômica, o consumo de algumas categorias lácteas retroagiu quase 10 anos, aumentando ainda mais este potencial) - é um desafio para o futuro de nossa cadeia produtiva recuperar este consumo "perdido" e aproveitar novas oportunidades de crescimento, em linhas de produto que acrescentem na margem de produtores e indústrias.

Do lado da produção, o questionamento parece-me mais complexo. De forma geral, temos (na minha opinião) tecnologia de produção equivalente à de países bastante desenvolvidos e disponível "na prateleira" para uso pelo produtor. Ao mesmo tempo, temos índices de produtividade médios (e, no leite brasileiro, a média certamente não é um bom critério de avaliação) ainda bastante baixos e distantes daquelas melhores práticas no mundo - o que indica uma não adoção de tecnologia ou uma adoção errada. Com a crescente pressão dos custos de oportunidade dos fatores de produção (vou usar meu hectare de terra para produzir leite ou para produzir soja+milho?) acho que esta questão é cada vez mais premente e tem de ser endereçada.

Forte abraço!

Valter
ALOISIO BASTOS

RIO DE JANEIRO - RIO DE JANEIRO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 18/11/2019

Produzir Leite é uma tarefa árdua, trabalhosa, delicada, e também com uma certa precisão se o objetivo é aumentar a produtividade cada vez mais. Isto é quase que uma ciência só que tem exatidão e ao mesmo tempo não. Pois que dependemos de quem produz o leite que é uma animal irracional. Dependemos da resposta que o organismo deles nos dá a cada dia. Dependemos do clima para uma boa agricultura em alimentos que o mais barato é a pasto. São tantas condicionantes que os produtores entram e saem a cada dia. Mas o mercado tem evoluído para a automação, eliminando parte da mão de obra. Só alguns tem esta possibilidade pelo auto custo do investimento. Com as inovações tecnológicas tenta-se atingir a tal precisão. Mas na outra ponta esta um ser irracional que reage conforma condições climáticas, alimentação, saúde, bem estar e bom manejo. Neste lado só em um ponto vejo a evolução tecnológica chegando forte. A da inseminação. O resto é manejo aprimorado, mas quase sempre acabando com o trabalho braçal. Ou trabalhamos para mudarmos as leis trabalhistas, ou só vejo a saída do negócio familiar, e aí vamos transformar a pecuária com grandes fazendas as, Big farms, e os pequenos insistentes e porque não dizer sem saída produtores de leite que ainda usam as mãos para a ordenha as quatro da madrugada.
VALTER BERTINI GALAN

PIRACICABA - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 20/11/2019

Olá Aloísio,

Obrigado pelas boas observações! de fato, a produção de leite é uma atividade com economias de escala associadas (grosso modo, quanto maior, mais barato fica) e esta tendência de aumento da importância das grandes fazendas é fato incontestável.

Grande abraço!

Valter

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