Os boatos de queda do preço do leite ao produtor, reflexo de um mercado internacional de lácteos que continua em desaceleração, deixaram de ser boato e algumas empresas uruguaias já o colocaram em prática. Os fornecedores de leite para a Conaprole têm o preço garantido até o final do atual exercício (que termina no final do mês de julho), mas daqui para frente há incerteza no nível de produção.
“Todos os sinais que temos apontam para uma queda nos preços. Algumas usinas que fazem negócios privados com produtores já caíram cerca de 10%”, garantiu Justino Zavala, diretor da Associação de Produtores de Leite de Canelones.
A China, principal importadora mundial de lácteos, continua com baixa demanda e isso impacta os leilões da empresa de lácteos neozelandesa Fonterra com preços em queda.
Por sua vez, o Brasil, outro mercado importante para o Uruguai, principalmente para o leite em pó integral, hoje tem mais produção, os preços caíram e seus produtores de leite pressionam diversos setores políticos para interromper a importação de leite do Uruguai e da Argentina, que são os principais fornecedores.
No ano passado, o preço do leite ao produtor uruguaio fechou em 17,1 pesos ou US$ 0,42 o litro, o que marca uma valorização de 13% e 19%, respectivamente, segundo dados do Instituto Nacional do Leite. O preço do leite em junho de 2023 fechou em 17,5 pesos e US$ 0,45 o litro. No primeiro caso, caiu 2% pegando o mesmo mês do ano anterior e comparando com o mesmo mês deste ano. Em dólares, na mesma comparação, subiu 3%.
Preocupação
Embora as fazendas leiteiras estejam bem em termos de produção, é preocupante o acúmulo de dúvidas e repasses de pagamentos para a primavera. Eles tiveram que tomar empréstimos para aliviar a seca e continuar produzindo. “Vemos muito bem com uma dupla ameaça. Um delas, financeira, que vamos ter a partir do próximo mês, porque temos de pagar muitas contas que se estendem”, explicou Zavala.
A outra ameaça “é que tivemos um ano em que todos os campos foram plantados com aveia e azevém. Isso acaba no final do ano e toda a base forrageira tem que ser montada novamente. Isso custa muito dinheiro. Temos várias ameaças no futuro e teremos que buscar um caminho de volta para resolvê-las”, explicou o dirigente da Associação Produtores de Leite de Canelones.
Por enquanto, o azevém, a aveia e as alfafas continuam fornecendo alimento mesmo no inverno e o produtor aproveita.
Exportações melhoram
As exportações de lácteos uruguaios até junho melhoraram 7% em relação ao mesmo período do ano anterior e renderam US$ 445,1 milhões (FOB), segundo o Instituto Nacional do Leite (Inale). Os principais destinos dos embarques foram: Brasil, Argélia e China, segundo dados divulgados pelo Inale.
As informações são do El País, traduzidas e adaptadas pela Equipe MilkPoint.