Unidade da Parmalat em Santa Helena (GO) também pára

A falta de insumos e a dificuldade de caixa levaram a Parmalat a paralisar a operação na fábrica de Santa Helena de Goiás (GO), na segunda-feira (02). Não há previsão de quando a unidade voltará a operar, conforme a empresa. Em Santa Helena, a Parmalat fabrica creme de leite, molhos lácteos e leite em pó. Também tinha uma linha de leite longa vida, que foi transferida para Carazinho (RS).

Na segunda-feira, a Parmalat também paralisou a operação em Itaperuna (RJ), mas a atividade foi retomada no turno da tarde ontem. A empresa justificou as paralisações dizendo que "todas as fábricas estão com planejamento de produção de curto prazo". Assim, diante da falta de caixa gerada pela crise, a companhia não está fazendo estoques.

O presidente da comissão de leite da Federação de Agricultura do Estado de Goiás (Faeg), Maurivan Siqueira, disse que a redução no fornecimento de leite por parte de produtores fez a fábrica de Santa Helena parar. Antes da crise, a Parmalat captava 658 mil litros de leite diariamente nesta unidade. Com o atraso no pagamento de produtores, a captação ficou abaixo de 150 mil litros.

Ontem, o presidente da Parmalat, Ricardo Gonçalves, esteve em Goiânia reunido com o secretário da Agricultura, José Mário Schreiner. Ele afirmou que a fábrica de Santa Helena de Goiás não será fechada.

Gonçalves disse estar "fazendo todo o possível" para que a unidade goiana volte a operar normalmente. Em janeiro, 120 funcionários foram demitidos e a produção de leite longa vida (UHT) foi transferida para as fábricas de Garanhuns (PE) e Carazinho (RS).

Ele não descartou a hipótese de terceirização. Sobre a dívida de R$ 6 milhões com os mais de nove mil produtores goianos, disse que busca alternativas.

Paralisação

A paralisação das fábricas é reflexo do fluxo de caixa deficitário da Parmalat Alimentos. Sem acesso a recursos da matriz, a empresa negociava um aporte de R$ 50 milhões com os bancos credores. Mas o pedido de concordata interrompeu as negociações. Até que a concordata seja deferida, a companhia não terá acesso a novos recursos.

A Parmalat continua sem pagar os produtores de leite porque o Banco do Brasil ainda retém R$ 14 milhões em recursos da conta da multinacional. Para não correr o risco de ter seus recursos bloqueados, a Parmalat fez o pagamento dos seis mil funcionários por meio de DOC numa conta do banco Itaú. Normalmente, os depósitos são feitos em uma instituição onde a empresa e seus funcionários têm conta.

Cerca de 20% dos funcionários não receberam seus salários por meio desses DOCs porque têm conta no Banco do Brasil. Isso porque as contas do BB não foram reconhecidas pelo sistema bancário. A empresa redigitou os números e não sabia até o fim da tarde de ontem se todos os depósitos tinham sido efetuados.

Fonte: Valor OnLine (por Alda do Amaral Rocha, Carolina Mandl e Raquel Balarin), Folha de S.Paulo (por Ana Paula Grabois e Adriana Chaves) e O Popular/GO (por Edimilson de Souza Lima), adaptado por Equipe MilkPoint