UE: produtores de leite alertam 'encolhimento' de suas margens

Duas organizações de produtores expressaram “grande preocupação” com o estado dos sistemas de produção da União Europeia (UE).

Em uma carta aberta, a Coordenação Europeia Via Campesina (ECVC) e o Conselho Europeu do Leite (EMB) insistiram aos legisladores da UE que passem a adotar um modelo agrícola que possa garantir a segurança do abastecimento alimentar, independentemente de crises internas ou externas. “Se tal ação não for tomada, prateleiras vazias e escassez de alimentos, bem como as consequências negativas associadas, farão parte de nossas vidas diárias”, alertou a carta.

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Os signatários culpam a orientação da política agrícola da UE, que favorece “produtos baratos e exportações baratas, grande liberalização comercial, dependência global e desregulamentação interna”, escreveram os agricultores. “As empresas multinacionais capitalizam essa orientação, que também se traduz em dependência massiva e enfraquece a autonomia das fazendas e da UE – um golpe potencialmente fatal para a situação econômica e social dos agricultores.”

Os agricultores argumentaram que o resultado disso é a redução das margens do produtor, acrescentando que apenas nas fazendas leiteiras, a renda média da UE por hora para os produtores é de € 4,19 (US$ 4,27), com os produtores holandeses incapazes de gerar qualquer receita positiva em comparação com a Alemanha, com € 6 (US$ 6,11), e a França, com € 3 (US$ 3,05). “Uma estrutura produtiva robusta e abrangente evitaria que a produção se concentrasse em um pequeno número de localidades e, portanto, evitaria a industrialização doentia da produção agrícola”, continuou a carta. “Para o setor de lácteos, precisamos de objetivos diferentes e de um funcionamento diferente do CDG Milk e do observatório do mercado do leite, que realmente precisam trabalhar ativamente para uma redistribuição equilibrada e justa do valor agregado e que não devem apenas continuar a observar passivamente os distorções de longe."
 

Envolvendo produtores

Para melhorar a situação, os signatários querem que os produtores estejam no centro do desenvolvimento de estratégias agrícolas e tenham as ferramentas para atingir as metas de sustentabilidade, expandindo isso para circuitos curtos, comércio justo e alimentação coletiva. "Em vez disso, esses objetivos foram simplesmente colocados diante deles e eles foram deixados para arcar com todo o ônus dessas estratégias", escreveram os signatários

Despejo de produtos baratos

Os agricultores também pediram à UE que reduza sua dependência das importações e “prejudique as exportações baratas” ao excluir os produtos agrícolas da OMC e dos acordos de livre comércio para proteger os produtores. “Uma política comercial responsável da UE proibiria completamente o despejo de produtos baratos em mercados sensíveis”, afirmaram os agricultores.

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A carta foi enviada a representantes da Comissão Europeia, membros do Parlamento Europeu, representantes do Comitê Económico e Social Europeu e ministros nacionais da agricultura.

O DairyReporter abordou a Comissão Europeia para comentar. Um funcionário da UE respondeu apenas: "Podemos confirmar o recebimento da carta e responderemos no devido tempo".

As informações são do Dairy Reporter, traduzidas e adaptadas pela equipe MilkPoint.