Publicado o levantamento Top 100 MilkPoint, edição 2004

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A crise de oferta que derrubou os preços do leite nos últimos meses, agravada pelo "efeito Parmalat", não afetou o ânimo dos maiores produtores do setor no país. É o que mostra o Levantamento Top 100 Milkpoint, que reuniu e obteve informações junto aos 100 maiores produtores de leite em 2003. Segundo o levantamento, 66% desses produtores pretendem aumentar a produção este ano, 25% pretendem manter os volumes, 4% reduzir a produção e 1% paralisar a atividade. Os 4% restantes "não sabem ainda", não informaram ou estão indecisos.

No levantamento com os 100 maiores de 2002, eram 56% os que pretendiam elevar a produção. Segundo Marcelo Carvalho, diretor da consultoria AgriPoint e coordenador da pesquisa, a apuração do levantamento foi em janeiro, no auge da crise da Parmalat. Ainda assim, os pesquisados mostraram interesse em ampliar a produção de leite. Para ele, o resultado mostra que os produtores acreditam que a crise é temporária. Além disso, observa Carvalho, os produtores estão estabelecidos na atividade, o que justificaria a intenção de continuar a crescer.

O levantamento confirmou a posição de Minas Gerais como líder entre os grandes produtores de leite do país. Dos 100 produtores pesquisados, 46 estão no Estado, ante 36 no levantamento anterior. São Paulo, que tinha 28 dos 100 maiores na pesquisa de 2002, ficou com 19 em 2003. Nos demais produtores, houve estabilidade: o Paraná manteve-se com 18 das maiores fazendas, seguido por Rio Grande do Sul (5), Alagoas (4), Goiás (3) e Rio (2). Bahia, Espírito Santo e Santa Catarina continuaram com um produtor entre os 100 maiores.

O crescimento de Minas, diz Carvalho, deve-se ao avanço da produção leiteira na região do Triângulo Mineiro e Alto Parnaíba, onde empresas como Nestlé, Itambé e outros laticínios de médio porte captam leite. O aumento nessa região, afirma, "compensa o sul de Minas, que não tem mais a pujança anterior".

A menor participação de São Paulo entre os maiores é um sinal do "marasmo" que se encontra a pecuária leiteira no Estado, avalia o diretor da AgriPoint. Em regiões como Ribeirão Preto, Campinas e Vale do Paraíba, a atividade vem sendo substituída por cana e laranja, observa.

Outra conclusão do levantamento é de que há poucos novos projetos no setor, isto é, investimentos em novas fazendas de leite. "Isso é fruto das incertezas do mercado e de problemas conjunturais do setor", diz Carvalho. Ele explica que isso fica claro uma vez que 80 entre os 100 produtores da lista de 2003 já estavam no rol de 2002. E o primeiro novo nome aparece na 49ª posição.

O número de produtores entre os 100 que têm laticínios próprios caiu em relação ao levantamento anterior, de 16 para 13. Entre os laticínios é a DPA (joint venture entre Nestlé e Fonterra) que tem o maior número de fornecedores na lista de 100. São 18 contra 12 em 2002. Carvalho explica que mudou o perfil do produtor da DPA, e hoje o volume por fornecedor é maior do que há cinco anos. "Como maior laticínio (do país) é normal que a empresa busque produtores de maior volume".

O pool de Leite ABC, que reúne as cooperativas de Arapoti, Batavo e Castrolanda, tem 13 produtores na lista dos 100 maiores. Eram oito em 2002. A Parmalat tem seis produtores na lista, ante oito em 2002.

Outras conclusões da pesquisa: os 100 maiores produtores comercializaram, em média, 8.451 litros/dia em 2003, ante 8.082 no ano anterior. Entre os 10 maiores da lista, a produção cresceu 10% de 2002 para 2003, para 25.227 litros/dia. A Fazenda Bela Vista, que produz o Leite da Fazenda, manteve o primeiro posto, alcançando uma produção de mais de 54 mil litros de leite/dia.

Além disso, 47% utilizam o sistema de confinamento total; eram 44% em 2002. 50% usam pastejo na estação chuvosa. Entre 100 maiores pecuaristas de leite, 63% trabalham com gado da raça holandesa, contra 57% em 2002. Girolando ou mestiços de sangue holandês tiveram 27 indicações (24 em 2002) e "outros", dez. Para realizar o levantamento, o site MilkPoint fez um levantamento preliminar dos produtores - utilizando como critério produção mínima diária de 4 mil litros - pela internet. Depois foi feita checagem individual dos produtores selecionados. E o critério utilizado para chegar ao maior produtor foi o volume comercializado em 2003.

Fonte: Valor Online, (por Alda do Amaral Rocha), adaptado por Equipe MilkPoint