Pesquisadores criam vacas clones que produzem anticorpos contra o câncer
Publicado por: MilkPoint
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Eles vinham tentando usar um tipo de anticorpo que está direcionado simultaneamente a agir de duas formas. Por um lado, reconhecer uma molécula que se encontra na superfície das células cancerosas. Por outro, identificar outras moléculas para chegar a ativar o sistema de defesa do organismo. Por isso, ele é chamado de "anticorpo biespecífico".
O problema se complicava quando se queria obter uma produção massiva desta substância. Segundo os pesquisadores, Ludger Grosse-Hovest e Gottfried Brem, os métodos convencionais (como os cultivos em laboratório) não permitem hoje produzir a quantidade necessária para se começar a fazer ensaios em pacientes.
"Com as quantidades conseguidas destes anticorpos por meio de procedimentos convencionais, somente se pode fazer experimentos em laboratórios, mas não na pesquisa clínica", explicaram eles, que publicaram seus resultados na revista Proceedings of the National Academy of Sciences, dos Estados Unidos. Os pesquisadores pensaram, então, em "meios" que lhes permitissem ampliar a produção, sendo que os escolhidos foram os animais transgênicos (que têm modificações em seu genoma).
"Há sete anos começamos com a idéia de produzir anticorpos biespecíficos em animais transgênicos. Para realizar esta idéia, tivemos que isolar a informação genética correspondente dos anticorpos e verificar sua funcionalidade. Depois, otimizamos a construção para obter grandes quantidades deste anticorpo", disseram. No inicio, produziram coelhos transgênicos, que expressaram os anticorpos desejados. Há dois anos, passaram a trabalhar com as vacas e entraram no campo da chamada "pecuária genética".
Dentro das células de embriões bovinos, os pesquisadores introduziram genes que fazem com que o anticorpo vá até as células do melanoma e genes que ativam uma molécula que ordena que o sistema imune do organismo "trabalhe". Assim, por meio da clonagem chegaram a ter 13 gestações, mas somente nasceram nove bezerros. Eles constataram que os animais produzem os anticorpos biespecíficos em grandes quantidades. Aos lhes extrair o sangue, puderam purificar os anticorpos, que chamam "r28M", e observaram no laboratório que os anticorpos podem efetivamente matar as células do câncer de pele que afeta 132 mil pessoas por ano.
Além disso, quando os pesquisadores conservaram os anticorpos em laboratório, estes mantiveram sua estabilidade, outra qualidade que permite mostrar que as vacas clonadas e transgênicas podem ser uma via para a produção massiva do tratamento.
As vacas foram utilizadas como meio para combater especialmente o melanoma. Isso porque o anticorpo que produzem está projetado especificamente contra este câncer. No entanto, pesquisadores austríacos reconheceram que também "poderia ser aplicável para o tratamento de glioblastoma", que é um tipo de câncer que afeta o cérebro. Porém, ainda falta tempo para que os anticorpos estejam ao alcance dos pacientes. "Não podemos dizer quanto tempo, porque o projeto segue. Estamos purificando a molécula e avaliando todos os procedimentos necessários para um ensaio clínico com o novo anticorpo".
Fonte: Diario Clarin, publicado em Infortambo, adaptado por Equipe MilkPoint
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