Pesquisa revela equilíbrio de opiniões sobre a cotação do leite durante a entressafra
Publicado por: MilkPoint
Publicado em: - 5 minutos de leitura
Dentre os prognósticos, questões interessantes defendendo cada ponto de vista foram levantadas pelos participantes. O produtor de leite Fernando Antonio de Azevedo Reis, por exemplo, levou em consideração a oferta de sua região - Itajubá (MG) - para responder. Ele aposta na alta do valor do leite devido à diminuição da produção causada pelo aumento no custo da alimentação e ao decréscimo do número de matrizes na região, o que torna o leite mais escasso.
Juliano Baiocchi Villa Verde de Carvalho, produtor e pequeno industrial no Distrito Federal, concorda com a perspectiva e afirma que haverá espaço para reajustar os preços no atacado a partir deste mês, graças à queda na oferta do produto. "Tenho sentido alguma redução na oferta de matéria prima por parte dos produtores que abastecem minha plataforma, desde o início do mês de março, algo em torno de 10% na comparação com igual período do ano passado", afirma.
Também estão otimistas Alexandre Augusto Cortezi, produtor de leite em São José do Rio Preto (SP), Rogério Aloizio Rodovalho, veterinário em Vazante (MG), João Francisco Colombo, veterinário em Santo André (SP), Fernando Cerêsa Neto, produtor de leite em Brasília (DF), Antônio Julião Damasio, diretor da COLASO, em Sorocaba (SP), Renato S. Machado, produtor e veterinário em Pompéu (MG), Eder Lopes Cardoso, produtor em Bom Despacho (MG), Renato Fonseca, produtor de leite na região de Belo Horizonte (MG), Luiz Miguel Saavedra de Oliveira, produtor de leite em Santo Ângelo (RS) e Fernando Lopes, produtor em Santo Inácio (PR). Eles acreditam que o preço reagirá em função da menor oferta durante a entressafra (desestímulo e saída de produtores, cruzamento com animais de pior genética, competição com outras culturas, seca no sul) e uma possível recuperação do consumo.
Problemas do setor são apontados
Mas há quem não veja motivos para otimismo. Marcos dos Santos Kemp, diretor das Fazendas Reunidas Santos Kemp, em Campos dos Goytacazes, no Rio de Janeiro, acha que não devemos ser muito otimistas, pois em sua região a crise da Parmalat desestruturou o setor. "A queda nas vendas de uma marca forte como a Parmalat pode ocasionar preços mais baixos", completa.
Francisco Van Riel, consultor em Victor Graeff, aponta a concentração de mercado no Rio Grande do Sul, fruto da diminuição da participação da Parmalat, como preocupante.
Algumas das opiniões recebidas atribuem a crença na desvalorização dos preços aos problemas econômicos que o Brasil vem enfrentando. "Como podemos ser otimistas com as empresas desempregando e com o baixo poder de compra do trabalhador?", questiona o engenheiro agrônomo Fernando Luis Paes Fonseca, consultor em São Miguel do Araguaia (GO). Anderson da Costa Silva, consultor em Campina Verde (MG), e Antônio Vilela Candal, produtor em Jacareí (SP), apontam o baixo preço do leite comparado com outras bebidas e com a água como fator que restringe a remuneração dos produtores.
Na opinião do presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Lima Duarte (MG), Marcos Salazar de Paula, o problema do setor está nos altos valores cobrados pelos impostos, um deles a Cofins (Contribuição para Financiamento da Seguridade Social). Outro agravante identificado pelo presidente do Sindicato é a concentração de mercado, na qual é acompanhado por José Roberto Borges, produtor de leite em Araxá (MG), e José Almeida de Oliveira, produtor em Major Isidoro, Alagoas, que aponta também a força do varejo como um problema central na rentabilidade da cadeia produtiva, com o que concorda o produtor goiano Joaquim Vital: "enquanto não houver perfeita harmonia entre os elos da cadeia (produtor, indústria, que sempre repassa suas perdas ao seu fornecedor e o distribuidor, principalmente os grandes supermercados, que ditam as regras do jogo), não ocorrerá a negociação perfeita em que todas as partes saem ganhando".
Custos e consumo preocupam
Transitando pelos dois pontos de vista, o engenheiro agrônomo Carlos Alberto Gomes de Araújo da cidade de Carlos Barbosa (RS) se mantém em dúvida quanto às perspectivas de preços, mas revela que não será um ano fácil para o segmento, devido à queda na produção de leite e aumento dos custos de produção, item em que é acompanhado por Dirceu Aparecido Furlan, produtor de leite em Cidade Gaúcha, no Paraná, Eustáquio Nazareno, produtor de leite em Unaí, (MG) e Jose Rogério Reis Junqueira, consultor em Belo Horizonte, MG. Ele alerta também para os problemas com fraudes, que geram concorrência desleal. Já para Sérgio Barone, produtor de leite em Juiz de Fora, (MG), 2004 será no máximo igual a 2003, pois há problemas em relação ao poder de consumo dos salários e a grande maioria dos produtores não tem boa condição de negociação com as indústrias. Fabiano Junqueira, mestrando em Pará de Minas (MG), aponta o consumo refreado como um possível limitador aos preços, ainda que a oferta caia.
Para reverter esta situação e obter maior valorização do leite, o produtor Orlando Rodrigues dos Santos de Goiás conta com a ajuda do Governo Federal com medidas para expandir o setor leiteiro no País. "O Governo Federal deveria copiar os moldes do governo carioca, que incentiva o consumo do leite e seus derivados na merenda escolar", declara Santos.
Edivandro Souza, produtor em Betim (MG), acrescenta que o mercado de lácteos enfrenta diversas reestruturações e depende delas para que o segmento possa vislumbrar no futuro um mercado estável, competitivo e que remunere adequadamente todas as esferas da cadeia produtiva. Ele acredita em alguma recuperação nos preços, mas nada muito significativo.
A enquete não tem base científica e permite apenas conhecer as opiniões dos usuários do site. A partir destas informações, espera-se estimular discussões e o apontamento de soluções que possam beneficiar a competitividade e sustentabilidade do mercado leiteiro no Brasil.
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Fonte: Juliano Fantazia, da Equipe MilkPoint
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