Parmalat do Brasil deverá vender unidades
Publicado por: MilkPoint
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A Parmalat Alimentos deverá se desfazer de parte de suas indústrias no Brasil, disse ontem o presidente da empresa no país, Ricardo Gonçalves, em depoimento na comissão criada na Câmara dos Deputados para o caso. O aval foi dado pela matriz, na Itália. A cooperativa mineira Itambé informou à Folha de S. Paulo que tem interesse nas fábricas em Garanhuns (PE), Itaperuna (RJ) e Santa Helena (GO). A Itambé é a terceira maior captadora de leite no Brasil, disputando a segunda posição com a Parmalat. A empresa vem há algum tempo avaliando a possibilidade de construir nova fábrica no Triângulo Mineiro ou em Goiás. Porém, em informação ao jornal Estado de S.Paulo, o presidente da Itambé, José Pereira Campos, considerou "remota" a hipótese de a Itambé adquirir ativos da Parmalat
A Parmalat começou a traçar um projeto de reestruturação que passa pela venda de ativos e pela redução no número de diretores, além de uma possível mudança de sede. O número de diretores (seis) pode ser reduzido à metade, segundo o projeto comandado pela consultoria Galeazzi & Associados. O grupo não comenta a informação. "A sobrevivência da Parmalat é uma questão de dias. Não estamos falando em semanas, estamos falando em dias. Quantos dias vão ser? Eu não tenho uma explicação", afirmou Gonçalves.
Ele disse que o interventor italiano, Enrico Bondi, autorizou a venda e que propostas já foram recebidas. Afirmou que a venda é solução viável para a continuidade das atividades, pois será possível fazer caixa rapidamente. A empresa precisa de R$ 75 milhões para continuar operando.
"Eu acho muito difícil saber qual será o resultado final (da crise no Brasil). Mas, se olharmos os credores que existem na área financeira e o interesse de empresas em adquirir parte ou a totalidade (das indústrias), eu acredito que, sem sombra de dúvida, a solução deveria ser por meio da venda", afirmou Gonçalves.
Um dos problemas que agravaram a situação, disse, foi a interrupção do envio, da Itália, de recursos acertados para a reestruturação no Brasil. Gonçalves afirmou que os recursos variavam a cada mês, de R$ 10 milhões a R$ 30 milhões.
Lei de Falências
Uma alternativa sugerida por Gonçalves é a publicação de uma medida provisória que antecipe as novas regras da Lei de Falências, em discussão no Senado, pois permitiria à empresa captar novos recursos no mercado.
A edição de uma MP, no entanto, será "muito difícil", segundo afirmou ontem o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, por meio de sua assessoria.
O representante do Comitê de Fiscalização da Parmalat, Alpoim da Silva, designado pela Justiça para fiscalizar as contas da companhia, disse que verificou, após análises, uma "empresa com uma administração eficiente e transparente". Ele afirmou que o total de ativos é de R$ 554 milhões, e o de passivos de R$ 828 milhões.
O ex-diretor financeiro da empresa, Carlos Monteiro, citado em interrogatórios de funcionários na Itália como um dos homens que comandaram operações que desviaram recursos do grupo, estima que a dívida da Parmalat Participações seja de R$ 1,3 bilhão.
Supermercados
A Parmalat reduziu os volumes de várias linhas de produtos entregues em lojas de grandes supermercados. Na rede Pão de Açúcar, que engloba também as bandeiras Extra e Comprebem Barateiro, caiu a oferta de atomados, molhos, leite condensado e leite em pó e iogurtes especiais. Em alguns lugares está difícil de achar os produtos. A entrega de leite longa vida nas empresas de maior porte ainda estaria normal, o que não ocorre com outros produtos da marca.
Fonte: Folha de S.Paulo (por Adriana Mattos e Luis Renato Strauss), Correio do Povo/RS, Estado de S.Paulo e O Popular/GO, adaptado por Equipe MilkPoint
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