Nestlé abre mão de marcas para ter a Garoto
Publicado por: MilkPoint
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Para convencer os conselheiros a reavaliarem o veto imposto em fevereiro, a Nestlé reuniu um grande número de assessores, consultores e advogados para apresentar uma alternativa à determinação do Cade de venda total da Garoto.
Os executivos da empresa procuraram também rebater o argumento de que as duas empresas teriam, juntas, 58,4% do mercado de chocolates, o que, para o Cade, significa alta concentração.
O argumento foi um parecer da consultoria AC Nielsen de 2001, ano da realização do negócio, segundo o qual essa participação é de 47,8%. Dessa forma, ao se desfazer de uma fatia de 10%, a Nestlé/Garoto reduziria cerca de 38% a sua fatia de mercado, muito próxima do porcentual da Kraft (Lacta), de 33,8%, segundo o mesmo estudo.
Para demonstrar a importância do investimento, a Nestlé montou um aparato que incluiu a presença do seu vice-presidente internacional, James Singh. O executivo enfatizou que a empresa reconhece a competência do Cade para julgar assuntos de fusões e "se compromete a trabalhar em conjunto com o conselho para encontrar uma solução".
A Nestlé se comprometeu a oferecer ao futuro comprador máquinas e equipamentos necessários para a linha de produção, transferir tecnologia e propriedade intelectual e repassar fórmulas e receitas das marcas a serem vendidas. Também prometeu treinamento de pessoal e assistência técnica. "Achamos que essa proposta estimula e equilibra o mercado", destacou o diretor de Assuntos Corporativos da Nestlé, Carlos Faccina.
Segundo a Nestlé, a fatia do mercado de chocolates oferecida tem um faturamento anual de R$ 170 milhões a R$ 200 milhões e potencial para chegar a R$ 280 milhões por ano em cinco anos, dependendo da estratégia do futuro comprador. A empresa não divulgou a relação das marcas oferecidas, alegando sigilo empresarial, e informou que já teria recebido propostas de compradores. Também se negou a citar nomes. "Tanto empresas que já estão instaladas no Brasil quanto outras ainda fora desse mercado podem se interessar", disse Faccina.
A audiência no Cade foi concorrida. Além dos sete conselheiros, compareceram os secretários de Direito Econômico (SDE), Daniel Goldberg, de Acompanhamento Econômico (Seae), José Tavares, e o subprocurador do Ministério Público, Moacir Morais Filho. O procurador já pediu ao Cade a revisão do veto, mas foi negado.
Preocupados com a manutenção dos empregos, políticos do Espírito Santo, onde fica a Garoto, representantes do Sindicato dos Trabalhadores em Alimentação e Afins do Estado também marcaram presença.
Durante a audiência, nenhum conselheiro ou representante do governo fez perguntas aos executivos da multinacional. De posse dos dados e argumentos da Nestlé, o relator do caso, conselheiro Thompson Andrade, vai analisá-los e levará ao plenário o pedido de reapreciação. Não há uma data definida para esse julgamento.
Fonte: O Estado de S.Paulo (por Isabel Sobral), adaptado por Equipe MilkPoint
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