Neozelandesas querem transformar filial chilena Soprole em líder exportadora

Após vários meses de trabalho, finalmente foi conhecido o novo plano de desenvolvimento que será aplicado à Soprole, companhia chilena controlada pela gigante neozelandesa Fonterra. Durante a junta ordinária de acionistas foram divulgadas as novas prioridades da Fonterra, que se concentram em crescer como companhia em nível global sob um modelo de negócios que envolva os produtores de leite. Desta forma, a idéia é aumentar as exportações e transformar o Chile na Nova Zelândia do Cone Sul.

O presidente da Soprole, José Luis Letelier, anunciou um plano de investimentos que em princípio é de US$ 50 milhões para 2004. Ele disse que o objetivo é aumentar a presença na companhia no mercado sul-americano, principalmente nos países do Mercosul. Atualmente a Soprole exporta somente queijos, mas a intenção é diversificar a saída de produtos desta marca. De fato, a previsão é de iniciar exportações de leite em pó em 2005 ou 2006.

Para este fim, Letelier disse que um dos principais investimentos será a construção de uma fábrica de secagem de leite no sul do Chile, por um valor de US$ 20 milhões, onde se espera que os produtores de leite tenham uma participação de 20% da propriedade. Além disso, ele disse que estão sendo avaliadas oportunidades de investimento em diferentes empresas na América Latina. No mercado interno, os planos de 2004 estarão focados no segmento de valor agregado, como sobremesas, além de lançar uma nova linha de iogurte diet.

O programa da Soprole envolve a criação de uma equipe multidisciplinar que terá a missão de aumentar as exportações. Para isso, a companhia deverá modificar vários aspectos, entre eles, a relação com os produtores de leite, que vem apresentando altos e baixos. "Este plano não pode ser realizado sem o envolvimento dos produtores. O desafio fundamental é controlar e dominar o tema dos custos, de modo que possam ter um preço internacionalmente competitivo. Devemos mudar a relação com os produtores de leite", disse o executivo sênior da Fonterra, Lloyd Kavanagh. Desta forma, a companhia assume como processadora a responsabilidade de "ajudar os produtores a resolver estes problemas", e inclusive de premiar o melhor produtor.

Satisfeito com o desempenho da filial chilena, Kavanagh disse que a Soprole enfrentará um grande desafio no futuro. "A Soprole é a marca líder em um mercado maduro como o chileno. O que se pode fazer com a estratégia atual da companhia está atingindo seu topo", dado que, com um consumo lácteo que cresce a um ritmo de 1% ou 2%, tanto no Chile como em escala mundial é difícil manter um crescimento importante "se nos focarmos somente no mercado local", disse ele.

Chile exportador

A Fonterra está buscando mercados para crescer fora de seu país. A América do Sul foi identificada como um lugar onde isso pode ser feito, sendo o Chile seu mercado preferido na região. A produção no Chile duplicou nos últimos 10 anos até alcançar um equilíbrio. De fato, o país é hoje auto-suficiente, inclusive com superávit.

Isso é o atrativo do Chile. Segundo Kavanagh, a Soprole buscará ser líder das exportações lácteas chilenas. No último ano a companhia conseguiu isso com os queijos, onde teve 51% das exportações, com US$ 2,64 milhões (FOB). Para isso, destinará a maioria dos investimentos ao aumento das exportações, que provavelmente será de leite em pó.

Igualmente a empresa deverá chegar a um acordo para estabelecer uma equipe de trabalho, que tenha um plano para transformar isso em um projeto de negócio e que deve considerar os produtores de leite relacionados.

Com relação à joint-venture com a Nestlé, Kavanagh disse que não está nos planos de trabalho. "É importante entender a relação entre as joint ventures e o aumento da produção no Chile. Não há conflito entre esses dois projetos. Os investimentos no Chile são independentes de que exista uma Dairy Partners America no país".

A Soprole tem dois principais acionistas: a Fonterra, com cerca de 55,4% e a Fundacao Aninat, com 43%. Um dos objetivos que deverá ser cumprido, segundo Kavanagh, é que ambos estejam plenamente comprometidos em apoiar a nova estratégia da companhia, pois a tarefa não é fácil. Desde que foi anunciada a joint venture entre a Fonterra e a Nestlé para toda a América e uma vez que o controlador da chilena tentou efetivar este acordo no Chile, a Fundação Aninat rechaçou a operação.

Fonte: Estratégia e El Diario (por Cristián Adasme P.), publicado em Lechería Latina, adaptado por Equipe MilkPoint