Matriz pode socorrer Parmalat Brasil, mas com algumas condições
Publicado por: MilkPoint
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Embora a Parmalat esteja quebrada na Itália, a lei de falências local dá prioridade no recebimento dos créditos a credores que capitalizem a empresa em recuperação, o que está permitindo a negociação com os bancos, disse um assessor de Bondi. Mas o Brasil teria de dar uma garantia semelhante para a filial brasileira receber recursos.
A proposta de socorro da matriz foi feita durante reunião de quase três horas no consulado brasileiro em Milão, com uma comitiva enviada pelo governo para discutir a crise. A comitiva foi chefiada pelo ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto, e participaram o secretário de Direito Econômico, Daniel Goldberg, parlamentares e líderes trabalhistas.
Segundo relato do presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria da Alimentação (Contac), ligada à Central Única dos Trabalhadores, Siderlei Silva de Oliveira, que fez parte da comitiva, Bondi disse que a subsidiária brasileira poderia receber "de US$ 50 milhões a US$ 75 milhões".
Uma das formas de dar garantia jurídica para que o aporte seja destinado à operação propriamente dita seria uma alteração emergencial da lei brasileira de falências, a exemplo do que fez o governo italiano em dezembro. Na Itália, o Parlamento aprovou, em caráter emergencial, algumas mudanças na Lei de Falências, conhecida como Lei Prodi, para assegurar a operacionalidade da empresa. Além de dar mais agilidade ao processo de reestruturação de dívidas, as mudanças serviram para garantir que empregados e fornecedores tivessem prioridade nos pagamentos, em detrimento de acionistas e credores. Até então, a lei italiana costumava resultar na falência das empresas, como ocorre no Brasil.
Como a nova Lei de Falências ainda não foi aprovada no Brasil, a mudança poderia ser feita por medida provisória. "Se a edição de uma medida provisória for a saída, temos de trabalhar para isso", afirmou Oliveira, por telefone, após a reunião. "A Parmalat Brasil não pode esperar mais de uma semana".
No Brasil, Parmalat está perto do fim
Se não receber ajuda, a Parmalat do Brasil vai fechar as portas dentro de poucos dias, garantiu ontem um assessor de Enrico Bondi, o interventor nomeado pela Justiça italiana para tentar recuperar as operações mundiais do grupo. "No mundo inteiro, as operações da Parmalat estão conseguindo funcionar e faturam o suficiente para pagar suas contas", disse o funcionário, que pediu anonimato porque não está autorizado por Bondi a dar entrevistas. "Infelizmente, não é o caso do Brasil. Temos poucos dias de operação".
A Parmalat Brasil avalia que precisa de um aporte imediato de R$ 50 milhões para continuar funcionando. Conforme os fornecedores deixam de entregar insumos à indústria por falta de pagamento, ou exigem o acerto à vista, a Parmalat vem tendo de reduzir sua produção drasticamente a cada dia. "Já está quase tudo parado", disse um profissional próximo da empresa. Até segunda-feira a empresa havia pago os salários de 80% dos seus funcionários, e o restante, cujas contas são do Banco do Brasil, estaria recebendo durante o dia de ontem.
Fonte: O Estado de S.Paulo (por Mariana Barbosa e Priscilla Murphy, com colaboração de Sandra Hahn), adaptado por Equipe MilkPoint
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