Nota Oficial da ABRALEITE de apoio à paralisação dos transportadores de cargas:
"A ABRALEITE - Associação Brasileira dos Produtores de Leite - vem a público manifestar o seu apoio aos transportadores e à paralisação das atividades de transportes de cargas de todo o país, motivada pelos constantes aumentos no preço do óleo diesel. A ABRALEITE entende que os frequentes aumentos irresponsáveis dos combustíveis por parte do governo federal, sobretudo do óleo diesel, inviabilizam todo o setor de transporte de cargas, e todo o setor produtivo brasileiro. É necessário que o governo federal ceda e abaixe os impostos sobre os combustíveis de forma que viabilize os transportadores e o setor produtivo, cessando os prejuízos e riscos de desabastecimento a toda nossa nação. O fato dos caminhões de transporte não estarem escoando produtos agropecuários, dentre eles o leite in natura, das milhares de propriedades produtoras por todo o Brasil, tem gerado mais prejuízos aos produtores de leite, que já sofriam com as altas constantes dos combustíveis, sobretudo do óleo diesel, que afeta diretamente o nosso custo de produção, que precisa urgentemente de uma desoneração. Por outro lado os insumos, como rações, não estão chegando nas propriedades, o que está sendo o caos, ao gerar impossibilidade da nutrição das vacas leiteiras e outros animais. Outro problema verificado é o descarte de leite não escoado das propriedades para indústrias de laticínios, que está gerando problemas ambientais em nossas propriedades produtoras de leite e nas margens de rodovias bloqueadas. O leite é um alimento nobre, que toda a sociedade necessita. Também é um dos alimentos mais perecíveis, não podendo ser estocado nas propriedades produtoras. A ABRALEITE em coletiva de imprensa e nos gabinetes em Brasília, vem cobrando do governo federal urgência na solução do problema, que é consequência da total irresponsabilidade do próprio governo. Toda classe produtora de leite brasileira manifesta para que o governo resolva esse enorme problema, que aflige todo o país, no campo e nas cidades".
Comunicado da Lactalis do Brasil enviado aos produtores de leite:
"A greve nacional dos caminhoneiros, iniciada essa semana, tem prejudicado não apenas a coleta de leite, mas também as atividades da indústria, devido à falta de abastecimento de insumos necessários para sua operação e à impossibilidade da retirada dos produtos acabados das fábricas, embora todo o esforço que temos realizado com essa finalidade. Neste cenário, poderemos ter interrupção da coleta do leite nas propriedades em várias regiões do país, eis que a situação infelizmente fugiu ao nosso alcance. Estudamos diversas alternativas para minimizar os impactos causados pela greve, mas, por motivo de força maior, não temos como garantir a continuidade da operação de coleta. Tão logo a situação volte ao normal, retomaremos nossas atividades. Lamentamos o ocorrido e nos colocamos à disposição para esclarecimentos. Contamos com a compreensão de todos".
Comunicado da Viva Lácteos
"A Viva Lácteos (Associação Brasileira de Laticínios) alerta para a gravidade do impacto econômico para o setor de laticínios proveniente da paralisação dos caminhoneiros no Brasil, iniciada nesta semana. Diante do cenário atual, mais de 51 milhões de litros de leite por dia não estão sendo coletados no Brasil. O impacto financeiro desta paralisação já contabiliza R$ 180 milhões/dia para todo o Brasil. Sem capacidade de armazenamento, e contando com a retirada de leite a cada 48 horas, produtores rurais e indústrias já contabilizam prejuízos. Além do leite, o desabastecimento de insumos, combustível, embalagens, dentre outros, já provoca a paralisação da produção em fábricas em todo Brasil. A Viva Lácteos se mantém atenta ao cenário e está atuando na busca de uma solução que atenda aos interesses de toda a cadeia produtiva, da produção ao seu escoamento. A indústria, por sua vez, está buscando alternativas para minimizar os prejuízos decorrentes desta situação, mas com sérias limitações para fazer cumprir com o fluxo de abastecimento do produtor ao consumidor".
De acordo com Laércio Barbosa, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Lácteos Longa Vida (ABLV), a coleta da matéria-prima por parte dos laticínios do país está diminuindo dia a dia. Ele estimou que, nesta quarta-feira, a captação de leite pelas empresas nas principais bacias leiteiras (MG, GO, PR, SP, SC, e RS) estava em 30% a 50% do volume diário normal. “Se demorar mais um a dois dias para a greve ser encerrada, as indústrias terão que parar a produção. Há algumas fábricas que já pararam parcialmente”, disse Barbosa. Segundo ele, os bloqueios nas estradas se ampliaram muito rapidamente, afetando a captação. A matéria-prima que não é retirada pelos caminhões dos laticínios é perdida.
A Usina de Laticínios Jussara, empresa da qual Barbosa é sócio, já recebeu menos leite por causa da greve. “Ontem, recebemos 70% do volume normal, hoje já caiu para 40%”, afirmou Barbosa. A Jussara já comunicou aos produtores que hoje não fará coleta de leite nas fazendas por causa dos protestos.
A Nestlé, a maior na captação de leite do país, também comunicou a produtores enfrentar “fortes dificuldades de coletar e transportar o leite proveniente das fazendas”. O comunicado, assinado pelo Serviço Nestlé ao Produtor, afirma que os bloqueios dos caminhoneiros já causam desabastecimento de suprimentos e insumos nas fábricas da empresa. “A Nestlé está buscando todas as alternativas possíveis para minimizar as perdas decorrentes dessa situação, entretanto estamos com limitações para garantir o fluxo constante em toda a cadeia”.
Nota à imprensa da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), dia 24 de maio: "A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) alerta que, diferente da promessa feita ontem pelas lideranças dos caminhoneiros, ainda não houve a liberação das cargas vivas em vários pontos de parada do movimento de greve nas estradas. Recebemos relatos de produtores com caminhões transportando animais parados em bloqueios em todo o país. Há casos de animais com mais de 50 horas sem alimentação. Também está travada em vários pontos a circulação de caminhões de ração, que levariam alimentos para os criatórios espalhados por pequenas propriedades dos polos de produção. A situação nas granjas produtoras é gravíssima, com falta de insumos e risco iminente de fome para os animais. A cadeia produtiva da avicultura e da suinocultura do país iniciou esta quinta-feira com 120 plantas frigoríficas paradas – produtoras de carne de frango, perus, suínos e outros. Mais de 175 mil trabalhadores estão com atividades suspensas em todo o país. Os danos ao sistema produtivo são graves e demandarão semanas até que se restabeleça o ritmo normal em algumas unidades produtoras. A ABPA, portanto, apela ao movimento dos caminhoneiros pelo cumprimento da promessa com a liberação do transporte de animais e rações em todos bloqueios, além da retirada mínima de produtos nas fábricas para a retomada da produção. Os protestos são justos, mas é preciso bom senso e evitar a perpetuação desta situação aos animais".
Barbosa & Marques, Cooperativa Agropecuária Vale do Rio Doce, Sicoob Crediriodoce, Sindicato Rural de Governador Valadares, Piracanjuba e União Ruralista Rio Doce também se mobilizam
No dia 23 de maio de 2018 representantes da Barbosa & Marques, Cooperativa Agropecuária Vale do Rio Doce, Sicoob Crediriodoce, Sindicato Rural de Governador Valadares, Piracanjuba e União Ruralista Rio Doce se reuniram no auditório da Cooperativa em Governador Valadares com o objetivo de discutir os impactos da greve dos caminhoneiros na região.
"No Vale do Rio Doce temos mais de 100 municípios e a captação de aproximadamente 1 milhão de litros de leite/dia que está paralisada e já se perdendo. As entidades compreendem os justos motivos da paralisação. Entretanto, concluem que tal ato provoca perdas inevitáveis de grandes proporções a toda cadeia produtiva, e consequentemente, perdas com a impossibilidade do transporte e entrega de cargas perecíveis e insumos. Além, da não captação do leite nas propriedades rurais, gerando prejuízos aos produtores, indústrias, transportadores e consumidores. Alertamos ainda, que há riscos iminentes de desabastecimentos de leite e seus derivados aos consumidores em geral".
Em coletiva de imprensa (23/05), as entidades clamaram pelo posicionamento das autoridades constituídas, com atitudes políticas ágeis e efetivas que tragam solução definitiva e imediata para impedir que a cadeia produtiva, que sustenta este pais, sofra ainda mais prejuízos.
Coletiva de imprensa com representantes da Barbosa & Marques, Cooperativa Agropecuária Vale do Rio Doce, Sicoob Crediriodoce, Sindicato Rural de Governador Valadares, Piracanjuba e União Ruralista Rio Doce.
Comunicado do Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal:
“Aos nossos grandes parceiros: produtores pecuários, revendedores e varejistas. A continuidade e recrudescimento da mobilização dos caminhoneiros pode comprometer sobremaneira a entrega das rações e sal mineral para animais de produção, além dos alimentos para cães e gatos. Apesar de envidar todos os esforços possíveis, os empreendedores sofrem também com a interrupção do transporte de milho, farelo de soja, aditivos e outros insumos usados na produção. Embora a solução para o impasse instalado ultrapasse sua capacidade de intervenção, a indústria de alimentação animal continua buscando alternativas para minimizar os efeitos dessa paralisação, inclusive reivindicando urgente expediente do Executivo e do Legislativo no restabelecimento imediato do fluxo rodoviário. Confiantes na compreensão, registramos nossa disposição em recepcionar sugestões voltadas à mitigação do indesejável abastecimento".
As informações são das assessorias de imprensa das respectivas instituições citadas acima e do jornal Valor Econômico.