Intervenção na Parmalat continua; Polícia Federal vai investigar

A Parmalat Brasil S.A. entrou com recurso para suspender a intervenção, sob argumento de que não há fundamento jurídico: não existe dispositivo legal que autorize a nomeação de interventor numa simples ação cautelar. Porém, o juiz plantonista do 1º Tribunal de Alçada Civil, Luiz Buzaneto, negou ontem a liminar à Parmalat.

Os membros do comitê, nomeados pelo juiz Abrão, apuraram em levantamento preliminar que a Parmalat há três anos está com os balanços no vermelho, acumulando prejuízo de R$ 60 milhões. Isso, entretanto, não impediu a empresa de enviar para o exterior, nesse período, R$ 1,7 bilhão, através de contas CC-5 para o Uruguai, Estados Unidos e Itália, de 1996 a 2002.

Política Federal vai investigar empresa

A PF abrirá pelo menos três inquéritos para apurar suspeitas de lavagem de dinheiro e remessa ilegal de recursos da Parmalat para o exterior.

A PF vai pedir a transferência do sigilo bancário da Parmalat, que já foi levantado pela força-tarefa do governo e do Ministério Público que investiga o Banestado no Paraná. Além disso, segundo fontes da PF, serão pedidas as quebras do sigilos bancários e fiscal dos diretores e pessoas vinculadas às subsidiárias da multinacional no Brasil. A PF vai trabalhar basicamente na movimentação feita pela Parmalat via Banestado.

Ontem, o BC anunciou a proibição de remessas da empresa para o exterior; a Justiça solicitou do BC um levantamento das remessas já efetuadas pela empresa.

O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, deverá reunir-se hoje com o Senador Antero Paes de Barros (PSB-MT), presidente da CPI do Banestado, para analisar os dados levantados. A Receita Federal também está trabalhando no caso.

Preocupação com produtores

As repercussões do escândalo da Parmalat sobre seus fornecedores no Brasil têm sido o centro da preocupação dos parlamentares.

Ontem, a pedido do presidente da Comissão de Agricultura, o deputado Waldemir Moka (PMDB-MS), o presidente da Câmara dos Deputados, João Paulo Cunha (PT-SP), anunciou a criação de uma comissão especial para discutir o caso Parmalat.

Fonte: O Estado de S.Paulo (por Thélio de Magalhães, Lu Aiko Otta e Edson Luiz), adaptado por Equipe MilkPoint