Se você já assistiu ao programa Masterchef Brasil, uma competição culinária na qual frequentemente os cozinheiros são desafiados a pensar fora da caixinha, com certeza já escutou essa frase do chefe Henrique Fogaça: less is more!
Afunilando esse pensamento e pensando no setor lácteo, é exatamente isso que estamos vivenciando e com tendência de crescimento: produtos com menos ingredientes em suas formulações é uma das exigências do mercado consumidor. Então, o menos é mais faz totalmente sentido quando pensamos em inovações e lançamento de produtos lácteos.
Essa tendência é fortemente atrelada com a busca por produtos que ofereçam uma maior saudabilidade e bem-estar. Na indústria láctea, como as demais de alimentos, isso se traduz em oferecer ao consumidor produtos com menores teores de açúcar, gordura saturada, sódio, calorias e aditivos como os corantes artificiais. Todos estes pontos foram discutidos no primeiro dia do Fórum MilkPoint Mercado, realizado na última terça-feira (21).
De acordo com dados de uma pesquisa expostos em palestra por Gabriel Martini, da Döhler Brasil e Cone Sul, 62% dos consumidores evitam ativamente corantes artificiais em alimentos e bebidas. Além disso, ainda de acordo com Martini, os consumidores preferem reivindicações para todos os produtos naturais: "de fontes naturais" ou "100% natural."
Neste contexto, a redução de açúcar é o grande desafio do setor, uma vez que os consumidores desejam reduzir sua ingestão sem comprometer o sabor. Por isso, a indústria vem buscando alternativas, como o “uso de mel e stevia,” aponta Gabriel.
Retomando às questões de saudabilidade e bem-estar, segundo Ana Paula Gilsogamo, Analista Sênior da Alimentos e Bebidas – Mintel e também palestrante do evento, “os consumidores estão preocupados e dispostos a pagar mais por produtos com maiores atributos relacionados à posicionamentos saudáveis.”
De acordo com dados da Mintel, os laticínios, como queijos e o próprio leite, já estão relacionados a hábitos saudáveis. Nesta vertente de consumo, Ana Paula destaca que a busca por produtos que auxiliem o sistema imunológico e digestivo, a saúde mental, emocional e cognitiva cresceu entre os brasileiros.
Neste ponto, a Analista aponta que “as bebidas lácteas atendem a uma variedade de necessidades funcionais de bem-estar.” Neste item, Gabriel Martini também destaca que os “iogurtes bebíveis” estão muito atrelados à pauta de saudabilidade, pois englobam “frescor, vitamina C, B e probióticos.”
Mas, assim como os jurados do Masterchef querem pratos saborosos e que despertem prazer, o mesmo é esperado dos produtos lácteos pelos consumidores. Nesse raciocínio, Ana Paula frisa a indulgência ao sabor como uma forte tendência de consumo.
De acordo com ela, em uma pesquisa realizada pela Lightspeed/Mintel, 56% dos consumidores brasileiros mencionaram “sabores indulgentes” quando buscam por lácteos, como, por exemplo, iogurte com sabores de sobremesa. Além disso, 67% da maioria dos brasileiros enxerga o queijo como saboroso e que sentem prazer em comer e 27% relataram gostar de ter mais opções alternativas de leite, como leite saborizado.
Além do sabor, assim como as diferentes texturas em um prato são importantes, nos produtos lácteos não é diferente. Conforme a Lightspeed/Mintel os consumidores brasileiros buscam sobremesas e doces com textura adicionada (por exemplo, pedaços de frutas ou nozes).
Dessa forma, a indulgência abre um leque enorme para os laticínios. É possível adicionar aos produtos raspas de limão, chocolate e laranja, por exemplo (indulgência à textura). Também é possível utilizar preparados de frutas, como nos iogurtes bi ou tricamada (indulgência ao sabor). Mais que isso, é possível conciliar ambas as indulgências com às questões de naturalidade e alimentação saudável.
Além do produto em si, os consumidores estão atentos à sustentabilidade e ao bem-estar animal. Neste ponto, as possibilidades de inovações lácteas se voltam para duas frentes: embalagens e produtos orgânicos.
Em relação à primeira frente, embalagens recicláveis e com menor quantidade de plástico são bons exemplos de ações voltadas à sustentabilidade. Novamente, temos o “less is more.” Sobre o bem-estar animal, é possível observar nas gôndolas a crescente presença de embalagens com Qr Code, que por meio da rastreabilidade, permitem os consumidores saber da origem dos produtores porteira adentro. Entretanto, para Gilsogamo, não basta a indústria do leite inovar e agir nestas frentes, “é preciso comunicar ao consumidor,” ressaltou.
Retomando ao Masterchef, muito mais que uma competição culinária, o programa também entrega entretenimento e diversão. Novamente de encontro à atração, para Gabriel Sartini, outra vertente de inovações lácteas é “misturar tudo e divertir o consumidor entediado.” Como exemplos, Sartini elenca sabores sazonais, remix e produtos híbridos, e a mistura de texturas e sabores (doce e salgado).
Enfim, os caminhos e oportunidades das inovações em lácteos são muitos! Mas, é válido ressaltar que todos precisam ir de encontro ao “chefe final”, ou seja, ao consumidor. Lembre-se: less is more, menos é mais!
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