Goiás: grupos de produtores acusam Itambé

Duas associações de produtores de leite de Goiás que forneciam o produto para a Itambé acusam a empresa de "quebra de contrato" e mudança de regra de comercialização de forma "unilateral e arbitrária".

Segundo o presidente da Associação dos Pequenos Produtores do Morro do Cruzeiro (APPROMOC), de Pires do Rio (GO), Raphael Mandarino Junior, a Itambé instituiu um sistema de cota de fornecimento de leite para dezembro e janeiro, alegando excesso de estoques. Ele observa que a mudança ocorreu justamente no início da crise da Parmalat, que ajudou a derrubar os preços do leite no mercado.

Conforme Mandarino, a associação foi avisada do sistema de cotas no dia 16 de dezembro passado, quando já tinha entregue 16 dias de produção. Assim, diz, os produtores não puderam buscar outro comprador para o leite extra-cota.

O vice-presidente da Itambé, Jacques Gontijo, afirma que o sistema de cotas foi instituído por conta do aumento da oferta de leite no mercado. Segundo ele, a decisão, que vale para todos os fornecedores, foi tomada pela cooperativa no fim de novembro, portanto, antes da crise da Parmalat. "Foi coincidência", afirmou Gontijo.

Mandarino também acusa a Itambé de "mudar as regras do jogo" deixando de remunerar a associação pela totalidade da produção, o equivalente a 14 tanques, e passando a pagar por cada tanque. Como a escala de produção define o preço, os produtores passaram a receber menos pelo leite.

Gontijo diz que a mudança, também válida para todos os fornecedores, visa garantir a qualidade do leite recebido. "Não queremos mais comprar leite de associações para evitar problemas com a qualidade".

A Associação dos Pequenos Produtores Rurais do Maratá (Aprumar) da mesma região goiana, também foi afetada pela decisão da Itambé. O tesoureiro da Aprumar, Elson da Costa, crê que as mudanças se devem ao "efeito Parmalat".

Fonte: Valor OnLine (por Alda do Amaral Rocha), adaptado por Equipe MilkPoint