Goianos devem entrar na justiça e pretendem construir fábrica própria

Diante da resposta da Parmalat de que os R$ 6 milhões destinados ao pagamento dos produtores, cooperativas e pequenas indústrias de leite de Goiás estão bloqueados no Banco do Brasil, sem previsão para serem liberados, é inevitável o ingresso na Justiça para receber o débito. Os credores deram o prazo até sexta-feira (23) à noite para que a empresa depositasse o dinheiro na conta deles, o que não ocorreu.

A Parmalat garante que os R$ 6 milhões foram depositados na última semana, porém, o BB bloqueou os recursos para quitação de dívidas com o próprio banco, como havia feito com o depósito de R$ 7 milhões destinado ao pagamento dos produtores do Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Pernambuco.

O presidente da Comissão de Pecuária Leiteira da Federação da Agricultura (Faeg), Maurivan Siqueira, afirmou que o produtor quer o dinheiro em suas mãos, caso contrário entrará mesmo na Justiça.

Segundo Siqueira, os produtores não podem ficar aguardando indefinidamente o desenrolar do processo judicial, pois não sabem quando será liberado o dinheiro bloqueado pelo banco.

Construção

Cooperativas e produtores estão mesmo determinados em ter a própria indústria para beneficiar seus produtos, garantindo maior agregação de valor e melhor remuneração. Eles pretendem desengavetar o projeto de instalação de uma unidade industrial, elaborado há dois anos, e colocá-lo na mesa de discussão, nesta semana.

A unidade está orçada em R$ 80 milhões e garantiria a industrialização de 1,2 milhão de litros de leite/dia, transformando-os em leite longa vida, em pó e em outros subprodutos como queijos, manteiga, molhos lácteos e iogurtes.

O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária (Faeg), Macel Caixeta, vai aglutinar os produtores e agir politicamente junto aos governos federal e estadual para viabilizar financiamentos junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e ao Fundo Constitucional do Centro-Oeste (FCO) para a instalação da indústria. "A crise da Parmalat mostra, mais uma vez, como o setor é vulnerável e como precisamos ter a própria indústria para beneficiar nossos produtos". Haroldo Max, presidente da Centroleite, concorda.

O produtor Ronaldo Montes Filho, de Santa Helena, afirma estar disposto a contrair financiamento em banco ou até vender parte de seu patrimônio para ter dinheiro em caixa visando participar da construção da indústria de leite. Ele produz dois mil litros de leite por dia e disse que em seu município dezenas de outros produtores também têm a mesma disposição.

Rio de Janeiro: produtores podem ficar com fábrica da Parmalat

Onze cooperativas de leite do Estado do Rio de Janeiro, credoras da Parmalat, querem que a empresa pague a dívida repassando diretamente aos produtores leiteiros recursos que recebe de seus clientes, como supermercados que compram da multinacional italiana.

Se não houver acordo, as cooperativas estudam entrar com uma ação de execução judicial contra a Parmalat. Na prática, a empresa pode perder para as cooperativas a fábrica de Itaperuna por conta da dívida. A informação é da Folha de S. Paulo.

A Parmalat deve R$ 1,84 milhão a cinco dessas cooperativas. As 11 fornecem leite à unidade de processamento da Parmalat em Itaperuna (a 365 km do Rio).

As cooperativas também querem que a Parmalat faça a secagem do leite produzido por elas, transformando-o em leite solúvel. Em troca da secagem e da entrega imediata do leite em pó, os produtores podem abater dívidas ou continuar com o fornecimento de leite in natura à multinacional.

Parmalat atrasa pagamento em MS

A Parmalat deixou de pagar a parcela dos valores atrasados que deve à Cooperativa dos Produtores de Leite do Vale do Aporé (Coopervale), em Cassilândia (MS). O valor de R$ 120 mil, referente ao segundo pagamento, deveria ter sido depositado quinta-feira (22).

Os depósitos se referem ao montante de leite fornecido em dezembro. Os valores totais somavam R$ 360 mil e, conforme o acordo feito com os produtores rurais, deveriam ter sido pagos em três vezes. Apenas a primeira parcela foi quitada, no início de janeiro.

Fonte: O Popular/GO (por Sônia Ferreira), Folha de S. Paulo (por Ana Paula Grabois) e Correio do Estado/MS (por Messias de Queiroz), adaptado por Equipe MilkPoint