Friesland Coberco: Resultados sob pressão, marcas cada vez mais importantes em 2003

A Friesland Coberco Dairy Foods, cooperativa de lácteos holandesa que está entre as maiores do mundo, viu seu volume de vendas aumentar em 1% em 2003. Entretanto, o faturamento líquido da cooperativa foi prejudicado pelas diferenças de câmbio e pela redução nos preços de vendas, que caíram 3% para 4,6 bilhões de Euro (US$ 5,70 bilhões). A taxas de câmbio constantes, o rendimento líquido foi o mesmo de 2002. O lucro líquido caiu em 33%, para 56 milhões de Euro (US$ 69,49 milhões). O decréscimo foi principalmente devido ao decepcionante rendimento dos queijos, ao fortalecimento do euro e a maiores encargos de previdência. Por outro lado, o fluxo de caixa permaneceu forte, ajudando a uma redução do débito e a um fortalecimento da posição financeira.

Os ganhos computados antes de incidência de juros, impostos e amortizações (EBITDA) caíram 19%, para 188 milhões de Euro (US$ 233,30 milhões). O fortalecimento do euro contra o dólar norte-americano afetou de forma adversa o resultado operacional em cerca de 35 milhões de Euro (US$ 43,43 milhões). Além disso, os encargos de previdência na Holanda subiram em 30 milhões de Euro (US$ 37,23 milhões) e os custos de reorganização aumentaram para 19 milhões de Euro (US$ 23,57 milhões). O EBITA como uma porcentagem do faturamento líquido caiu de 4,9% para 4,1%.

Marcas

O faturamento das principais marcas da cooperativa, medido em euros, aumentou 2% e agora representa 44% do faturamento da companhia. A taxas de câmbio constantes, o faturamento de marcas chave direcionadoras aumentou em 8%. Os principais contribuintes deste crescimento foram as marcas Pöttyös Túró Rudi, Dutch Lady, Frisian Flag, Peak, Friso, Debic, Frico, NoyNoy e DubbelFrisss. Os lucros ganhos com as principais marcas aumentaram com relação a 2002, tendo uma contribuição acima da média nos resultados.

Pressão

Na Europa, especialmente, os resultados ficaram sob pressão, com o EBITDA caindo 37% para 113 milhões de Euro (US$ 140,23 milhões). Devido à recessão em uma série de países da Europa Ocidental, os gastos dos consumidores no mercado fora de casa caíram, e estes se tornaram mais conscientes com relação ao preço. Os preços de vendas dos queijos sem marca em particular foram pressionados para baixo em 2003 como resultado de um aumento no fornecimento. Este maior fornecimento de queijos e, conseqüentemente de soro de leite, também colocou os preços do soro sob pressão. Os volumes de vendas dos produtos lácteos foram pressionados devido à grande competição com os descontos dos supermercados.

Em 2003, o euro continuou se fortalecendo contra o dólar norte-americano, o que colocou o faturamento e as margens nos produtos de exportação sob pressão considerável. As margens na Europa Central foram mais reduzidas devido ao grande fornecimento de leite, à pobre posição de exportação seguida à abolição dos subsídios de exportação e à subseqüente competição acirrada nos mercados domésticos. O faturamento líquido na Europa caiu 2,5%, para 3,806 bilhões de Euro (US$ 4,72 bilhões).

Os encargos de previdência da Friesland Coberco para funcionários na Holanda aumentaram em 30 milhões de Euro (US$ 37,23 milhões) em 2003. Em 31 de dezembro de 2003, a relação de cobertura do fundo de pensão, incluindo a provisão de 3% no balanço geral da Friesland Coberco foi de 116%.

Uma provisão de 19 milhões de euro (US$ 23,57 milhões) foi formada para as reorganizações anunciadas de 2004 a 2007 para a produção de queijos, maturação e atividades de embalagem. A venda das atividades de massa cremosa da Friesland Madibic Food Service resultou em um rendimento excepcional antes dos impostos de 11 milhões de Euro (US$ 13,65 milhões).

Bons desenvolvimentos na Ásia e na África

Diferentemente do que ocorreu na Europa, a performance nos mercados da Ásia e da África foi boa. Na Ásia, o EBITDA subiu não menos do que 42%, para 88 milhões de Euro (US$ 109,20 milhões). A Friesland Coberco tem marcas e posição de mercado líderes na Indonésia, na Tailândia, na Malásia e no Vietnã, com as marcas Frisian Flag, Dutch Lady e Foremost, que lucraram com o aumento dos gastos dos consumidores. Os volumes de vendas aumentaram na maioria dos países e as participações de mercado se expandiram. A contribuição com o lucro dos produtos de marcas aumentaram. Durante 2003, o euro se fortaleceu com relação a uma série de moedas do sudeste asiático e da Nigéria. Conseqüentemente, quando traduzida em euros, a contribuição ao faturamento líquido da Ásia caiu 4%, para 676 milhões de Euro (US$ 838,91 milhões). A taxas de câmbio constantes, o faturamento líquido cresceu 10%. Na Nigéria, a posição líder da marca Peak se fortaleceu.

Fluxo de caixa

O fluxo de caixa das atividades operacionais ficou em 316 milhões de Euro (US$ 392,15 milhões). Em 2003, como no ano anterior, foi dada uma ênfase considerável ao gerenciamento do capital de giro, que foi reduzido em 54 milhões de Euro (US$ 67,01 milhões) para 198 milhões de Euro (US$ 245,71 milhões). Isso foi auxiliado pelo foco progressivo no gerenciamento de ações e nos termos de pagamento de devedores e credores. Em média, o capital de giro foi 4,9% do faturamento de 2003, com o dado comparativo de 2002 sendo de 5,9%. Os gastos de capital em bens fixos tangíveis ficaram em 177 milhões de Euro (US$ 219,65 milhões), 65 milhões de Euro (US$ 80,66 milhões) a mais do que a depreciação. Este gasto foi causado principalmente devido às reorganizações da Frico Cheese, Friesche Vlag, Borculo Domo Ingredients e Friesland Consumer Products e às expansões da Friesland Asia Pacific e Friesland Consumer Products.

Melhorias no fluxo de caixa resultaram em uma redução nos débitos. Somado às menores taxas de juros, isso levou a um decréscimo de 7 milhões de Euro (US$ 8,68 milhões) nos juros para 39 milhões de Euro (US$ 48,39 milhões).

Dividendos

Os dividendos amortizáveis para cada ação A foram de 1,74 Euro (US$ 2,15) - em 2002: 2,97 Euro (US$ 3,68) e para cada receita depositária de ações B, 3,48 Euro (US$ 4,31) - 2002: 5,94 Euro (US$ 7,37). O dividendo por ação caiu devido à queda no lucro líquido e ao aumento no número de receitas depositárias para ações B. Este aumento foi resultado da conversão de certificados e capitais de membros em receitas depositárias.

Finanças

O balanço geral e o capital de base se fortaleceram em 2003. No meio de 2003, a Friesland Coberco emitiu notas subordinadas cumulativas perpétuas por um total de 125 milhões de Euro (US$ 155,12 milhões). Os fundos obtidos foram usados para reembolsar obrigações em curto prazo, que fortaleceram o balanço geral, uma vez que as notas subordinadas cumulativas fazem parte do capital de base. Parcialmente como um resultado, a relação da capacidade de pagamento aumentou de 29% para 34% nos dados do balanço geral, de forma que a meta da empresa de 30% foi atingida.

Os débitos líquidos caíram em 2003 em 195 milhões de Euro (US$ 241,99 milhões) para 667 milhões de Euro (US$ 827,74 milhões). A redução no capital de giro, o bom fluxo de caixa em 2003 e os negócios das notas perpétuas foram os principais contribuintes disso.

No final de 2003, US$ 213 milhões em notas seniores foram emitidas em um ambiente privado com investidores institucionais nos EUA e cerca de 20 milhões de Euro (US$ 24,82 milhões) foram colocados com investidores europeus. As notas, com um termo de sete a 10 anos, foram usadas para substituir os débitos bancários de curto prazo. O efeito foi um decréscimo na proporção do débito de curto prazo no portfólio de empréstimos e uma redução substancial na dependência de empréstimos de bancos.

A Friesland Coberco considera uma posição financeira confortável como sendo vital. Um forte balanço geral permite proteção contra problemas inesperados, o que é importante para a continuidade e o fortalecimento da companhia em longo prazo. O objetivo permanece sendo a redução dos débitos líquidos e a manutenção da relação da capacidade de pagamento acima de 30%, gerando um bom fluxo de caixa.

Previsões

As condições de mercado para 2004 não são muito claras. Somente uma lenta recuperação é esperada para a economia na Europa Ocidental, enquanto que as previsões de mercado para o sudeste asiático são favoráveis. Não têm sido divulgadas muitas informações sobre os resultados de 2004 devido às incertezas referentes às taxas de câmbio do euro e do nível de preços do leite como resultado da nova política da União Européia (UE).

A Friesland Coberco Dairy Foods é uma companhia multinacional de lácteos que desenvolve, produz e vende uma série de produtos lácteos de marcas e bebidas de frutas para o mercado consumidor, para usuários profissionais e produtores de alimentos. Particularmente na Europa Ocidental, na Europa Central, no Oeste da África e no Sudeste da Ásia a Friesland Coberco tem uma forte presença no mercado de lácteos. O faturamento da empresa soma 4,6 bilhões de Euro (US$ 5,70 bilhões). A empresa emprega 18 mil funcionários, sendo 12,5 mil fora da Holanda. As marcas líderes da empresa são Appelsientje, Bonnet, Chocomel/Cécémel, Completa, CoolBest, Debic, DubbelFrisss, Dutch Lady, Extran, Frico, Friso, Foremost, Friesche Vlag, Frisian Flag, Fristi, Milli, NoyNoy, Peak, Pöttyös Túró Rudi, Rainbow e Taksi.

Em 2003, foram processados 5,3 bilhões de quilos de leite na Holanda (em 2002: 5,1 bilhões), contendo 4,450% de gordura (2002: 4,461%) e 3,484% de proteína (2002: 3,477%). No final de 2003 cerca de 11,028 mil propriedades leiteiras forneciam leite para a Friesland Coberco (em 2002: 11,356 mil).

Em 09/03/04 - 1 Euro = US$ 1,24100
0,80580 Euro = US$ 1 (Fonte: Oanda.com)

Fonte: Friesland Coberco Dairy Foods (www.fcdf.com), adaptado por Equipe MilkPoint