Estudo aponta que pagamento direto estimulará produção na UE

Publicado por: MilkPoint

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De acordo com um recente estudo, os novos pagamentos diretos da União Européia (UE) para os produtores de leite, que entrarão em vigor a partir de 2005, deverão estimular a eficiência, a consolidação e o aumento das propriedades leiteiras - e provavelmente manterão a produção nos níveis atuais.

O relatório sugere que os produtores de leite provavelmente considerarão os novos pagamentos como parte de sua receita pela produção de leite, ao invés de um suplemento isolado da renda, e, desta forma, a produção será sustentada nos níveis atuais. Sem os subsídios, concluiu-se que a lucratividade e a produção das propriedades leiteiras da Europa cairiam substancialmente.

Além disso, vendo pelo ponto de vista dos objetivos da política européia, a nova política terá o oposto da extensificação da produção pretendida, mas, ao invés disso, levará à intensificação da produção e à não redução na produção de leite.

Essas conclusões são contrárias ao que antes se supunha, visto que, com pagamentos diretos, não atrelados à produção, como hoje, a tendência seria de redução no crescimento.

Uma questão crucial a ser respondida em qualquer avaliação sobre o impacto da nova política leiteira da UE é: os produtores de leite considerarão os pagamentos diretos como desacoplados no sentido prático, não sendo parte de seus cálculos de lucros e perdas ou eles incluirão estes pagamentos em sua soma de rendimento total e, então, como uma importante contribuição de sua lucratividade?

Se os produtores, como se espera, tratarem qualquer pagamento direto como acoplado, a dependência dos preços do mercado para determinar a oferta será reduzida e há uma grande chance de que a cota nacional seja totalmente preenchida e que mais produtores permanecerão. Se, por outro lado, os produtores tratarem os pagamentos diretos como desacoplados, as projeções apresentadas são de que o incentivo aos preços poderá cair.

A aplicação desta nova política a partir de 2005, combinada com as condições do mercado doméstico e dos mercados internacionais, deverá produzir um declínio estável nos preços do leite. Até 2010, esta combinação reduziria o preço ao produtor abaixo dos custos médios de produção e, sem os subsídios, a expectativa é que isso resultasse em uma redução substancial na produção de leite.

Os produtores de leite não respondem e não responderão de uma forma economicamente racional às reduções na lucratividade. Muitas propriedades leiteiras familiares permanecerão no negócio, apesar do fato de suas operações não estarem dando o retorno adequado ao trabalho da família. Em outras palavras, eles estão determinados a se manter como produtores de leite apesar do fato de estarem ganhando menos do que o ganho médio. Por extensão, assume-se que esta atitude resultará no fato de os pagamentos diretos serem considerados como formas de manutenção dos negócios ao invés de um suplemento isolado da renda.

As implicações do relatório para a realização ou para a obtenção da meta da UE de extensificação são sérias. Os dados sugerem que um grande número de pequenas propriedades leiteiras que terão menos lucros deixará a atividade, mas a lucratividade para as unidades eficientes, geralmente maiores, será mantida.

À medida que os produtores menores, menos eficientes, forem forçados a deixar a atividade, seus recursos, incluindo a alocação da cota, serão tomados por outras unidades maiores. Poucos produtores estarão produzindo a mesma quantidade de leite em unidades rurais maiores e de forma mais intensiva.

O relatório afirma que a maioria das propriedades leiteiras menos lucrativas estava no grupo das de "menos de 70 vacas" na pesquisa de 2002-03. Além disso, as propriedades com maior lucratividade estão no grupo de propriedades maiores.

O pagamento de subsídios fará pouco para interromper o declínio na lucratividade destas pequenas propriedades rurais. Este irá, entretanto, melhorar e manter a lucratividade nas unidades maiores e deverá acelerar a tendência de mudança na estrutura rural da última década.

A avaliação das intenções futuras nas propriedades rurais pesquisadas mostrou que a intenção de expansão da produção durante os próximos cinco anos aumenta com o tamanho do rebanho. Três quartos das fazendas da categoria de "150 vacas ou mais" pretendem aumentar sua produção.

Estes dados reforçam bastante o cenário de pequenos rebanhos tendo uma redução severa no número, enquanto alguns produtores leiteiros estão planejando a expansão a uma taxa que irá mais do que compensar aqueles que estão saindo da atividade em termos de potencial de produção.

Mas, em uma situação de aumento de produtividade onde o subsídio direto é considerado como uma importante contribuição da lucratividade, a produção de grandes propriedades aumentará e a produção da UE se manterá no nível atual de 15% acima do consumo doméstico médio. Desta forma, é provável que o mercado mundial de lácteos possa esperar nenhuma redução na pressão feita pelos excedentes da UE.

Fonte: Serviço Agrícola Externo (Foreign Agricultural Service - FAS), Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), publicado em CattleNetwork.com, adaptado por Equipe MilkPoint
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