Entrada de novos países na EU não deverá impactar as exportações brasileiras de lácteos

Publicado por: MilkPoint

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A entrada de novos países na UE pode não impactar as exportações do leite brasileiro, no curto prazo. Isso se deve ao fato de o Mercosul não ser um exportador tradicional de produtos lácteos para o mercado europeu. As primeiras modificações com o alargamento do bloco, se darão internamente como a adequação aduaneira, que não é a mesma para as 25 nações. Todos os países que tiverem diferentes tarifas de importação terão que se adequar, para mais ou para menos, à de todo o bloco. "A tarifa da União Européia, hoje, para o leite em pó é de € 118,8 - extra quota - por cada 100 kg importado, atualmente a quota européia de importação de países que não são novos membros UE nem da ACP (que contempla nações da África, do Caribe e do Pacífico) é de 68 mil toneladas" , explica o pesquisador do Ícone, Antonio Josino Meirelles Neto.

Segundo ele, o Mercosul exporta muito pouco, em produtos lácteos, para União Européia. "Do total de produtos agrícolas exportados pelo nosso bloco à UE, menos de 1% é composto de produtos lácteos", conta. O pesquisador informa que o processo de alargamento do bloco implica em modificações da agricultura dos 10 países que estão entrando, pois apesar da agricultura deles ainda ser voltada basicamente à subsistência, composta de pequenas fazendas, a atividade tem uma grande influência no PIB de cada nação e com a entrada no bloco eles necessitarão reestruturar de modo a atender as necessidades desse mercado e aumentar a comercialização desses produtos.

"As nações serão contempladas com uma quantidade inicial de benefícios da Política Agrícola Comum (PAC) da ordem de 25% dos subsídios concedidos aos membros da UE-15. Ao longo de dez anos, estes subsídios serão reajustados até que todos os países da UE-25 recebam a mesma quantidade de benefícios", informa Meirelles Neto. Ele conta que uma parte considerável desse subsídio deve ser destinado a atividades relacionadas ao desenvolvimento rural, não acionável na OMC, denominado caixa verde, que visa passar a atividade desses mercados de agrícola de subsistência à agricultura de mercado.

Já para Marina Brito, diretora da Sertrading (sócia da Serlac), a entrada dos países no bloco pode até fazer com que os subsídios concedidos pelo bloco à produção de leite, caiam unitariamente, "já que haverá um grupo maior de países para dividir o bolo". Segundo ela haverá uma produção maior a ser subsidiada e conseqüentemente, a Europa passará a ofertar o produto com o preço um pouco superior ao que oferece hoje no mercado mundial.

Para Gilman Viana Rodrigues, vice-presidente para Assuntos Internacionais da CNA, há dois cenários possíveis. "Os produtos agrícolas que países do leste europeu vendem hoje para Europa tarifados passarão a ser vendidos sem tarifas e se esses produtos forem do nosso interesse, eles ocuparão nosso lugar nas exportações; outro cenário é que pelo fato dessas nações serem mais pobres que os demais da UE, os mais ricos repartam oportunidades de investimento e riquezas com eles. Como os novos países têm taxa de escolaridade alta e um grande potencial de consumo, que só não é mais ativo devido a baixa renda, em médio prazo eles podem se tornar um interessante mercado", analisa.

Na opinião de Rodrigues, mesmo que esses países obtenham mais subsídios da Europa, no longo prazo, eles não deverão ameaçar o Brasil, como concorrentes em outros mercados para os quais o País está avançando como exportador de lácteos. "Os subsídios concedidos pela Europa à sua agricultura, hoje, não exigem aumento da produção mas garantem o benefício ao agricultor. Com isso não há aumento do volume produzido, o produtor enfia o dinheiro no bolso e conseqüentemente não há aumento de competitividade internacional", prevê.

Fonte: Paulo Roberto Brino Mattus, da Equipe MilkPoint
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