Dívida da Parmalat com bancos brasileiros pode chegar a R$ 1 bi
Publicado por: MilkPoint
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A conta cresceu com a inclusão de estimativas das dívidas de duas holdings: a Parmalat Empreendimentos e Administração, que tem capital fechado e é quem controla a empresa operacional, a Parmalat Indústria de Alimentos, e a empresa que está acima de todas, a holding Parmalat Participações do Brasil. Ambas não divulgam balanço.
As holdings são utilizadas como veículo de financiamento das operações da empresa italiana nas Américas. Uma delas teria sido a emissora de pelo menos US$ 500 milhões em títulos, em operação conduzida pelo Santander Banespa, que está sendo investigada pela Justiça italiana.
De acordo com matéria publicada pelo Financial Times na terça-feira (06), metade do dinheiro foi investido no Brasil, mas o restante fez um caminho desconhecido até surgir em Malta. O banco não quis comentar.
Os bancos instalados no Brasil já estão se movimentando para uma provável operação de reestruturação das dívidas da empresa italiana ou até para uma possível concordata, tida como "a única defesa contra os credores neste momento", segundo um advogado. Uma fonte informou que a maior parte dos bancos não tem garantias dos créditos concedidos às holdings. Poucos teriam em mãos recebíveis da empresa operacional, a única de capital aberto. Os principais credores bancários já estariam, também, provisionando as operações com a empresa no balanço de 2003, que está em fechamento. Os bancos de capital nacional têm poucos créditos a receber. A maior parte das dívidas está concentrada em bancos de capital estrangeiro.
Já começa a se formar um mercado de títulos da dívida da empresa, negociados com desconto. Inicialmente, o deságio seria de 20%, mas o percentual subirá se a solução demorar, disse uma fonte que participou, ontem, de uma reunião de bancos credores. Nesse encontro, comentou-se a possibilidade de a empresa seguir a matriz e também pedir concordata. Apesar de factível, alguns bancos lembram que o momento não é propício para essa medida por causa das férias forenses.
Além das dívidas a pagar, a Parmalat começa a sofrer os efeitos da falta de novos créditos. Um momento crucial será o da eventual extinção do fundo de recebíveis da Parmalat que secará, na prática, as fontes de capital de giro. Os bancos aguardam a chegada da Itália do diretor financeiro da Parmalat Alimentos, Andrea Ventura, para conhecer as propostas da empresa.
No balancete de setembro, a situação financeira da Parmalat Alimentos já era bastante apertada no curto prazo. A empresa tinha apenas R$ 8,8 milhões em caixa e um passivo circulante de R$ 564,7 milhões. Desse total, R$ 317,4 milhões eram dívidas bancárias e R$ 181,2 milhões, compromissos com fornecedores. "Se ela já estava em dificuldades, com a crise, as coisas certamente vão piorar", disse Ariovaldo dos Santos, professor de contabilidade da Universidade de São Paulo (USP).
Para complicar o cenário, 84% dos recursos que a Parmalat tem a receber no longo prazo referem-se a créditos com outras empresas do grupo (R$ 197,9 milhões). Em setembro, os prejuízos acumulados eram de R$ 433,2 milhões. Esse valor seria ainda maior se não tivesse transferido à controladora indireta - Parmalat Participações do Brasil - boa parte dos custos que teve com a reestruturação de suas operações no país.
Fonte: Valor (por Maria Christina Carvalho, Talita Moreira e Raquel Balarin), adaptado por Equipe MilkPoint
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