Cooperativas buscam formas de escoar a produção
Publicado por: MilkPoint
Publicado em: - 3 minutos de leitura
Assim com outros fornecedores pegos de surpresa pelo colapso do grupo italiano, a Cooperlaqui saiu em busca de outros compradores, como Nestlé, Danone e Italac. O movimento deve evitar o desabastecimento no mercado de leite, livrando os consumidores dos efeitos da crise. No entanto, há um preço a ser pago pelos produtores. E não é baixo.
Estimativa da Confederação Brasileira de Cooperativas de Laticínios indica que eram 20 mil os produtores que trabalhavam com a Parmalat, diretamente ou indiretamente, até dezembro.
A Cooperlaqui, que tem 161 associados com uma produção média de 78 litros cada, vai vender para a Nestlé os 24 mil litros de leite que entregava todos os dias à Parmalat. Detalhe: a fábrica da Parmalat em Santa Helena fica a 80 quilômetros da cooperativa. A unidade do grupo suíço em Goiânia está a 300 quilômetros.
Não bastasse ter de ir mais longe para entregar o leite, os produtores estão recebendo menos por isso. "No mês de novembro, a Parmalat estava pagando R$ 0,40 por litro. Em dezembro, a Nestlé pagou R$ 0,38", disse o presidente da Cooperlaqui, Luiz Antônio Rosa Andrade.
O problema é que os fornecedores saíram em busca de compradores para seu leite em pleno período de safra, o que desvalorizou o produto. "Normalmente, o preço do leite cai 2% entre outubro e janeiro. Este ano caiu 8%", afirmou o presidente da Leite Brasil, Jorge Rubez.
Nesse ambiente, os pequenos fornecedores são os mais prejudicados, já que normalmente recebem dos laticínios preços menores do que os grandes fornecedores.
Depois que começou a entregar à Nestlé, a Cavil, de Bom Jesus de Itabapoana (RJ), também passou a receber preços mais baixos. A cooperativa entregava 50 mil litros diários para a Parmalat, em Itaperuna (RJ), mas passou a vender para outras empresas. A Nestlé está recebendo 25 mil litros. "Os preços caíram 20% em comparação com a época em que vendíamos para a Parmalat", afirmou o diretor da cooperativa, Elilton Ramos Paes.
Como no caso da Cooperlaqui, o menor preço deve-se, em parte, ao aumento da distância entre cooperativa e indústria. Enquanto a fábrica da Parmalat está a 35 quilômetros, a da Nestlé, em Teófilo Otoni (MG), fica a 600 quilômetros.
Para o presidente da Centroleite, central que reúne 13 cooperativas de leite em Goiás, Haroldo Max, o desabastecimento de leite será evitado com a transferência de fornecedores para outras empresas. Porém, a crise da Parmalat pode impedir a recuperação dos preços, que normalmente acontece nesta época do ano.
A Centroleite, por exemplo, vendia um milhão de litros por mês para a Parmalat até dezembro, quando os pagamentos começaram a atrasar. Agora, esse volume está sendo entregue para outras empresas com as quais a central já trabalhava anteriormente, como Nestlé, Italac e Leite Bom.
Rubez reconhece que todos os produtores devem perder um pouco e que a crise pode levar alguns a desistir da atividade. Mas, segundo ele, outros laticínios devem absorver a captação da Parmalat, que era de 2,6 milhões de litros diários antes da crise. "As empresas já tentam ocupar o lugar da Parmalat no varejo".
Ele acrescenta que, hoje, a capacidade das empresas de absorver leite é igual à capacidade de consumo. Por isso, o laticínio que comprar mais leite vai ter mais poder de venda. O presidente da Leite Brasil não acredita em desabastecimento. "As vacas não deixarão de produzir leite".
Fonte: Valor OnLine (por Alda do Amaral Rocha), adaptado por Equipe MilkPoint
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