Pouco mais de um ano após adquirir a Ades, a Coca-Cola Brasil muda a estratégia para a marca de sucos à base de soja, que pertencia à Unilever, incorporando ao portfólio bebidas fabricadas com outros vegetais como amêndoas e coco. Até 2025, os sucos com outras matérias-primas serão responsáveis por 50% do crescimento da Ades.
Com as mudanças, a fabricante quer avançar em bebidas vegetais, exceto as de soja, que segundo a Euromonitor cresceram 31,2% em 2017, para 2,6 milhões de litros, com potencial de expansão anual média de 11,2% para o período de 2017 a 2022. Na contramão, o volume das bebidas com soja, caiu 8%, a 135,8 milhões de litros. Até 2022, a estimativa é de queda anual de 6,5%.
"Estamos observando a retomada das bebidas à base de soja, que já registram crescimento em relação a 2017. A marca Ades está ganhando participação de mercado, que conforme dados da Nielsen atingiu 62%", afirmou Pedro Massa, diretor de novos negócios da Coca-Cola Brasil. O executivo disse que a empresa ainda apresentará mais novidades nessa categoria. Massa disse que após comprar a marca de bebidas por US$ 575 milhões em março de 2017, esse redirecionamento da estratégia é a principal iniciativa. No futuro, poderão ser incorporados ao portfólio itens cujas matérias-primas são arroz, nozes e aveia.
"A população vegana tem crescido nos últimos anos. Os produtos da marca complementam nosso portfólio", disse. Nos Estados Unidos, a soja responde por 30% de participação nas vendas das bebidas de origem vegetal, enquanto os 70% restantes são de outras fontes como a amêndoa e o arroz, por exemplo. O diretor de novos negócios da Coca-Cola Brasil disse que o mercado brasileiro ainda consome essencialmente produtos à base de soja. De acordo com o executivo, o preço dos produtos e a capilaridade de distribuição são os principais fatores que levarão as bebidas de amêndoas e coco a ganharem mercado.
"Dobramos os canais de distribuição da Ades desde a aquisição", afirmou Massa. Atualmente, os produtos da companhia estão em 1 milhão de pontos de venda. No segmento de bebidas vegetais, a Coca-Cola enfrentará a concorrência da Danone, dona da marca Silk, que vende produtos à base de amêndoas. A Nestlé possui a Nesfit, feita a partir do arroz. A AmBev lançou em janeiro uma linha de bebidas à base de coco com a marca Do Bem. A Frysk Industrial, controladora da Obrigado, também atua no segmento desde 2016. Os novos produtos Ades serão produzidos nas fábricas da Coca-Cola, enquanto os itens da linha tradicional da marca continuam nas unidades de produção da Unilever, conforme o contrato estabelecido entre as empresas no ano passado. A marca Ades era vendida só na América Latina, mas a Coca-Cola iniciou, neste ano, a venda em 16 países da Europa. No exterior, a grafia mudou para "Adez" e as bebidas são fabricadas nas unidades locais da multinacional.
As informações são do jornal Valor Econômico.