Cadeia leiteira se reúne para discutir consumo do produto

Publicado por: MilkPoint

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Cerca de 200 profissionais do setor leiteiro se reuniram ontem na Esalq/USP, em Piracicaba (SP), no encontro "Para onde caminha o consumo de leite do brasileiro", no qual foram discutidas propostas para aumentar as vendas do produto. Na ocasião foram apresentados dados relativos à produção e ao consumo do leite no Brasil pelo presidente da Láctea Brasil, Paulo Portilho e por Cláudia Fioratti, diretora comercial da LatinPanel (Ibope). O evento também contou com uma apresentação do diretor da Sociedade de Endocrinologia e Metabologia Brasileira, João Rodolfo Cunha Borges, sobre os benefícios à saúde que o leite gera.


Borges, discorrendo sobre os benefícios que
o consumo de leite geram a saúde
Foto: Leonardo Rodrigues

Na abertura, Portilho falou sobre as características do setor. Segundo ele, um dos grandes problemas do setor é a pouca força política, que deriva da desunião do segmento. Sobre a produção, o presidente da entidade indicou como problema o fato de a produção ser pulverizada e a comercialização concentrada em poucos centros, além da diversidade dos métodos de produção, que fazem com que o produto fornecido aos laticínios não seja uniforme. "Tomemos como o setor de automóveis, que concentra a produção dos veículos e pulveriza a distribuição, visando aumentar a lucratividade, exatamente o contrário do que a cadeia leiteira faz" explicou Portilho.

Consumo de Leite no Brasil

No levantamento sobre o consumo do produto nos domicílios brasileiros apresentado pela LatinPanel (Ibope) foi revelado que o consumo de leite fluido nas residências do País aumentou 4% sobre em 2003, com relação ao ano anterior. São sete litros a mais consumidos por família de quatro pessoas. O consumo nacional por residência ficou em torno de 200 litros - em 2003 - com um gasto médio de R$ 72,00 por ano.

A pesquisa, realizada entre 1998 e 2003, apontou pouca variação no consumo do produto durante o período. Considerando os dados do primeiro ano da pesquisa, o consumo do produto cresceu 8% e sua penetração alcançou no último ano 99,4% dos lares do País, tendo variado menos de 0,5% nos anos em questão. Os dados foram obtidos junto a 3,8 milhões de domicílios.

Foi identificado que o leite UHT está presente em 80% das residências do País, o leite em pó em 59%, o pasteurizado em 49% e o leite cru em 24%. A maior parte dos lares brasileiros consome dois ou mais tipos de leite.

O levantamento tem o objetivo de identificar em que nichos de mercado o consumo de leite pode aumentar. Um deles são consumidores classificados como "leves", com baixo consumo do produto. Foi averiguado que atualmente cerca de 90% dos domicílios incluem leite principalmente no café da manhã, ao passo que em outros momentos de consumo, não chega a 30%. "Isso demonstra que campanhas no sentido de estimular o consumo do produto em outros momentos do dia podem ser muito frutíferos", afirmou Cláudia.

A diretora comercial enfatizou também que o leite ainda está muito ligado a crianças, o que significa que públicos de outras faixas etárias poderiam ser estimulados a aumentar o consumo. Segundo ela, cerca de 23% dos domicílios nacionais têm crianças e consomem 30% do total de leite fluido comercializado. Ao analisar a participação dos diferentes tipos de leite - UHT, pasteurizado, cru e em pó - nos mercados regionais, abriu-se mais uma frente de ação para os interessados na venda de leite formal. As regiões Norte e Nordeste, por exemplo, absorvem aproximadamente 40% do leite cru comercializado no País e 67% do produto em pó.

Leite ajuda prevenir doenças relacionas à falta de cálcio

O diretor da Sociedade de Endocrinologia e Metabologia Brasileira, João Rodolfo Cunha Borges, apontou benefícios no consumo do leite em quantidade adequada sobretudo à prevenção de doenças relacionas à baixa resistência dos ossos. A osteoporose, a exemplo de outras de sua categoria, praticamente não apresentam sintomas. Apenas depois de uma fratura é possível detectar a doença. Dados apresentados pelo Dr. Cunha Borges mostram que 50% dos seus pacientes que apresentaram uma fratura no quadril, por exemplo, não conseguiram mais caminhar sozinhos e, outros 22% morreram antes de completar um ano do trauma. Os números são ainda mais surpreendentes, mostrando que mais de 72% das mulheres brancas acima de 50 anos e mais de 42% dos homens brancos também acima dessa idade já apresentam sintomas relacionados à osteoporose ou a outras doenças atribuídas à falta de cálcio. "Olhem esses números! Seria bem mais fácil prevenir do que remediar", afirma o médico.

Uma das soluções sugeridas pelo médico e que deverá ser abordado em congressos médicos é a prevenção com o uso em quantidade adequada do leite, que ajuda na coagulação sanguínea, além de interferir positivamente na densidade óssea e dentária. Recomenda-se, por exemplo, que crianças de 1 a 8 anos consumam 800 miligramas/dia; de 9 a 18 anos, entre 1.200 e 1.500 mg/dia; dos 19 aos 50 anos, 1.000 mg/dia e acima dos 51, entre 1.200 e 1.500 mg/dia. Segundo informações do médico, essa quantidade não é consumida pelos brasileiros, com o consumo de leite variando em função da classe econômica e da presença de crianças na família.

Cunha Borges afirmou que a entidade deve iniciar campanha de conscientização e prevenção à osteoporose através de congressos e pela mídia. Aumentar o nível de conhecimento da importância do leite e seus derivados e modificar os hábitos alimentares devem ser alguns dos pontos mais abordados. Além disso, a criação de um selo nos produtos industriais deve favorecer os consumidores, indicando a quantidade exata de cada componente do produto. Cunha Borges é colunista do MilkPoint na seção Leite & Saúde.

Fórum

O evento foi encerrado com a realização de um fórum para a definir ações que devem ser implementadas pela Láctea Brasil com o apoio de todos os representados. Para contabilizar as opiniões dos participantes foi realizada uma enquete por escrito durante o evento. As medidas consideradas prioritárias para estimular o consumo do leite foram o marketing institucional e inclusão na merenda escolar, com 90% cada; ações convergentes dos diversos elos da cadeia láctea e demais segmentos da sociedade foi assinalada por 71% dos participantes. Fortalecimento do cooperativismo foi citado por 36% dos presentes e redução da carga tributária sobre lácteos, por 25%. Por último, ficaram ações que combatam a informalidade e outras focadas na diversificação de canais de distribuição, com 21% cada.

Fonte: Paulo Roberto Brino Mattus, da Equipe MilkPoint
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