Aumento do salário mínimo não deve impactar no consumo de leite

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O aumento no salário mínimo concedido pelo governo foi de R$ 20, passando à R$ 260, o que representa um crescimento nominal de 8,33% ou de real de 1,21%. O incremento foi considerado baixo pela oposição, que vai trabalhar na Comissão Mista do Legislativo para que o novo valor chegue a R$ 275. Segundo profissionais do setor lácteo, esse percentual é insuficiente para que o consumo do leite cresça significativamente, mesmo sendo esse um produto cujo consumo está ligado ao poder de compra da população.

Segundo o Cepea, da Esalq/USP, o aumento do preço pago ao produtor em abril foi de 5,4%, o que reflete na gôndola do supermercado. O pesquisador desse centro, Leandro Ponchio, cita um estudo da FGV, que indica que para a demanda por leite aumentar em 6%, o aumento da renda da população precisa ser da ordem de 10%. O pesquisador afirma que para que o aumento do salário mínimo impactasse significativamente no consumo do produto, o percentual teria que ser bem maior, porém ele preferiu não arriscar um palpite. Ponchio lembra que o aumento no poder de consumo impacta apenas o consumidor de baixa renda: "quem tem renda maior não vai tomar meio copo de leite a mais porque passou a ganhar mais", disse. Outro inibidor do consumo, segundo ele, pode ser o fato de estarmos na entressafra, o que aumenta o preço do produto, devido à queda na produção.

A opinião de Alexandre Maia, presidente da Leite Nilza, também é de que "o acréscimo será nulo para aumentar a demanda do consumidor de baixa renda por leite, já que o ganho real foi muito próximo a zero". Ele afirma que a situação está bastante complicada, "não só para o setor lácteo, como para toda a cadeia de alimentos". Maia afirma que a atual recessão prejudica tanto o consumidor como o fabricante. "O preço dos insumos e fertilizantes tem subido muito mais do que a inflação, na outra ponta o consumidor de baixa renda também está com o salário bastante achatado, o que não permite um repasse integral no preço final do produto espremendo as margens de lucro, que hoje, para o fabricante, estão próximas a zero", reclama.

Segundo Maia, mais do que um maior aumento, "o salário mínimo deveria fazer parte de um contexto de medidas macroeconômicas de aquecimento do consumo para nortear o País, como a diminuição da taxa Selic e diminuição do compulsório do banco central junto aos bancos privados", sugere. Segundo ele, com medidas assim as linhas de investimentos, o custo do dinheiro e conseqüentemente a recessão diminuiriam e aumentaria a demanda interna por produtos. "Com a economia como está o produtor continuará recebendo pouco, as indústrias continuarão fechando no vermelho e a população passando fome", afirma.

Fonte: Paulo Roberto Brino Mattus, da Equipe MilkPoint
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