Alimentos enriquecidos com vitamina D

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Por Marise Lazaretti Castro1

A vitamina D é fundamental para o completo aproveitamento do cálcio alimentar e para a saúde dos ossos. Sua deficiência determina o aparecimento de alterações ósseas que variam desde a osteoporose até quadros mais graves de raquitismo e osteomalácea, cujo significado é o amolecimento ósseo. A vitamina D atua aumentando a absorção intestinal de cálcio e fósforo, as principais matérias primas para a mineralização do esqueleto. É a deposição de sais de fosfato de cálcio na forma de cristais de hidroxiapatita sobre as fibras de colágeno ósseo que torna este tecido resistente.

Foi no início do século passado que se descobriu que o uso de óleo de fígado de bacalhau prevenia o raquitismo da mesma forma que os banhos de sol. A partir destes fatos, os cientistas descobriram que a vitamina D é sintetizada na pele sob estímulo da luz solar, mais precisamente os raios ultravioletas. Muitos estudos foram e continuam sendo feitos sobre todos efeitos da vitamina D no organismo, e sua importância vem sendo cada vez mais reconhecida. Infelizmente, são escassas as fontes alimentares de vitamina D, e sua concentração no organismo depende quase que exclusivamente da síntese cutânea após exposição solar. As principais fontes de vitamina D são peixes gordurosos, como salmão, e enguia, óleos de fígado de bacalhau, e em menor quantidade ainda em cogumelos expostos ao sol, e gema de ovo, alimentos não habituais em nossa dieta.

Em 1924 Steenbock propagava a importância do enriquecimento alimentar com vitamina D, e EUA, Canadá e Europa aderiram ao programa de enriquecimento alimentar, e conseguiram assim erradicar o raquitismo por volta de 1940. Naquela ocasião, vários tipos de alimentos eram enriquecidos, como bebidas alcoólicas, leite e pães. Entretanto, nos anos 30 o Food and Drug Administration proibiu a utilização de bebidas alcoólicas para suplementação vitamínica, e nos anos 50 casos de intoxicação por vitamina D foram identificados na Europa, e o enriquecimento alimentar passou a ser proibido em muitos destes países por um longo período. A intoxicação também foi descrita em crianças dos Estados Unidos, e decorreram da falta de homogenização da vitamina D nos tonéis de leite, tornando errática sua administração e consumo. Isto gerou um maior controle sobre este processo de fortificação e até hoje, vários alimentos permanecem sendo enriquecidos. Em média nos EUA, 225 mL de leite contém 100 UI (2,5 mcg) de vitamina D, mas outros alimentos também podem ser utilizados, como manteiga, yogurte, suco de laranja, etc.

No Brasil nunca foi dada importância para o a fortificação alimentar com vitamina D, pois se acreditava que, por ser um país tropical, a exposição solar seria suficiente para manter os níveis de vitamina D no organismo dentro da normalidade. Entretanto, as várias mudanças que vêm ocorrendo em nossa sociedade, como o êxodo rural, a urbanização dos costumes, o aumento da expectativa de vida, o medo dos efeitos do sol sobre a pele assim como o incentivo ao uso de filtro solar, além da violência nas cidades limitaram muito a exposição solar, especialmente dos indivíduos idosos. Em função disto, nós também passamos a ser vítimas de sua deficiência. Em um estudo recente realizado em indivíduos com mais de 70 anos moradores na Saúde, um bairro paulistano tipicamente de classe média, constatou que cerca de 56% deles possuíam níveis de vitamina D abaixo do desejável. Em indivíduos moradores em asilos, estes números são ainda mais alarmantes, atingindo mais de 71% deles.

A deficiência e a insuficiência de vitamina D têm sido associadas não somente ao enfraquecimento ósseo, mas também a uma redução da força muscular e do equilíbrio, facilitando as quedas e as fraturas osteoporóticas. Além disto, estudos em grandes populações encontraram correlações entre sua deficiência a presença aumentada de determinados tipos de câncer, como de cólon, próstata e mama. A reposição de vitamina D em indivíduos com deficiência produz melhora do sistema músculo-esquelético, reduzindo o número de fraturas no idoso, e aumentando sua sobrevida.

Em função disto, a suplementação vitamínica no idoso é medida que deve ser implementada em termos populacionais e o enriquecimento alimentar, especialmente de produtos lácteos, poderia colaborar na redução desta deficiência também em nosso país. Os produtos lácteos seriam os veículos ideais para tal enriquecimento, pois contêm alto teor de cálcio, outro elemento fundamental para manutenção de ossos saudáveis. Estimulando o consumo de leite e conseqüentemente, de cálcio, estaríamos também aumentando o consumo de vitamina D e melhorando a aporte nutricional da população, aspectos fundamentais para a saúde na terceira idade. Portanto, LEITE É D+!
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1Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia
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