O Leite Futuro, uma iniciativa do MilkPoint que tem a participação de Marcelo P. Carvalho, Paulo do Carmo Martins e Ricardo Cotta Ferreira contou com seu último episódio de 2023.
Após mais de 1500 visualizações no último tema abordado, o episódio que encerra o ano trata de uma visão geral sobre o setor durante o ano de 2023 e conta com a participação especial de Valter Galan, sócio da MilkPoint Ventures.
O que você vai ver nessa conversa?
- Como foi o primeiro e segundo semestres de 2023;
- Inflação de lácteos no Brasil e no mundo;
- O que deu errado durante o ano e levaram a cadeia para a situação atual;
- Flutuação de preços dos lácteos;
- Importações;
- Lições que o ano de 2023 pode ensinar;
- Expectativas para 2024;
- E muitos mais!
Ouça o episódio no Spotify, assista completo no YouTube ou a seguir:
Cenários do leite no Brasil em 2023
Valter destacou um início de ano com preços ao consumidor em alta, impulsionando a produção e aumentando a oferta. “O consumo iniciou o ano com preços lá da ponta muito altos. Inflação dos lácteos no varejo em torno de 20%, 25%, dependendo da linha de produto. E com isso a gente teve uma queda de volume de vendas. Esse foi um grande ponto. E, ao mesmo tempo, a produção entrou relativamente acelerada impulsionada pelos altos preços, assim como as importações também. Aliás, as importações foram o tema do ano, até agora são. Com isso a gente acabou tendo o primeiro semestre com demanda em queda e oferta em alta, seja via produção ou via importações. Bom, maior oferta e menor demanda, o preço cai, não tem muito segredo nisso, e foi o que aconteceu”, relatou ele, já enfatizando que para o final do segundo semestre a situação é inversa, onde a demanda está começando a se recuperar, os preços no varejo caíram e uma deflação é enxergada na maioria dos lácteos.
Inflação dos lácteos
Marcelo destacou a questão da inflação dos lácteos e menciona dados que apontam o Brasil como uma das maiores inflações entre os países relevantes. “Essa questão da inflação de lácteos, eu peguei um dado que aponta que o Brasil foi, dos países relevantes, o que teve o maior aumento em termos de preços dos lácteos para o consumidor no ano passado. Foi um ano de inflação geral no mundo, mas aí você tem 5, 7, 10% mundo afora, enquanto no Brasil, em lácteos, chegou a mais de 20, 25%” conforme dado do Rabobank (ver gráfico abaixo). Isso acabou custando caro para o consumo, informou.
Cotta enfatizou que a inflação e a instabilidade nos preços geram desconforto aos consumidores, e que a retomada do consumo leva tempo até que a estabilidade conquiste novamente os clientes. “O consumidor assusta e retrai ao ver um preço de R$50, R$60 reais o kg da muçarela na gondola, e a volta dele não é automática. Acho que essa foi a grande lição, principalmente no primeiro semestre, que a gente precisa aprender. Quanto mais estabilidade de preço nas gondolas, sem dúvida nenhuma, é o que se espera. Com isso as pessoas já começam a ter referência de preço e estão acostumadas a encontrar na gondola aqueles valores. Que ficam, de certa forma, muito desapontados para não dizer nada pior quando essa referência é maltratada”, destacou.
Importações brasileira dos lácteos em 2023
Marcelo destacou que, embora o Brasil seja importador de lácteos há um bom tempo, o percentual não passava dos 3% a 5%, já em 2023 houve um descolamento para casa dos 10%. Seria essa situação pontual ou estamos passando por mais uma mudança estrutural, trazendo novos patamares? Paulo opina que a mudança é estrutural. “Não acredito que ficaremos em 3% de importação. Não sei se chegaremos a um padrão de 10%, mas manter os 3% eu acho difícil. Não há indicações de que a China volte a ser imensa compradora de leite, também não há indícios que o petróleo vai subir. Ou seja, se o mercado internacional não sinaliza grandes transformações, não consigo imaginar a perspectiva de retorno aos 3% de importações no Brasil”, sinaliza Paulo.
Os feras que fizeram parte dessa conversa:
Marcelo P. Carvalho é engenheiro agrônomo formado pela ESALQ/USP em 1992, com Mestrado em Ciência Animal e Pastagens também pela ESALQ/USP, em 1998. Fundador e CEO da MikPoint Ventures e Co-fundador da AgTech Garage (hoje, pertencente à PwC).
Paulo do Carmo Martins é economista pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Mestre em Economia Aplicada pela Universidade Federal de Viçosa (UFV) e Doutor em Economia Aplicada pela USP/Esalq. Atualmente é professor da FACC/UFJF.
Ricardo Cotta Ferreira é economista Mestre em Economia Aplicada pela ESALQ/USP e MBA pela Fundação Dom Cabral (FDC) com mais de 20 anos de experiência em Agronegócios e Indústria de Alimentos.
Valter Galan é Engenheiro Agrônomo pela ESALQ/USP, Mestre em Administração pela FEA/USP. Atuou por quase 20 anos em grandes empresas multinacionais como a Nestlé, DPAM, Pepsico e Grupo Tereos. Hoje é sócio e Diretor Técnico e de Novos Negócios na MilkPoint Ventures.