Embora o momento seja delicado para falarmos do futuro do leite, é justamente nessas situações que devemos debater o cenário e buscar oportunidades.
Diante disso, tivemos mais uma edição do Leite Futuro, uma iniciativa do MilkPoint que tem a participação de Marcelo P. Carvalho, Paulo do Carmo Martins e Ricardo Cotta Ferreira.
Este episódio, cujo tema permeou o mercado internacional de lácteos, teve a participação especial de um dos maiores especialistas do assunto, Andrés Padilla, Analista Sênior do Rabobank Brasil. O objetivo do programa é pensar o leite de uma forma fora do habitual, abrindo espaço para o contraditório e aprofundando as análises, algo relativamente raro nos dias de hoje em nosso setor.
Clique aqui e assista o episódio no Youtube, ouça no Spotify ou confira no vídeo abaixo:
O que você vai ver nessa conversa?
- Tamanho e relevância do mercado internacional de lácteos
- Quando esse mercado de fato vai ter preços estruturalmente mais altos?
- O problema dos preços está na oferta ou na demanda?
- Por que a China está comprando menos leite?
- Por que as importações brasileiras estão em volumes recordes?
- O que está acontecendo com o preço internacional do leite em pó?
- Quando efetivamente veremos uma recuperação nesse mercado?
Oferta ou demanda: onde está o problema dos lácteos?
Padilla destacou que o problema está mais relacionado à demanda mundial de lácteos, devido à dependência do mercado Chinês, do que com a oferta. Os preços em baixa devem desestimular a oferta e, ao mesmo tempo, os preços atualmente muito baixos no mundo estão trazendo de volta os compradores estratégicos ao mercado. “Os preços baixos estão trazendo compradores estratégicos (...) Para uma recuperação, acredito que vai levar um tempo, mas a gente acredita que nesse patamar de preços talvez o mercado possa vir a ficar equilibrado e bem mais sustentável utramente”, disse.
As importações chinesas impactam grande parte dessa demanda, o que reflete significativamente o mercado internacional. Marcelo enfatizou sobre essa concentração no país asiático. “O problema não está na oferta, está na demanda. Muito concentrada nessa questão chinesa, que na verdade não é de hoje. É um processo que vem acontecendo ao longo do tempo. Será que o mundo não prestou atenção nisso?”, levantou o questionamento.
Quais as expectativas para crescimento da demanda no futuro?
Paulo Martins destacou um histórico em relação ao comércio internacional dos lácteos e enfatizou suas perspectivas a respeito do futuro. “O leite fluido, traduzido em leite em pó – tanto o integral quanto o desnatado – é o que de certa forma impacta o mundo, eu creio que não estamos com uma perspectiva de crescimento de demanda muito forte”, comentou.
Ricardo revelou suas teorias a respeito do preço ideal de equilíbrio de mercado do leite em pó integral e as consequências de variação positiva e negativa para tal. “Eu tenho a teoria de que a faixa de preço de equilíbrio do mercado internacional é na faixa dos U$3.500/ton. Ficando acima disso, há um estímulo produtivo, o que no médio prazo equilibra a oferta, e abaixo disso ocorre um desestímulo, enxugamento do mercado, e os preços reagem também no médio prazo. Ou seja, o equilíbrio está próximo desse patamar”, disse.
Os feras que fizeram parte dessa conversa:
Marcelo P. Carvalho é engenheiro agrônomo formado pela ESALQ/USP em 1992, com Mestrado em Ciência Animal e Pastagens também pela ESALQ/USP, em 1998. Fundador e CEO da MikPoint Ventures e Co-fundador da AgTech Garage (hoje, pertencente à PwC).
Paulo do Carmo Martins é economista pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Mestre em Economia Aplicada pela Universidade Federal de Viçosa (UFV) e Doutor em Economia Aplicada pela USP/Esalq. Atualmente é professor da FACC/UFJF.
Ricardo Cotta Ferreira é economista Mestre em Economia Aplicada pela ESALQ/USP e MBA pela Fundação Dom Cabral (FDC) com mais de 20 anos de experiência em Agronegócios e Indústria de Alimentos.
Andrés Padilla, Industry Specialist na Rabobank Brasil.