ESQUECI MINHA SENHA CONTINUAR COM O FACEBOOK SOU UM NOVO USUÁRIO
FAÇA SEU LOGIN E ACESSE CONTEÚDOS EXCLUSIVOS

Acesso a matérias, novidades por newsletter, interação com as notícias e muito mais.

ENTRAR SOU UM NOVO USUÁRIO
Buscar

Tratamento de vaca seca: uso nas vacas com mastite é mais recomendável

POR MARCOS VEIGA SANTOS

E MELINA MELO BARCELOS

MARCOS VEIGA DOS SANTOS

EM 31/01/2018

4 MIN DE LEITURA

4
7

Para otimizar a produção leiteira da vaca de leite na próxima lactação, recomenda-se um período seco médio de aproximadamente 60 dias. Durante esse período, pode-se usar ferramentas para eliminar as infecções intramamárias (IIM) existentes e prevenir novos casos de mastite após a secagem e no período pré-parto. As vacas com mastite subclínica na secagem ou que tiveram um novo caso durante o período seco tem maior risco de mastite clínica após o parto.

O uso de antibióticos na secagem tem sido uma das principais ferramentas de tratamento, com o uso recomendado para todas as vacas em lactação durante as últimas décadas. Porém, o uso imprudente de antimicrobianos pode resultar em resistência bacteriana e gerar um risco de saúde pública. Assim, para racionalizar a utilização e ter um emprego mais consciente dos antimicrobianos, diversos estudos têm avaliado a terapia seletiva de vaca seca, a qual baseia-se em observar alguns critérios específicos para determinar se a vaca está apta ou não para o tratamento de vaca seca. A definição se uma vaca tem ou não mastite no momento da secagem pode ser feita pela cultura microbiológica realizada em laboratório especializado, cultura na fazenda e registro mensal de CCS e do histórico de mastite clínica durante a lactação. A combinação do antibiótico intramamário com selante interno de tetos ou a utilização apenas do selante na secagem das vacas, também pode ser utilizada para reduzir a incidência de IIM no período seco e de mastites clínicas após o parto.

Um estudo recente, realizado a partir de um banco de dados de rebanhos da Áustria, comparou em larga escala os dados da secagem de cerca de 27.700 (31.3%) vacas com antibiótico intramamário e 60.800 (68.7%) vacas sem antibiótico intramamário, em relação à produção de leite, CCS e frequência de mastite na lactação subsequente. As vacas secadas com antibiótico produziram mais leite na lactação anterior à secagem (7.920 kg versus 7.470 kg/305dias), assim como também tiveram maior média de produção de leite no momento da secagem (15,5 kg/dia versus 14,7 kg/dia). A probabilidade de usar o tratamento de vacas seca teve uma correlação linear positiva com o aumento da produção de leite (Figura 1), o que significa que quanto maior a produção de leite da vaca na secagem, maior a chance de uso de tratamento de vaca seca.  

Figura 1. Probabilidade do uso de antibióticos na secagem associado com produção diária de leite (Fonte: adaptado de Wittek, 2017)

Alguns fatores como o uso de antibiótico na secagem, produção de leite na lactação anterior a secagem e no momento da secagem, CCS antes da secagem (últimos 3 meses) apresentaram efeitos sobre a produção de leite na lactação seguinte. Dentre estes fatores, o uso de tratamento de vaca seca foi o fator que mais influenciou a produção de leite, sendo que nas vacas tratadas produziram 91kg de leite a mais na lactação seguinte. Esses resultados podem ser um reflexo da maior chance de uso do tratamento de vacas secas nas vacas de maior produção leiteira do que naquelas de menor produção. Assim como na produção de leite, a probabilidade do uso de tratamento de vaca seca também está associada com a CCS na secagem (Figura 2), indicando que é mais provável usar antibióticos em vacas que apresentem aumento da CCS na secagem.

Figura 2. Probabilidade do uso de antibióticos na secagem associado com CCS na secagem; os dados de CCS são apresentados depois da transformação de células/mL em log (Fonte: adaptado de Wittek, 2017)

Além da associação do uso do tratamento de vaca seca com produção de leite e CCS, o estudo também avaliou a relação com a frequência de mastite clínica na lactação anterior e na seguinte. As vacas tratadas com antibiótico na secagem tiveram mais casos clínicos de mastite (9,3%) na lactação anterior do que as vacas não tratadas (6,5%), sendo que essa diferença permaneceu por 90 dias após parto (grupo com antibiótico: 7,9%, grupo não tratado: 4,7%). Vacas que apresentaram um caso de mastite clínica na lactação anterior apresentaram maior frequência de mastite clínica dentro de 90 dias após o parto da lactação subsequente.

Embora os resultados deste estudo tenham sugerido que o uso do tratamento de vaca seca resulta em maior produção de leite e diminuição da CCS na lactação seguinte, provavelmente por aumentar a cura de mastite subclínica, deve-se destacar que os resultados foram obtidos numa situação de excelente saúde do úbere (vacas com CCS média na secagem de aproximadamente 120.000 células/mL).

Fonte: Wittek, et al, J Dairy Sci, v., n., p., 2017 (https://dx.doi.org/10.3168/jds.2017-13385)

* Melina Melo Barcelos é mestranda do Departamento de Nutrição e Produção Animal da FMVZ/USP e pesquisadora do Laboratório Qualileite-FMVZ/USP.

Saiba como a cultura microbiológica pode auxiliá-lo na tomada de decisão correta quanto aos casos de mastite clínica no rebanho, bem como na terapia seletiva de secagem, visando racionalizar o uso de antimicrobianos. Confira o curso: Cultura microbiológica na fazenda: como usá-la para o controle de mastite, ministrado pelos especialistas no assunto, Dr. Marcos Veiga e MSc. Eduardo Pinheiro, com participação especial do Dr. Tiago Tomazi. 

MARCOS VEIGA SANTOS

Professor Associado da FMVZ-USP

Qualileite/FMVZ-USP
Laboratório de Pesquisa em Qualidade do Leite
Endereço: Rua Duque de Caxias Norte, 225
Departamento de Nutrição e Produção Animal-VNP
Pirassununga-SP 13635-900
19 3565 4260

4

DEIXE SUA OPINIÃO SOBRE ESSE ARTIGO! SEGUIR COMENTÁRIOS

5000 caracteres restantes
ANEXAR IMAGEM
ANEXAR IMAGEM

Selecione a imagem

INSERIR VÍDEO
INSERIR VÍDEO

Copie o endereço (URL) do vídeo, direto da barra de endereços de seu navegador, e cole-a abaixo:

Todos os comentários são moderados pela equipe MilkPoint, e as opiniões aqui expressas são de responsabilidade exclusiva dos leitores. Contamos com sua colaboração. Obrigado.

SEU COMENTÁRIO FOI ENVIADO COM SUCESSO!

Você pode fazer mais comentários se desejar. Eles serão publicados após a analise da nossa equipe.

VANESSA SOUZA DAMASCENO

BOA ESPERANÇA - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 02/05/2018

Boa noite, excelente artigo, parabéns pelo trabalho, sempre acompanho os artigos e tenho obtido cada vez mais conhecimentos. Mas além do produtor verificar esses parâmetros, não existe algo a se fazer também em relação a compra desses antibióticos? Acredito que tem muitos produtores (principalmente os pequenos) usam antibiótico de forma indiscriminada por falta de conhecimento, o produtor compra determinado medicamente e as vezes nem sabe que se trata de um antibiótico. Tenho lido artigos sobre a importância de realizar a cultura dos casos de mastite, mas conheço produtores que não sabem que essa técnica existe. Eu apoio essa causa de evitar o abuso de antibióticos, de realizar a cultura do leite, identificar corretamente a doenças presentes no seu rebanho. Mas acho que além de melhorar a visão do produtor da porteira para dentro temos que melhorar essa visão da porta para fora, e fazer os vendedores terem consciência também sobre suas vendas, porque se o produtor chegasse pedindo determinado medicamento ao vendedor (que deveria ser um profissional qualificado que entende mesmo do assunto) esse deveria conscientizar esse produtor ou até mesmo apresentar outras opções sobre determinado tratamento. Eu sou leiga nessa questão de vendas, mas vejo essa "não conscientização" em minha cidade, talvez seja só um caso a parte. Obrigada
THIAGO DE MELO VIEIRA

PATROCÍNIO - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 02/02/2018

Boa noite Prof. Marcos,

Achei muito interessante este artigo, expõe bem o uso consciente de antibióticos. Tenho duas dúvidas: qual seria sua orientação para secagem de vacas em quadros de mastite clínica? Tenho um animal que foi diagnosticado com Proteus spp. Já tentei alguns tratamentos porém não obtive sucesso. Como a fêmea está gestante penso em secá-la para terminar a gestação e descartá-la após o parto.

Obrigado e parabéns pelo artigo!
MARCOS VEIGA SANTOS

PIRASSUNUNGA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 04/02/2018

Prezado Thiago, sobre as suas questões:
1) Quando uma vaca está com caso clínico e próximo da secagem, o procedimento seria realizar o tratamento do caso clínico antes da secagem. Infelizmente, alguns casos podem não ter cura clínica antes da secagem, mas deve-se tratar a vaca antes de secar.
2) Proteus é uma bactéria gram-negativa, de origem ambiental, oportunista e que tem baixa frequência de isolamento. Nao existe um protocolo de tratamento específico para Proteus, mas no caso específico, antibióticos com ação principalmente me gram-negativas são mais indicados.
Atenciosamente, Marcos Veiga
GUILHERME BORELLA

ERVAL SECO - RIO GRANDE DO SUL - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 01/02/2018

Interessante este artigo, focando uso racional de antibióticos, as vacas que não precisam antibiótico no momento da secagem poderiam ser secas apenas com selante e o velactis, promovendo saúde de úbere , conforto animal !!!

Assine nossa newsletter

E fique por dentro de todas as novidades do MilkPoint diretamente no seu e-mail

Obrigado! agora só falta confirmar seu e-mail.
Você receberá uma mensagem no e-mail indicado, com as instruções a serem seguidas.

Você já está logado com o e-mail informado.
Caso deseje alterar as opções de recebimento das newsletter, acesse o seu painel de controle.

MilkPoint Logo MilkPoint Ventures