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Estudos mostram potencial dos lácteos no tratamento de artrite reumatoide

KENNYA SIQUEIRA

EM 16/05/2019

3 MIN DE LEITURA

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A artrite reumatoide (AR) é um tipo de reumatismo, uma doença autoimune caracterizada por inflamação crônica de múltiplas articulações, erosão óssea e destruição da cartilagem, podendo levar a transtorno articular progressivo, dor significativa e incapacidade funcional. A prevalência de AR varia de 0,5 a 1% entre os adultos em todo o mundo, com uma maior incidência em mulheres. Ela afeta dezenas de milhões de pessoas no mundo e está associada ao aumento da mortalidade por complicações sistêmicas e cardiovasculares, podendo ocorrer em qualquer idade, sendo mais comum entre 20 e 50 anos.

Apesar dos inúmeros estudos sobre a AR, a etiologia exata da doença ainda não é completamente conhecida. No entanto, estudos recentes têm indicado que algumas bactérias da microbiota comensal, presentes no trato gastrointestinal, podem inibir ou acentuar a resposta imunológica associada a AR, sugerindo que a modulação da microbiota intestinal pode ser uma estratégia terapêutica efetiva para o tratamento adjuvante dessa doença.

Uma forma alternativa e natural de se modular a microbiota intestinal seria o consumo de produtos probióticos, prebióticos e simbióticos. Probióticos são microrganismos vivos, que quando administrados em quantidades adequadas, conferem benefícios à saúde do hospedeiro. Eles atuam na microbiota intestinal humana. Prebióticos são carboidratos não-digeríveis que estimulam o crescimento e/ou a atividade de um grupo de bactérias no colo, trazendo benefícios à saúde do indivíduo. Simbióticos são compostos pela mistura de probióticos e prebióticos em um mesmo produto.

Neste sentido, várias cepas de probióticos já foram testadas em laboratório para avaliar o impacto sobre a evolução da AR. Algumas cepas que apresentaram resultados positivos sobre o tratamento da AR foram:

  • Lactobacillus rhamnosus GR-1 em associação com L. reuteri RC-14
  • Lactobacillus casei 01
  • Lactobacillus helveticus HY7801
  • Bacillus coagulans GBI-30
  • B. coagulans e o prebiótico inulina

Entretanto, os melhores resultados clínicos e na resposta metabólica em pacientes com AR foram obtidos por Zamani et al. (2017), que administraram um produto simbiótico contendo Lactobacillus acidophillus, Lactobacillus casei e Bifidobacterium bifidum e inulina. Após 8 semanas, os pacientes apresentaram redução significativa nos níveis de proteína C reativa, melhora no escore de atividade da doença e na escala de avaliação visual de dor.

Assim, há indícios de que os probióticos, prebióticos e simbióticos tenham uma ação imunomoduladora com redução do processo inflamatório na AR e estão sendo propostos como uma alternativa para manipular a microbiota intestinal e, consequentemente, reduzir o risco de desenvolver e, ou tratar a AR.

Sabe-se também que, no ramo alimentício, uma das melhores bases para adição de probióticos, são os produtos lácteos e, em especial, os produtos lácteos fermentados. Por serem alimentos fáceis de serem fortificados ou enriquecidos, muitos derivados do leite servem de base para adição de probióticos, sendo mais comum a presença de probióticos nos bioiogurtes e leites fermentados. Entretanto, os queijos também podem ser veículos de probióticos e no mercado internacional, encontram-se até sorvetes com adição de probióticos.

Isso, somado ao fato de que o consumo de alimentos funcionais e a busca por alimentos que se traduzam em benefícios à saúde têm aumentado entre os consumidores do mundo todo, faz dos probióticos em base láctea, uma alternativa interessante para se alcançar melhorias no tratamento da AR. Soma-se a isso, estudo recente de Bordoni et al. (2017) que evidenciou que produtos lácteos, de um modo geral, exibem uma atividade anti-inflamatória em humanos. Quando analisadas as categorias de produtos lácteos, os derivados fermentados se destacaram, apresentando uma resposta anti-inflamatória única. Pei et al. (2018) reforçaram isso, ao demonstrar que o consumo de iogurte desnatado reduz alguns biomarcadores de inflamação crônica.

Diante do exposto, os avanços recentes da ciência mostram-se animadores para a cadeia produtiva do leite, visto que reforçam o papel dos lácteos como alimentos funcionais. Com isso, abre-se um universo de possibilidades para os lácteos, pois os alimentos funcionais representam uma tendência de mercado que veio para ficar e têm apresentado franco crescimento de vendas nos últimos anos.

Referências bibliográficas

BORDONI, A.; DANESI, F.; DARDEVET, D.; DUPONT, D.; FERNANDEZ, A.S.; GILLE, D.; SANTOS, C.N.; PINTO, P.; RE, R.; REMOND, D.; SHAHAR, D.R.; VERGERES, G. (2017) Dairy products and inflammation: A review of the clinical evidence. Critical Review in Food Science and Nutrition, 57:12, 2497-2525, DOI: 10.1080/10408398.2014.967385

PEI, R.; DIMARCO, D.M.; PUTT, K.K.; MARTIN, D.A.; CHITCHUMROONCHOKCHAI, C.; BRUNO, R.S., BOLLING, B.W. (2018) Premeal Low-Fat Yogurt Consumption Reduces Postprandial Inflammation and Markers of Endotoxin Exposure in Healthy Premenopausal Women in a Randomized Controlled Trial. J. Nutr. Jun 1;148(6):910-916.

ZAMANI, B.; FARSHBAF, S.; GOLKAR, H.R.; BAHMANI, F.; ASEMI, Z. (2017) Synbiotic supplementation and the effects on clinical and metabolic responses in patients with rheumatoid arthritis: a randomised, double-blind, placebo-controlled trial. British Journal of Nutrition, p.1-8. doi:10.1017/S000711451700085X

KENNYA SIQUEIRA

Pesquisadora da Embrapa Gado de Leite

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