Dados do IBGE, gerados a partir da Pesquisa Trimestral do Leite (leite formal adquirido pelas indústrias inspecionadas do mercado brasileiro), mostram interessantes informações sobre a evolução da estratificação (em função do volume diário de leite adquirido) das indústrias brasileiras no passado recente.
Apesar dos movimentos recentes de fusões e aquisições por grandes players do mercado, a conclusão antecipada deste artigo é de que a consolidação da indústria de laticínios no Brasil caminha de forma bastante lenta.
O gráfico 1 mostra o volume total de leite adquirido pelas empresas em diferentes estratos de tamanho das indústrias, para os primeiros trimestres dos anos de 2013, 2017 e 2023.
Gráfico 1. Volume de compra de leite pelo estrato de volume diário comprado
Fonte: elaborado pelo MilkPoint Mercado com base em dados da Pesquisa Trimestral do Leite do IBGE
O gráfico mostra que as maiores indústrias (aquelas com volume adquirido de mais de 150 mil litros diários) responderam, em 2013, por 63% da aquisição total de leite formal no país e respondem, agora no primeiro trimestre de 2023, por 67% do volume total – uma evolução bastante modesta da participação destas grandes indústrias.
No gráfico 02, vemos o número total de empresas informantes da Pesquisa Trimestral do Leite do IBGE, bem como o volume médio diário adquirido por cada uma delas.
Gráfico 2. Número de indústrias e volume médio captado por indústria (mil litros/dia)
Fonte: elaborado pelo MilkPoint Mercado com base em dados da Pesquisa Trimestral do Leite do IBGE
O número total de indústrias informantes do IBGE caiu 2,2% ao ano entre 2013 e 2023 e o volume médio adquirido por indústria cresceu 2,6% no mesmo período. Para se ter uma ideia, o volume médio por produtor de leite dentre os produtores das maiores empresas do mercado (segundo ranking anual da ABRALEITE) cresceu os mesmos 2,6% ao ano neste mesmo período – ou seja, o crescimento médio da indústria tem sido igual ao da produção de leite.
Para mercados notadamente ocupados pelas commodities, que exigem grande escala de produção para redução de custos e margens em claro declínio, este crescimento se mostra insuficiente.
Mas, o que dificulta a consolidação da indústria? Tamanho do território brasileiro; diferenças tributárias entre estados; baixas barreiras à entrada nos principais mercados; mercados regionalizados; tendência de produtos com origem/valor agregado... todos estes itens têm sua parcela no ritmo aquém do esperado para a consolidação da indústria brasileira de lácteos. E todos eles certamente serão abordados na Mesa Redonda “Consolidação e o futuro do mercado de laticínios no Brasil: quais caminhos seguiremos?”, que irá ocorrer no Fórum MilkPoint Mercado do dia 01 de agosto, em Goiânia.
Teremos enquanto debatedores Marcel Barros (Vice Presidente Lácteos, Culinários e Plant Based da Nestlé), Cláudio Teixeira (Presidente da Italac), Cesar Helou (Superintendente - GYN, Piracanjuba) e Ricardo Cotta (Empreendedor e Membro do Conselho de Administracao de 2 AgTechs), mediados pelo CEO da MilkPoint Ventures, Marcelo Pereira de Carvalho.
Não perca a oportunidade de estar com os principais agentes da cadeia láctea brasileira. O nosso evento será híbrido, e se você não puder estar em Goiânia, poderá acompanhar de onde estiver, on-line. Aproveite os últimos dias do 2º lote da venda de ingressos. Compre já!