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Inclusão de alimentos fibrosos na dieta de bezerros leiteiros

FAMÍLIA DO LEITE

EM 13/10/2022

7 MIN DE LEITURA

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A introdução de alimentos sólidos na dieta de bezerros é um fator crucial para que os animais se tornem, de fato, seres ruminantes, uma vez que dietas líquidas não são capazes de estimular o desenvolvimento ruminal, além de atrasar as atividades de ruminação e mastigação (Cozzi et al., 2002).

Para que essa transição ocorra, primeiramente, é necessário que o rúmen do animal, até então inativo, se torne capaz de metabolizar e absorver os nutrientes ofertados, através do desenvolvimento das papilas ruminais, estimuladas fisicamente pelos alimentos concentrados, e da fermentação microbiana, oriunda da microbiota ruminal que irá se formar (Leão, 2017).

Já a inclusão de alimentos fibrosos promove o desenvolvimento da parede muscular ruminal, a integridade do epitélio do rúmen, mantem o pH ruminal mais elevado, devido ao seu perfil de fermentação, e proporciona efetiva ruminação ao final do período de aleitamento, que ocorre em torno de 12 semanas de vida. Isso garante que, após este período, os pré-estômagos do animal tenham características, proporções, frequência e formas dos ciclos de motilidade semelhantes à vida adulta (Berchielli et al., 2011).

Por isso, é necessário determinar o nível ideal e o momento adequado para a inclusão de forragem na dieta de bezerros (Aragona et al., 2020).

A grande maioria das fazendas leiteiras adotam o feno como volumoso de escolha para introdução de forragem na dieta sólida dos animais (Khan et al., 2011). É importante ressaltar que a forragem escolhida deve ser de boa qualidade e possuir adequada porcentagem de fibra em detergente neutro (FDN; componente principal do alimento fibroso). Caso contrário, o volumoso será ineficiente para o desenvolvimento ruminal e na digestibilidade dos nutrientes, podendo também causar queda no consumo de alimento (Berchielli et al., 2011).

A suplementação com feno picado, para bezerros ainda em aleitamento, com acesso ilimitado a concentrado e água, pode promover melhor ingestão voluntária de sólidos, sendo benéfico para a formação do rúmen e retículo, sem afetar o ganho de peso (Khan et al., 2011). Além disso, após desaleitados, esses animais podem apresentar maior consumo e parâmetros de desenvolvimento corporal superiores aos animais que consumiram apenas concentrado (Khan et al., 2016).

Seguindo a recomendação de Davis e Drackley (1998) para o teor de fibra no concentrado de bezerros entre 16% e 15% de FDN da dieta, Virgínio Jr. (2020) avaliou a inclusão de feno de coast-cross com 22% de FDN ou casquinha de soja com 31% de FDN, no concentrado inicial de bezerros com 8 semanas de idade. A introdução do feno na dieta sólida dos bezerros resultou em maior diversidade na microbiota fecal dos animais, sugerindo efeitos importantes na composição da microbiota intestinal, que podem acarretar em melhor desempenho e saúde animal.

Castells et al. (2012) avaliaram a inclusão de diferentes fontes de forragem picada no desempenho alimentar de bezerros de 3 semanas de vida, sendo as forragens analisadas: feno de alfafa, centeio ou de aveia, palha de cevada e silagem de milho ou de triticale. ,

Os resultados obtidos indicam que a suplementação volumosa pode promover aumento no consumo de concentrado, porém que, forragens frescas (com alta palatabilidade) ou palha (baixa digestibilidade) podem contribuir para o rápido enchimento ruminal e, consequentemente, deprimir o consumo.

O fornecimento de feno picado ou de silagem melhorou o consumo de concentrado e o desempenho dos animais, sem prejudicar a digestibilidade dos nutrientes.

O acúmulo de material forrageiro de baixa digestão ou a inclusão de forrageiras, na dieta, quando as papilas ruminais ainda não estão devidamente estabelecidas podem deprimir o consumo voluntário de concentrado e evitar que o rúmen se desenvolva de forma eficiente (Drackley, 2008).

Segundo Baldwin et al. (2004), os bezerros são considerados pré-ruminantes até a terceira semana de vida, pois o rúmen se encontra, anatomicamente e fisiologicamente, subdesenvolvido. Sahoo et al. (2005) relatam que, antes da quarta semana de idade do animal não há atividade celulolítica completa pela microbiota ruminal, cuja função principal é degradar os componentes fibrosos.

Aragona et al. (2020) avaliaram a inclusão de feno para bezerros leiteiros com idade aproximada de 8 semanas e 90 kg de peso vivo. O experimento foi constituído pela inclusão de feno picado em diferentes níveis, sendo 0% de inclusão na dieta controle, 5% e 10% de inclusão de feno, em relação à matéria seca (MS) da dieta, sendo ofertado até que os animais atingissem 16 semanas de idade, com tamanho de partículas de 2,5 cm.

Os animais receberam, além do volumoso, alimento concentrado composto por farelo de milho, grãos de aveia, suplemento proteico e melaço. A digestão da MS, matéria orgânica e dos componentes da fibra (principalmente FDN) aumentaram com a inclusão de 5% de feno na dieta.

Ao incluir 10% de feno na dieta houve redução do consumo de nutrientes, o que indica que a capacidade ruminal pode ter sido excedida pelo volume de feno, embora o mesmo tenha sido picado. A digestibilidade total do trato digestório, da MS e dos componentes da fibra foi maior em bezerros com 8 a 12 semanas de idade.

Em estudo semelhante, Mitchell e Heinrichs (2020) avaliaram a inclusão de feno em 10, 17,5 e 25% da MS da dieta de bezerros em aleitamento, com 7 semanas, sendo observados até atingirem 16 semanas de idade e, concluíram que a inclusão acima de 10% da MS da dieta para bezerros pode reduzir o consumo de nutrientes, o crescimento do bezerro e, ainda, alterar a fermentação ruminal.

A inclusão de forragem como fonte de fibra na dieta de bezerros resulta em melhor ambiente ruminal para os animais em período de aleitamento e/ou desaleitamento (Castells et al., 2012).

O momento ideal para a introdução de alimentos volumosos ainda é, de fato, um tema a ser bastante discutido. Considerando que é preciso garantir o início do desenvolvimento das papilas ruminais nas primeiras semanas de vida, pelo concentrado, a introdução de alimentos fibrosos, provavelmente, não se faz necessária durante este período.

Após essa fase inicial, quando o animal se encontra apto para iniciar a metabolização e absorção desses tipos de nutrientes no rúmen, a quantidade de fibra a ser fornecida e a qualidade da mesma são extremamente importantes para que o animal coma os alimentos fornecidos como um todo, sem predileção por alimentos concentrados ou volumosos, e para que os mesmos não causem um preenchimento ruminal exacerbado, capaz de prejudicar o consumo e o desenvolvimento do animal.
 

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Autores

Tássia Barrera de Paula e Silva Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia – Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, Minas Gerais, Brasil.
Polyana Pizzi Rotta - Professora do Departamento de Zootecnia, Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, Minas Gerais, Brasil.
Letícia Guerra Piuzana Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia – Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, Minas Gerias, Brasil.

 

Referencias bibliográficas

ARAGONA, K. M.; DENNIS, T. S.; SUAREZ-MENA, F. X., et al. 2021. Effect of increasing the amount of hay fed on Holstein calf performance and digestibility from 2 to 4 months of age. J. Dairy Sci. 104:1620-1629.

BALDWIN, R. L.; MCLEOD, K. R.; KLOTZ, J. L. et al. 2004. Rumen development, intestinal growth and hepatic metabolism in the pre and postweaning ruminant. J. Dairy Sci. 87:E55-E65.

BERCHIELLI, T.T.; PIRES, A.V.; OLIVEIRA, S.G. 2011. Nutrição de ruminantes. 2ª ed. 61 p. Jaboticabal: Funep.

CASTELLS, L., A. BACH, A; G. ARAUJO., et al. 2012. Effect of different forage sources on performance and feeding behavior of Holstein calves. J. Dairy Sci. 95:286–293.

COZZI, G.; GOTTARDO, F.; MATTIELO, F., et al. 2002. The provision of solid feeds to veal calves: Growth performance, forestomach development, and carcass and meat quality. J. Animal Sci 80:357-366.

DAVIS, C. L.; and DRACKLEY, J.K. 1998. The development, nutrition and management of the young calf. Iowa State University Press.

DRACKLEY, J. K. 2008. Calf nutrition from birth to breeding. Vet. Clin. Food Anim. 24:55- 86.

KHAN, M. A.; BACH, A.; WEARY, D.M., et al. 2016. Invited review: Transitioning from milk to solid feed in dairy heifers. J. Dairy Sci. 99:885-902.

KHAN, M. A.; WEARY, D.M; VON KEYSERLINGK, M. A. G. 2011. Hay intake improves performance and rumen development of calves fed higher quantities of milk. J. Dairy Sci. 94:3547–3553.

LEÃO, A. E. 2017. Avaliação da forma física do concentrado e da inclusão de feno na alimentação de bezerros leiteiros. Dissertação de Mestrado. Universidade de Minas Gerais, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil.

MITCHELL, L. K.; HEINRICHS, A. J. 2020. Increasing grass hay inclusion level on weaned dairy calf growth, intake, digestibility, and ruminal fermentation. J. Dairy Sci. 103:9012-9023.

SAHOO, A.; DAMRA, D.N.; PATHAK, N.N. 2005. Pre- and postweaning attributes in faunated and ciliate-free calves fed calf starter with or without fish meal. J. Dairy Sci. 88:2027– 2036.

VIRGÍNIO JÚNIOR, G. F.2020. A composição de diferentes dietas e a idade de bezerros leiteiros afetam o microbioma ruminal e intestinal. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo, São Paulo, São Paulo, Brasil.

 

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