O Programa Conexão Leite e Derivados, apresentado pelo professor Paulo Martins, contou com a participação de Candido Botelho Bracher - banqueiro brasileiro, conhecido por ter exercido o cargo de presidente do Itaú Unibanco e formado em Administração de Empresas pela FGV.
Cândido contou sobre sua paixão por literatura e pela natureza enfatizando que iniciou estudos sobre crise climática e aquecimento global após sua aposentadoria do banco em 2021. Questionado por Paulo sobre possíveis caminhos para resolver os problemas climáticos, Candido ressaltou a relevância global do assunto. “Os problemas climáticos são globais. Não há a menor chance de um indivíduo sozinho ou até mesmo um país sozinho resolver este problema. A atmosfera não tem fronteiras. O que acontece na Índia, afeta o Brasil; o que acontece na Rússia, afeta os EUA; dessa forma, a solução tem que ser global”, destacou.
Movimentos das empresas focadas em aquecimento global
Paulo destacou a conscientização de empresas sobre o tópico e levantou a situação de negociações entre agentes que não se posicionam da mesma maneira a respeito do problema. “Como fica a situação entre uma empresa que se preocupa e realiza a descarbonização, por exemplo, mas tem negócios e vende seus equipamentos e produtos para empresas que estão menos preocupadas com essa situação?”
Cândido abordou um resultado da EDF - Environmental Defense Fund, onde traz que, somente em 2021, as movimentações entre empresas com compromissos ambientais que venderam seus ativos para empresas que não possuem esse compromisso, gerou um montante de aproximadamente 200 bilhões de dólares. “Empresas que não possuem esse compromisso ambiental acaba se liberando dele através de compra de ativos de empresas preocupadas com o assunto, não são todas que fazem, mas há quem faça. Não dá para se liberar da preocupação com o assunto enquanto, globalmente, todos não assumirem suas responsabilidades”, ressaltou.
Imposto sobre carbono
A Europa é o continente mais avançado quando o assunto é a preocupação com crise climática e toma a frente quando o assunto é limitação nas emissões. Candido citou o programa “Cap and Trade” ou Comércio de emissões, já estabelecido em todo continente e explicou que a Europa criou uma maneira de cotar essas emissões que vem de fora também. “Eles estão implementando o que chama de “Carbon Border Tax” ou Imposto da Fronteira do Carbono. Eles irão cobrar um imposto de todos os produtos que entrarem na comunidade europeia segundo a quantidade de carbono existente em cada produto. Dessa forma eles exportam as diretrizes para outros países”, explicou Bracher.
Tecnologia é forte aliada na redução das emissões
O avanço da tecnologia abriu o leque quando o assunto é alternativa de produção e se tornou forte aliada ao combate as emissões e produção sustentável. Cândido fala sobre uma recente leitura que analisa individualmente os setores de produção e aponta que através da tecnologia é possível reduzir pelo menos 80% das emissões de carbono de hoje.
Existe a necessidade de incentivos através de remuneração para alavancar práticas sustentáveis de produção. “Se não for colocado um preço no carbono, não haverá estímulo para utilizar essas tecnologias de mitigação. Tendo esse preço o mercado se ajusta”.
Futuro do Brasil: oportunidade ou problema?
Cândido aponta que em determinado momento o carbono irá ser precificado no mundo todo, não somente na Europa, e que isso será benéfico em questões climáticas e ambientais. “Quem irá se beneficiar com essa precificação do carbono será quem tiver capacidade de capturar carbono e tiver capacidade de reduzir emissões e mantê-las abaixo do nível da média mundial. O Brasil tem a matriz energética mais limpa do mundo, entre hídrica, solar e eólica e tem a capacidade, maior do que qualquer país, de capturar carbono da atmosfera. Dessa forma, temos potencial de rentabilizar em cima dessa situação”, completou.
Para saber mais informações sobre o assunto, confira a entrevista completa:
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