ESQUECI MINHA SENHA CONTINUAR COM O FACEBOOK SOU UM NOVO USUÁRIO
FAÇA SEU LOGIN E ACESSE CONTEÚDOS EXCLUSIVOS

Acesso a matérias, novidades por newsletter, interação com as notícias e muito mais.

ENTRAR SOU UM NOVO USUÁRIO
Buscar

Tecnologias emergentes são úteis para manter a estabilidade de prebióticos?

ADRIANO GOMES DA CRUZ

EM 05/10/2020

6 MIN DE LEITURA

0
3

Atualizado em 23/12/2020

Prebióticos são compostos não digeríveis que são seletivamente utilizados pelos microrganismos do hospedeiro, alterando a composição da microbiota do intestino e favorecendo o desenvolvimento de bactérias benéficas, resultando em benefícios à saúde. Os prebióticos já estabelecidos são classificados em três grupos: polióis (lactulose, xilitol e manitol), oligossacarídeos (fruto-oligossacarídeos [FOS], galato-oligossacarídeos [GOS], isomalto-oligossacarídeos [ISO], xilo-oligossacarídeos [XOS], dentre outros) e fibras (celulose, dextrina, pectina, β-glucana). No entanto, outros compostos também têm sido estudados, tais como ácido linoleico, polifenóis, dentre outros. O mercado de componentes prebióticos vem crescendo a cada década e em 2015 movimentou $2,9 bilhões no mundo. A expectativa é que cresça ainda mais nos próximos anos, em torno de $7,5 bilhões até 2023.

Os alimentos são comumente submetidos a tecnologias convencionais, como a pasteurização ou esterilização, a fim de garantir a segurança e aumentar a vida de prateleira dos produtos, promovendo a inativação enzimática e de micro-organismos patogênicos. Todavia, estes tratamentos podem reduzir o valor nutricional e comprometer os atributos sensoriais dos alimentos, resultando em um produto de baixa qualidade. A partir disso, novas tecnologias de processamento têm surgido para garantir a segurança do alimento e reduzir as perdas sensoriais.

As tecnologias emergentes podem ser definidas como aquelas em desenvolvimento e estágio de pesquisa, que possuem um grande potencial para estarem em vigor e serem comercializadas nos próximos 5 anos. Na indústria de alimentos estas tecnologias têm surgido com o intuito de reduzir o consumo de energia, diminuir os custos e as emissões de poluentes, aumentar a sustentabilidade, qualidade, segurança e vida de prateleira do produto. Além disso, têm sido aplicadas com o propósito de manter a qualidade nutricional e sensorial dos alimentos, e reduzir a perda de compostos funcionais.

As tecnologias emergentes podem ser divididas em térmicas e não térmicas. As tecnologias emergentes térmicas comumente utilizadas em alimentos são aquecimento ôhmico (AO), aquecimento por radiofrequência (AR), aquecimento por micro-ondas (AMO) e aquecimento por infravermelho (AI). Essas tecnologias utilizam faixas de frequência diferentes do espectro eletromagnético, reduzindo o tempo de processo quando comparado ao das tecnologias térmicas convencionais. Dentre as tecnologias emergentes não térmicas, encontram-se alta pressão, alta pressão hidrostática, ozônio, luz ultravioletaradiação não ionizante, radiação ionizante, plasma frio e ultrassom.

A alta pressão tem sido aplicada a diferentes alimentos adicionados de prebióticos. Um estudo recente avaliou o efeito do tratamento térmico convencional (pasteurização) e da alta pressão hidrostática (P90>10 min e 500 Mpa/1,5 min/200C, respectivamente) em purês de maçã enriquecido com FOS e com inulina. Os autores notaram que a inulina sofreu maior hidrólise após a pasteurização do que após o tratamento de alta pressão, já o conteúdo de FOS não apresentou diferença significativa após os dois tratamentos.

A inulina pode ser dispersada em água, formando um gel. O processamento de alta pressão hidrostática foi aplicado à inulina para avaliação da sua capacidade de geleificação. Foi observado que a aplicação de alta pressão hidrostática a 103 e 207 MPa resultou em uma melhor formação de gel para concentração de 9% de inulina (intermediária), e que valores muito altos de alta pressão hidrostática afetam negativamente a força do gel. Sendo assim, é possível observar que os parâmetros do processo têm impacto significativo nas características do produto obtido.

Outro estudo avaliou a degradação de FOS em suco de laranja após a aplicação da alta pressão (450 MPa/5 min/11,50C) quando comparada a aplicação da tecnologia de plasma frio atmosférico (70 kV por 15, 30, 45, 60 s). Os FOS adicionados em suco de laranja sofreram menor despolimerização após o uso de plasma frio atmosférico do que após a alta pressão. Além disso, houve uma pequena variação na cor do suco de laranja submetido a esses dois tratamentos.  O suco de laranja com oligossacarídeos após ser submetido a técnica de plasma frio atmosférico e ozônio (70 kV à 15, 30, 40, 60 s e 0,057, 0,128, 0,230 mg/O3 mL de suco, respectivamente) manteve o conteúdo de compostos fenólicos e a coloração. Apesar disso, o ozônio proporcionou maior redução no conteúdo de oligossacarídeos que o plasma frio atmosférico.   

Alguns trabalhos do nosso grupo de pesquisa avaliaram o efeito do ultrassom de alta intensidade (0, 200, 400 e 600 W) aplicado a bebida prebiótica (inulina) de graviola e soro de leite. O estudo mostrou efeitos positivos após aplicação do ultrassom como o aumento do conteúdo de compostos fenólicos, de compostos voláteis e da atividade anti-hipertensiva, mas também efeitos negativos como a degradação do ácido ascórbico.

Conclui-se que as tecnologias emergentes podem ser utilizadas no processamento de alimentos resultando em produtos com qualidade semelhante ou superior àqueles processados por tecnologias convencionais. As características dos produtos e a estabilidade do componente prebiótico são dependentes da matriz alimentar, da tecnologia empregada e dos parâmetros de processo. Contudo, são necessários mais estudos a fim de desenvolver equipamentos em escala industrial de baixo custo para aumentar a aplicação das tecnologias emergentes.

Autores:

Natália G. Ribeiro1, Ramon Silva Rocha1,2,  Jonas T. Guimarães2, Celso F. Balthazar2, Erick A. Esmerino2, Márcia Cristina Silva1, Tatiana C. Pimentel3, Adriano G. Cruz1

1 Instituto  Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro (IFRJ), Departamento de Alimentos

2 Universidade Federal Fluminense (UFF), Faculdade de Medicina Veterinária

3 Instituto  Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Paraná (IFPR), Campus Paranavaí

Referências

Almeida, F. D. L., Cavalcante, R. S., Cullen, P. J., Frias, J. M., Bourke, P., Fernandes, F. A. N., Rodrigues, S. (2015). Effects of atmospheric cold plasma and ozone on prebiotic orange juice. Innovative Food Science and Emerging Technologies, 32, 127–135.

Almeida, F. D. L., Gomes, W. F., Cavalcante, R. S., Tiwari, B. K., Cullen, P. J., Frias, J. M., Bourke, P., Fernandes, F. A. N., Rodrigues, S. (2017). Fructooligosaccharides integrity after atmospheric cold plasma and high-pressure processing of a functional orange juice. Food Research International, 102, 282–290.

Alvarez-Sabatel, S., De Marañón, I. M., Arboleya, J. C. (2015). Impact of high pressure homogenisation (HPH) on inulin gelling properties, stability and development during storage. Food Hydrocolloids, 44, 333–344.

Birch, C. S. & Bonwick, G. A. (2019). Ensuring the future of functional foods. International Journal of Food Science and Technology, 54, 1467–1485.

Carlson, J. L., Erickson, J. M., Lloyd, B. B., Slavin, J. L. (2018). Health Effects and Sources of Prebiotic Dietary Fiber. Current Developments in Nutrition, 2, 1–8.

Farias, D. de P., De Araújo, F. F., Neri-Numa, I. A., Pastore, G. M. (2019). Prebiotics: Trends in food, health and technological applications. Trends in Food Science and Technology, 93, 23–35.

Gibson, G. R., Hutkins, R., Sanders, M. E., Prescott, S. L., Reimer, R. A., Salminen, S. J., Scott, K., Stanton, C., Swanson, K. S., Cani, P. D., Verbeke, K., Reid, G. (2017). The International Scientific Association for Probiotics and Prebiotics (ISAPP) consensus statement on the definition and scope of prebiotics. Nature Reviews Gastroenterology and Hepatology, 14, 491–502.

Guimarães, J. T., Balthazar, C. F., Silva, R., Rocha, R. S., Graça, J. S., Esmerino, E. A., Silva, M. C., Sant'Ana, A. S., Duarte, M. C. K. H., Freitas, M. Q., Cruz, A. G. (2020). Impact of probiotics and prebiotics on food texture. Current Opinion in Food Science, 33, 38–44.

Guimarães, J. T., Silva, E. K., Ranadheera, C. S., Moraes, J., Raices, R. S. L., Silva, M. C., Ferreira, M. S., Freitas, M. Q., Meireles, M. A. A., Cruz, A. G. (2019). Effect of high-intensity ultrasound on the nutritional profile and volatile compounds of a prebiotic soursop whey beverage. Ultrasonics Sonochemistry, 55, 157–164.

Jermann, C., Koutchma, T., Margas, E., Leadley, C., Ros-Polski, V. (2015). Mapping trends in novel and emerging food processing technologies around the world. Innovative Food Science and Emerging Technologies, 31, 14–27.

Keenan, D. F., Brunton, N., Butler, F., Wouters, R., Gormley, R. (2011). Evaluation of thermal and high hydrostatic pressure processed apple purees enriched with prebiotic inclusions. Innovative Food Science and Emerging Technologies, 12, 261–268.

Misra, N. N., Koubaa, M., Roohinejad, S., Juliano, P., Alpas, H., Inácio, R. S., Saraiva, J. A., Barba, F. J. (2017). Landmarks in the historical development of twenty first century food processing technologies. Food Research International, 97, 318–339.

Moreno-Vilet, L., Hernández-Hernández, H. M., Villanueva-Rodríguez, S. J. (2018). Current status of emerging food processing technologies in Latin America: Novel thermal processing. Innovative Food Science and Emerging Technologies, 50, 196–206.

Nunes, L. & Tavares, G. M. (2019). Thermal treatments and emerging technologies: Impacts on the structure and techno-functional properties of milk proteins. Trends in Food Science and Technology, 90, 88–99.

Priyanka, Minz, P., Subramani, P. (2018). Study of heating pattern during heat treatment of milk by ohmic heating. Journal of Pharmacognosy and Phytochemistry, 7, 3033–3036.

Silva, E. K., Arruda, H. S., Pastore, G. M., Meireles, M. A. A., Saldaña, M. D. A. (2020).  Xylooligosaccharides chemical stability after high-intensity ultrasound processing of prebiotic orange juice. Ultrasonics Sonochemistry, 63, 1–8.

0

DEIXE SUA OPINIÃO SOBRE ESSE ARTIGO! SEGUIR COMENTÁRIOS

5000 caracteres restantes
ANEXAR IMAGEM
ANEXAR IMAGEM

Selecione a imagem

INSERIR VÍDEO
INSERIR VÍDEO

Copie o endereço (URL) do vídeo, direto da barra de endereços de seu navegador, e cole-a abaixo:

Todos os comentários são moderados pela equipe MilkPoint, e as opiniões aqui expressas são de responsabilidade exclusiva dos leitores. Contamos com sua colaboração. Obrigado.

SEU COMENTÁRIO FOI ENVIADO COM SUCESSO!

Você pode fazer mais comentários se desejar. Eles serão publicados após a analise da nossa equipe.

Assine nossa newsletter

E fique por dentro de todas as novidades do MilkPoint diretamente no seu e-mail

Obrigado! agora só falta confirmar seu e-mail.
Você receberá uma mensagem no e-mail indicado, com as instruções a serem seguidas.

Você já está logado com o e-mail informado.
Caso deseje alterar as opções de recebimento das newsletter, acesse o seu painel de controle.

MilkPoint Logo MilkPoint Ventures