A íntima relação entre a produção de leite e a reprodução dos animais num rebanho leiteiro existe porque a vaca entra em lactação somente quando ocorre o parto. Sendo assim, o produtor busca na lactação a sua produtividade: leite em maior quantidade e de melhor qualidade.
Os casos de mastite nos rebanhos impactam tanto a qualidade quanto a quantidade do leite produzido. A mastite é a infecção da glândula mamária do animal e pode se apresentar de duas formas: a clínica (quando há sintomas evidentes da doença, como alterações visíveis no leite e inchaço no úbere) e a subclínica, detectada apenas através de exames e testes específicos como o Califórnia Mastite Teste (CMT).
Uma das medidas para o produtor aferir a qualidade do leite produzido em seu rebanho e compreender melhor a extensão do dano causado pela mastite (especialmente pela prevalência da mastite subclínica, a qual é difícil de identificar) é a realização da Contagem de Células Somáticas (CCS) no tanque.
As células somáticas são basicamente uma mistura de células de defesa provenientes do sangue do animal (como os macrófagos e neutrófilos, que atuam na defesa do organismo) e células epiteliais vindas da descamação e renovação da própria glândula mamária. O aumento significativo de células somáticas no leite ordenhado indica que pode haver uma infecção na glândula mamária, pois o organismo do animal envia células do sistema imunológico para combater o agente lá instalado.
Há forte impacto do aumento da CCS no tanque sobre a quantidade de leite produzido. Segundo o National Mastitis Council (NMC), a relação entre o aumento de CCS, a estimativa de prevalência da infecção e a quantidade de leite perdido segue a seguinte proporção:
Ou seja: teoricamente, se a CCS no tanque estiver abaixo de 200 mil células por ml de leite, não há perda na produção; acima disso, perde-se não apenas em qualidade mas também em quantidade.
Uma série de estudos publicados no Journal of Dairy Science da American Dairy Science Association (ADSA) entre 2001 e 2011, assim como um estudo realizado pela Zoetis em parceria com a Compeer Financial, procuraram a relação existente entre a CCS e outras variáveis fundamentais para o sucesso de um rebanho leiteiro – e demonstraram haver correlações que colocam o aumento da CCS como um dos fatores mais importantes para a rentabilidade geral do negócio.
Segundo os autores desses estudos, a CCS está negativamente correlacionada com a performance reprodutiva, ou seja, conforme aumenta a CCS, piora a eficiência reprodutiva, diminuindo as taxas de prenhez, e aumentam os “dias vazios” dos animais do rebanho. Ela também está correlacionada negativamente à sobrevivência: as taxas de sobrevivência num rebanho reduzem significativamente conforme aumenta a CCS, ou seja, há mais mortes e descartes em rebanhos com alta CCS.
Apesar da indicação do NMC (National Mastitis Council) dizer que não há perdas significativas na produção de leite quando a CCS do tanque é inferior a 200mil células/ml, o estudo realizado pela Zoetis em parceria com a Compeer Financial encontrou perdas na quantidade, mesmo quando a CCS no tanque é inferior a 200 mil células por ml de leite. No estudo, foram perdidos 2,5 litros de leite por vaca/dia a cada 100 mil células a mais no tanque. Sabendo disso, o impacto de longo prazo da contagem de células no padrão aceito de 200 mil ainda pode ser muito caro. Para combater isso, o desafio é definir uma meta de redução da CCS do rebanho para 150 mil ou até 100 mil.
Com base nos resultados acima, o gerenciamento agressivo da Contagem de Células Somáticas para obter níveis abaixo de 200 mil CCS/ml pode ajudar a aumentar a rentabilidade da atividade leiteira. A chave para manter o controle dos níveis de CCS é estabelecer um programa de monitoramento proativo e minucioso da qualidade do leite, prevenindo novas infecções no período seco e reduzindo o risco geral de mastite.
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