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Tripanosomose bovina: saiba como se livrar desse mal!

CEVA: JUNTOS, ALÉM DA SAÚDE ANIMAL

EM 16/04/2021

7 MIN DE LEITURA

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Nos últimos anos estamos enfrentando um sério problema parasitário em nossos bovinos aqui no Brasil, a tripanosomose bovina. A doença é determinada por parasitos originários do continente Africano e segundo a literatura, ela está presente no Continente Sul-americano desde o início do século passado, quando foi identificada primariamente na Guiana Francesa e, logo a seguir, na Venezuela. Suspeita-se que o parasito veio junto a bovinos importados do Continente Africano ao final do século 19.

No Brasil, o primeiro relato oficial da tripanosomose ocorreu em 1946 no Estado do Pará. Posteriormente foi sendo diagnosticada em bovinos de todo o território brasileiro e atualmente há relatos de sua ocorrência na Argentina.       

Dados relativos aos prejuízos determinados pela tripanosomose bovina apontam para mais de 3 milhões de animais mortos anualmente e perdas superiores a 4,5 bilhões de dólares anualmente no Continente Africano (FAO, 2002). 

O que é a Tripanossomose bovina?

Tripanosomose bovinaA tripanosomose bovina é uma doença parasitária determinada pelo protozoário Trypanosoma vivax em nosso meio. Este parasito causa a destruição das células vermelhas do sangue (hemácias) culminando com um quadro clínico grave principalmente quando introduzido no rebanho. Assim poderão ocorrer surtos com mortalidades ou mesmo incapacidade produtiva permanente dos animais afetados e que não vão à óbito, de acordo com o grau das lesões ocasionadas em órgão importantes como fígado e coração, por exemplo. Geralmente, após os surtos iniciais da doença ou manifestação clínica clara e grave, a tripanosomose tende a se manifestar de forma subclínica quando episódios de mortalidades são mais raros. Entretanto a presença do T. vivax no rebanho e em nosso meio, leva a perdas subclínicas e à comorbidades, que podem ser traduzidas em falhas reprodutivas nas fêmeas e nos machos. Desta forma poderão ocorrer reabsorções embrionárias ou fetais, abortos, subfertilidade ou infertilidade no rebanho, o que leva a prejuízos severos.   

Um ponto importante com relação a doença é a presença de portadores do T. vivax na fazenda, que podem ser os próprios bovinos mesmo sem demonstrarem sinais da infecção (manifestação crônica ou subclínica) e outros animais como equídeos, por exemplo. Também a fauna silvestre, especialmente os cervos, são importantes portadores do parasito em nosso meio. Assim, todos estes portadores são fontes de infecção para o restante do rebanho.  

Como a doença é transmitida?

Na África, continente de origem do Trypanosoma vivax, a transmissão ocorre principalmente pela mosca tsé-tsé ou mosca do sono, que é o vetor biológico do parasito. Vetores biológicos são aqueles em que há infecção e desenvolvimento de estágios infectantes do agente em questão. 

Já aqui no Brasil, devido a ausência do vetor biológico a transmissão ocorre mecanicamente através da picada de insetos hematófagos como as mutucas (tabanídeos) e provavelmente a mosca dos estábulos, além da utilização compartilhada de fômites para aplicações parenterais ou injetáveis, em cirurgias ou outros procedimentos que possam entrar em contato com o sangue de animais portadores da doença, mesmo não mostrando a doença clínica. Um mecanismo importante é a utilização compartilhada de seringas e agulhas nas aplicações endovenosas de ocitocina para facilitar a ordenha em vacas leiteiras e mesmo em aplicações subcutâneas ou intramusculares nos processos de vacinações dos animais. A transmissão venérea também é citada.   

Quais são os sintomas da tripanossomose bovina e como fazer o seu diagnóstico?

Os sinais clínicos e sintomas da tripanosomose bovina são variados. Incialmente nota-se queda abrupta na produção de leite, febre, redução no apetite, anemia, emagrecimento, depressão (cabeça e orelhas baixas) diarreia, desidratação, sinais de doença do sistema nervoso (alterações no andar, quedas, decúbito), cegueira, opacidade de córnea, depravação do apetite (animais ingerindo terra, por exemplo), perdas reprodutivas, inchaços em articulações. Vários sinais clínicos e sintomas são muito parecidos com aqueles que surgem na Tristeza Parasitária Bovina (TPB) e por isso o diagnóstico diferencial deve ser realizado.

Também tem sido observado surtos ou surgimento de doenças que estavam relativamente controladas no rebanho, como mastites, infecções dos cascos, pneumonias, por exemplo, pois o T. vivax determina imunossupressão. Em algumas propriedades há surgimento de casos de TPB, especialmente da anaplasmose, mesmo em animais considerados imunes.   

No diagnóstico podemos empregar técnicas para a detecção dos tripanosomas no sangue dos animais (método direto), provas que permitem a detecção de anticorpos contra o T. vivax no soro sanguíneo dos animais além de provas que pesquisam a presença de material genético dos parasitos circulantes. De acordo com o método empregados temos vantagens e desvantagens. Os métodos diretos (gota espessa, Técnica de Woo, esfregaços sanguíneos, Buffy Coat, etc.) necessitam de grande número de tripanosomas circulantes, e isto ocorre numa estreita faixa de tempo da infecção, usualmente após as 2 a 3 semanas depois da mesma. Portanto não têm uma boa sensibilidade. As provas sorológicas atuais (Reação de Imunofluorescência Incompleta, ELISA) pesquisam o anticorpo IgG. Para que possam ocorrer resultados sorológicos positivos há necessidade de pelo menos 42 a 45 dias de infecção, período necessário para o surgimento de anticorpos detectáveis. As provas moleculares são realizadas através da PCR. Também exigem um mínimo de parasitos circulantes e a mais efetiva é a PCR Lamp.

Para diagnóstico é imprescindível a presença do médico veterinário. Ele avaliará os animais, as perdas, a epidemiologia, além de executar e/ou interpretar os resultados dos exames laboratoriais auxiliares citados.

Quais medidas sanitárias devem ser tomadas?

Geralmente os relatos de tripanosomose no rebanho coincidem com entrada de novos animais no rebanho, surtos de infestações por transmissores mecânicos ou manejos que favoreçam a infecção. Portanto é imprescindível cuidados quando da aquisição de novos animais como estabelecimento de quarentena e observação dos animais, com tratamento imediato caso surjam casos da doença.

Como em nosso meio há transmissão mecânica por moscas sugadoras de sangue, o estabelecimento de programas de controle destas moscas tem que ser realizado e mais uma vez a participação do médico veterinário é essencial.

Medidas de desinfecção correta dos fômites como seringas e agulhas, por exemplo, devem ser tomadas. O compartilhamento deve ser evitado ao máximo. Em caso de vacinações coletivas, pelo menos a troca frequente das agulhas deve ser realizada.

Tratamento

O tratamento da doença clínica envolve o emprego de tripanocidas específicos além de terapia se suporte. Os tripanocidas disponíveis são a base de diminazeno (Vivazene®) e/ ou do isometamidium (Vivedium®). Já no tratamento de suporte o emprego de anti-inflamatórios não esteroidais (AINE) potentes (Ketofen®) que auxiliem na redução da febre, da dor e da inflamação em geral contribuem para acelerar a recuperação e promovem melhor bem-estar. Além disso a correção do déficit energético, restabelecimento metabólico e do apetite é importante e para isso poderemos empregar produto com formulação completa e equilibrada de aminoácidos, fósforo, cálcio, colina, como o Roboforte®, por exemplo. A correção da desidratação pode ser realizada com emprego de soluções hidroeletrolíticas adequadas.

Animais com quadro clínico severo devem receber inicialmente o seguinte protocolo:

  • 1º dia: diminazeno (Vivazene®) + AINE (Ketofen®) + reconstituinte metabólico (Roboforte®), um tratamento com cada um dos produtos no dia; 

  • 2º dia: AINE (Ketofen®) + reconstituinte metabólico (Roboforte®), um tratamento no dia; 

  • 3º dia:  AINE (Ketofen®) + reconstituinte metabólico (Roboforte®), um tratamento no dia; 

É importante ressaltar que o diminazeno promoverá o controle da doença por curto período devido a sua curta meia-vida no organismo. 

A partir daí deveremos empregar tratamentos com o isometamidium que promove proteção por 8 a 16 semanas contra as infecções e o seguinte esquema deverá ser utilizado:

  • 14º dia após o tratamento com o diminazeno: isometamidium (Vivedium®) + reconstituinte metabólico (Roboforte®), um tratamento no dia; 

  • A cada 3 meses novamente isometamidium (Vivedium®), até se completar 4 tratamentos com o produto.

Todo o rebanho deverá receber o tratamento e os animais que não se apresentarem muito debilitados poderão entrar direto no programa com a utilização apenas do isometamidium (Vivedium®) junto a um tratamento com o reconstituinte metabólico (Roboforte®). É importante ressaltar que o Vivedium® é o único produto tripanocida específico registrado e chancelado no Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA) aqui no Brasil. 

Após completado 1 ano ou 4 tratamentos consecutivos com o isometamidium com intervalo de 3 meses entre eles, nova avaliação deverá ser realizada pelo médico veterinário para estabelecimento de um programa de controle anual. É fato que o T. vivax já está presente em todo nosso território e que perdas subclínicas e até mesmo surtos de tripanosomose podem ocorrer. Por isso deveremos ter um programa de controle anual que poderá contemplar 2 tratamentos com o isometamidium (Vivedium®), sendo o primeiro no início da maior infestação por vetores e o segundo ao final dessa estação. Entre estes tratamentos poderemos realizar a aplicação de diminazeno (Vivazene®).  

O quadro a seguir apresenta o volume de doses e as vias de aplicação para cada um dos medicamentos citados:

Produtos

Dose

Vivazene®

  • 1 mL/20 Kg, intramuscular, com o máximo de 15 mL por ponto de aplicação

Ketofen®

  • 3 mL/100 Kg, intramuscular, com o máximo de 15 mL por ponto de aplicação

Roboforte®

  • 1 mL/20 Kg, subcutâneo, com o máximo de 15 mL por ponto de aplicação

Vivedium®

  • 1 mL/20 Kg, intramuscular profunda no pescoço, com no máximo 10 mL por ponto de aplicação

As aplicações do Vivedium devem ser realizadas com os animais bem contidos, com agulhas individuais que permitam a inoculação profunda na musculatura, a fim de se evitar o refluxo do produto para o tecido subcutâneo.

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THIAGO S. AZEREDO BASTOS

GOIÂNIA - GOIÁS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 23/04/2021

Bom texto pessoal. Parabéns.
Se for possível, eu estou buscando mais informações para entender melhor o motivo e a época correta para continuar aplicando Isometamidium no Brasil, após os 4 tratamentos. Desde já, fico agradecido.
ANA VILLANUEVA BRAGA

CAMPINAS - SÃO PAULO

EM 27/04/2021

Olá!
Muito obrigado pelo contato.
A frequência de aplicações de isometamidium. (Vivedium) após a realização do protocolo completo (4 aplicações com intervalo de 3 meses entre elas) dependerá da situação epidemiológica da Fazenda. Para isso, o Médico Veterinário tem papel fundamental. Ele avaliará riscos e épocas de maiores desafios para o rebanho. A partir dessa avaliação o protocolo com o isometamedium é traçado e o monitoramento constante do rebanho é necessário.
ANA VILLANUEVA BRAGA

CAMPINAS - SÃO PAULO

EM 27/04/2021

Olá!
Muito obrigado pelo contato.
A frequência de aplicações de isometamidium (Vivedium) após a realização do protocolo completo (4 aplicações com intervalo de 3 meses entre elas) dependerá da situação epidemiológica da Fazenda. Para isso, o Médico Veterinário tem papel fundamental. Ele avaliará riscos e épocas de maiores desafios para o rebanho. A partir dessa avaliação o protocolo com o isometamedium é traçado e o monitoramento constante do rebanho é necessário.
Espero ter ajudado!
Abraços!

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