Nos últimos tempos, a sociedade tem voltado sua atenção aos impactos ambientais. Um dos principais alvos é a pegada de carbono, que envolve a emissão de metano, um dos gases causadores do efeito estufa (GEE).
O agronegócio, inclusive a pecuária leiteira, foram algumas das atividades que receberam maior foco quando o assunto é emissão de gases do efeito estufa. Por isso, torna-se cada vez mais crucial, entender, os impactos que estão, de fato, vinculados às atividades do agro (e do leite), o que pode ser feito para diminuí-los, bem como transformar os desafios em oportunidades. Dr. Luiz Gustavo Ribeiro Pereira, pesquisador da EMBRAPA Gado de Leite e palestrante do Interleite Brasil 2022, trouxe justamente essa perspectiva em sua apresentação, no dia 04 de agosto.
Metano e pegada de carbono na produção de leite
Durante a palestra foram apontadas as evoluções em relação às pesquisas e conhecimentos voltados para a mensuração do metano. Estudos já constataram pegada de carbono negativa em algumas fazendas, mostrando o potencial da produção de animais como parte da solução dos desbalanços ambientais enfrentados atualmente. "É um desafio que vejo muito como oportunidade”, disse Luiz.
No fluxograma abaixo está ilustrado o ciclo do carbono. É importante ressaltar que nem sempre está em equilíbrio, e é necessário construir unidades produtivas que tenham um ciclo de carbono completo.
Figura 1. Fluxograma representando o Ciclo do Carbono.
Fonte: palestra Luiz Gustavo Pereira, Interleite Brasil 2022.
De acordo com a palestrante, hoje temos conhecimento suficiente para diminuir a emissão de carbono nas fazendas e fazer a transição para sistemas ambientalmente mais saudáveis. Essas possibilidades estão em vários aspectos e manejos dentro da fazenda, que podem reduzir em diferentes níveis a emissão de metano. Veja a tabela abaixo:
Tabela 1. Manejos e suas possíveis influências na emissão de metano nas propriedades.
Fonte: palestra Luiz Gustavo Pereira, Interleite Brasil 2022.
Luiz Gustavo, ainda, ressalta que a diminuição da emissão de CH4 está atrelada ao aumento da eficiência produtiva. “Não tem nenhuma [alteração em manejo] que diminui os gases de efeito estufa e piora a produtividade”, disse. Ressaltou ainda ser uma grande oportunidade para quem produz.
Além disso, outro estudo realizado pelo também pesquisador da EMBRAPA, Glauco Carvalho, identificou que animais com 2.000 L de leite por lactação ou menos emitem maior quantidade de CO2 por quilo de leite produzido, mostrando a importância da produtividade na redução de emissão de gases de efeito estufa.
Em relação à fixação de carbono no solo em sistemas de produção animal, Luiz mostrou um estudo realizado pelo pesquisador da EMBRAPA Sudeste, Alberto Bernardi, que evidenciou o maior estoque de carbono em sistemas integrados quando comparado a sistemas tradicionais de produção.
Outro ponto interessante é a menor pegada de carbono das fazendas leiteiras brasileiras comparadas as fazendas norte-americanas. O pesquisador mostrou uma comparação entre a média da pegada de carbono obtida pela EMBRAPA em parceria com a Nestlé e a média dada pela FAO da pegada de carbono das fazendas norte-americanas, concluindo que a pegada de carbono média brasileira é inferior à das fazendas da América do Norte.
As tecnologias, que também recebem grandes holofotes, foram citadas por Luiz. Ele comentou sobre a primeira fazenda flutuante, situada na Holanda. Esta fazenda fica mais próxima ao mercado consumidor, possibilitando basear a alimentação das vacas em restos de comida de restaurantes e mercados e oferecer leite fresco para a população. Além disso, os dejetos são transformados em pellets para adubação de flores e outras produções vegetais realizadas no país. “[É] onde estamos hoje de possibilidades”, disse.
E para onde vamos? O futuro da produção de leite reserva para nós o uso de tecnologias, uma produção mais eficiente com fixação de carbono no solo. Uma produção de leite cada vez mais sustentável, com o cuidado ambiental dentro das fazendas leiteiras.
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