A elevada incidência de mastite no início da lactação é um fator que preocupa o produtor por vários motivos, tais como a redução na qualidade do leite produzido, a queda na produção de leite durante o decorrer da infecção, risco de afetar o pico da lactação do animal e conseqüentemente reduzir a produção de toda a lactação, custos com o tratamento, possibilidade de afetar a produtividade e vida útil do teto acometido, e ainda o risco de afetar os índices reprodutivos do rebanho.
A associação entre a mastite e a reprodução já foi abordada em um artigo desta seção. Na ocasião, pesquisadores da Universidade do Tennessee - USA, publicaram resultados significativos a respeito da mastite que ocorre no início da lactação, e seu efeito sobre a reprodução. Dentre esses resultados destacam-se:
- Intervalo do parto até o primeiro serviço maior nas vacas acometidas por mastite clínica antes da primeira inseminação: 93,6 dias
- Intervalo do parto ao primeiro serviço nas vacas não acometidas por mastite clínica antes da primeira inseminação: 71 dias
- Número de doses para a concepção nas vacas acometidas por mastite clínica antes da primeira inseminação: 2,9 doses
- Número de doses para a concepção nas vacas que só foram acometidas por mastite após a primeira inseminação: 1,6 doses
- Intervalo do parto à concepção maior nas vacas acometidas por casos de mastite clínica após a primeira inseminação: 136,6 dias
- Intervalo do parto à concepção nas vacas que apresentaram casos de mastite apenas após a confirmação da concepção: 92,1 dias
Em julho deste ano, pesquisadores da mesma universidade publicaram no Journal of Dairy Science, novas informações obtidas nas pesquisas sobre este tema. Foi relatado que quando a mastite clínica ocorre no período próximo à ovulação há um impacto negativo sobre a função endócrina e folicular. A presença da infecção estimula o sistema imune à liberação de substâncias para combatê-la; o estresse causado pela dor e desconforto advindo da infecção no úbere eleva também os níveis de cortisol na circulação. Estas respostas do organismo à mastite, por sua vez, afetam a liberação de hormônios associados à reprodução. Foi observada redução da liberação de LH e de estradiol- 17b, causando uma redução dos sinais do estro em alguns animais e uma redução das taxas de ovulação.
Os relatos desta última pesquisa auxiliam o entendimento não só da associação entre a mastite e a reprodução, mas também nos alertam para todo e qualquer distúrbio que possa causar inflamação e dor na vaca no período próximo à ovulação. Com base neste raciocínio, fica claro que se deve intensificar a prevenção e a qualidade do manejo para que os animais tenham um início de lactação com a menor incidência possível de doenças. No caso da mastite, por exemplo, quando se efetua um manejo adequado no período seco, quando há um ambiente limpo e seco no parto e um correto manejo de ordenha não estamos somente prevenindo a ocorrência de mastite, mas também estamos implementando o desempenho reprodutivo do rebanho.
Fonte: Pritchard, D. E. More on the mastits/breeding problem link. Hoard's Dairyman, Setembro 10, p.606, 2005.