Nos primeiros artigos desta série abordou-se as características das principais espécies de cigarrinhas encontradas em áreas de pastagens, os sintomas e os danos provocados pelo seu ataque.
A partir deste artigo, os métodos de controle adotados atualmente serão descritos e discutidos.
Quais os principais métodos de controle das cigarrinhas das pastagens?
Os métodos de controle de cigarrinhas disponíveis até o momento são pouco eficazes quando adotados de forma isolada, sendo os melhores resultados obtidos quando se usa um manejo integrado da praga.
Os principais métodos existentes podem ser divididos em:
- Na instalação da pastagem: escolha de espécies resistentes
- Em pastagens implantadas: controle cultural; manutenção de áreas de refúgio para predadores; controle químico; controle microbiano.
O uso de espécies resistentes é a medida mais eficaz para se evitar problemas com cigarrinhas. Desta forma, a escolha da espécie, no momento da implantação, deve ser feita com bastante critério.
O nível de resistência das espécies forrageiras pode ser determinado por meio de experimentos de campo e/ou de casa de vegetação, onde se observa o comportamento das plantas quando submetidas ao ataque de cigarrinhas (ninfas e adultos); a sobrevivência das ninfas; e a preferência das cigarrinhas pelas diferentes espécies.
As Tabelas 1 e 2 mostram o nível de resistência de algumas espécies ao ataque de cigarrinhas das pastagens.
Tabela 1: Nível de resistência de gramíneas forrageiras à cigarrinha das pastagens na região do cerrado (Deois flavopicta).
0 - ausência de cigarrinhas; 1 - presença de cigarrinhas e ausência de danos; 2 - pontuação ou listas cloróticas nas folhas; 3 - áreas cloróticas nas folhas; 4 - folhas com a ponta seca; 5 - folhas inteiramente secas. Adaptado de Cosenza (1981).
Tabela 2: Nível de resistência às cigarrinhas das pastagens de algumas espécies forrageiras na região do Pantanal Mato-grossense.
a 0 - ausência de cigarrinhas; 1 - presença de cigarrinhas e ausência de danos; 2 - pontuação ou listas cloróticas nas folhas; 3 - áreas cloróticas nas folhas; 4 - folhas com a ponta seca; 5 - folhas inteiramente secas. Adaptado de Campos & Abreu (1996).
De modo geral, recomenda-se que pelo menos 30% das áreas de pastagens, em uma propriedade, sejam implantadas com espécies resistentes (nas tabelas acima as espécies estão listadas em ordem crescente de susceptibilidade à cigarrinha).
Desta forma, reduz-se o efeito de "monocultura" e o pecuarista passa a ter uma alternativa de alimentação para os períodos de maior infestação.
A susceptibilidade das gramíneas à cigarrinha, porém, deve ser frequentemente avaliada. Além disso, é preciso testar a resistência às espécies de cigarrinhas mais importantes para cada região. Na região Norte do Brasil, por exemplo, têm sido registrados ataques de cigarrinha-da-cana (Mahrranarva fimbriolata) em áreas de Brachiaria brizantha cv. Marandu, cultivar resistente às cigarrinhas das pastagens.
Nos próximo artigos, serão discutidos os métodos de controle cultural e microbiano.
Referências bibliográficas:
CAMPOS, F.I.S.; ABREU, J.G. de. Avaliação da resistência de gramíneas forrageiras às cigarrinhas das pastagens. Cuiabá: EMPAER-MT, 1996. 12p. (EMPAER-MT. Circular Técnica, 1).
COSENZA, G.W. Resistência de gramíneas forrageiras à cigarrinha das pastagens, Deois flavopicta (Stal, 1984). Boletim de pesquisa, Embrapa - CPAC, Brasília, 7, 1981. 16p.