Que o ano está acabando, todo mundo sabe. 2022 já está batendo na porta e muita gente não vê a hora do ano novo chegar com a esperança de que as coisas melhorem e de que os problemas se resolvam.
Claro que não vai ser como um feitiço em que, à meia-noite do dia 31, os problemas sumirão num passe de mágica. Mas, a cada novo ciclo, é um momento de olharmos para trás, ver o que o ano nos trouxe e começar o próximo com a esperança de dias melhores acesa no coração.
O ano de 2021 foi desafiador e trouxe muitas lições para todos, no setor lácteo não foi diferente. Inovações, descobertas, recordes e obstáculos estiveram no caminho dos participantes da cadeia leiteira este ano. Vamos relembrar momentos marcantes durante este ano para o setor?
Fenômenos climáticos
O ano de 2021 começou trazendo a La Ñina na bagagem, que se destacou como a terceira mais intensa nos últimos 20 anos. O fenômeno, que causa resfriamento das águas no pacífico, prometia pico em janeiro e desaceleração dos efeitos após março ou abril.
De fato, janeiro trouxe alterações climáticas significativas, mas seus efeitos não diminuíram intensidade com o passar dos meses. Mesmo com as previsões iniciais, que apontavam baixa possibilidade de geadas, várias regiões foram atingidas.
A falta de chuvas foi outro problema presente na vida do produtor de leite em 2021, especialmente na região Sul do país e causou atrasos em plantios e colheitas dos grãos para alimentação animal.
E tem mais por aí! Por mais que pareça propaganda de festival, o fenômeno La Ñina foi confirmado para 2022. A previsão é que o fenômeno seja de fraca incidência e se estenda até fevereiro. É bom se programar, né?!
Confira as matérias:
- La Ñina terá pico em janeiro
- Impactos da geada no milho safrinha e na produção de leite
- Seca no Sul e consequências no mercado do leite
- É oficial: La Niña está de volta
Preço da arroba batendo recorde histórico
Para quem não tem muita familiaridade com todo o ciclo da produção de leite, já deve estar se perguntando: “Afinal, o que a arroba do boi tem a ver com isso?”. Mas é fato que as oscilações na arroba do boi influenciam a produção e o mercado lácteo.
O melhor indicador para explicarmos isso é a relação de troca entre o leite e a arroba do boi. Este número nos diz quantos litros de leite são necessários para ‘comprar’ uma arroba de boi – quanto maior o valor, mais o leite estará desvalorizado em relação ao boi.
Vale destacar que, em março de 2021, o indicador chegou ao valor recorde de 160 litros por arroba e, com ele, um grande incentivo em 2021 para o abate de vacas. Este foi um dos motivos para diminuição da captação de leite vista ao longo do ano.
Confira a matéria:
E falando em recordes... o custo de produção do leite em 2021
O ano começou trazendo o que o produtor queria que tivesse ficado em 2020 (ou, melhor, que nunca aparecesse): alta nos custos de produção. Se o ano anterior já foi ruim, lembramos daquele famoso ditado: nada é tão ruim que não possa piorar...
Logo em abril/2021, produzir leite estava 31,4% mais caro do que no ano anterior (informação referente ao acumulado dos últimos 12 meses a partir de abril). O Índice de Custos de Produção de Leite (ICP), apresentou seu mais alto patamar desde o início da série histórica, em 2007.
Embora os custos de produção englobem todas os insumos, como medicamentos, energia elétrica, gastos com mão de obra, combustíveis, entre outros, os custos com alimentação foram os que mais fizeram o bolso do produtor chorar.
A elevação no preço dos grãos (milho e soja), devido principalmente às alterações climáticas (que já conversamos lá em cima) levou a uma relevante alta dos custos. A taxa de câmbio também trouxe impactos, sensibilizando o preço de fertilizantes e outros insumos importados. Alguns dados apontam alta de quase 80% no valor da ureia, por exemplo. De acordo com o ICP Leite (Embrapa), a alta acumulada dos custos, até outubro de 2021, somaram 23%.
Se o produtor de leite pudesse pedir um presente para o Papai Noel, com certeza seria a diminuição dos custos de produção. Mas estudar o negócio, observar onde há gargalos para diminuição de gastos e investir em assistência técnica e gerencial talvez sejam alternativas mais realistas, já que o Papai Noel não existe... (mas shiu! Não conte para as crianças!)
Confira as matérias:
- Custos de produção de leite devem seguir em alta
- Custos de produção de leite registram alta de 11,49%
- Custos de produção de leite batem recorde no Brasil
- Custos de produção e seus reflexos no resultado: avaliação nos diferentes volumes de produção
Novidades no setor lácteo em 2021
Apesar das dificuldades trazidas pelos anos, nem tudo foi tristeza. A Fazenda Colorado, maior produtora de leite do Brasil, certamente teve muito a comemorar: eles produziram 100 mil kg de leite em um único dia! A conquista é um grande marco na história da pecuária leiteira do país e serve como exemplo para muitos produtores.
Outra novidade do ano foram os olhos voltados para a sustentabilidade na produção de aliemntos, sobretudo depois da COP26 – Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima de 2021. Mas aqui no Brasil, já tem produtores trabalhando com este conceito há muito tempo e, neste ano, foi lançado o primeiro leite carbono neutro do país.
Além de garantir a neutralidade no balanço de carbono, o Leite NoCarbon possui outros dois pilares: bem-estar animal e produção orgânica. Provavelmente é o único hoje no mundo com esse tripé de atributos e praticamente deu um pontapé inicial para o produtor perceber a necessidade de olhar com outros olhos para este assunto.
Confira as matérias:
- Fazenda Colorado produz 100 mil kg de leite em 24h
- COP-26 deve abordar papel positivo do agro na mitigação de emissões, diz ministra
- COP26: pecuária terá que se adaptar para reduzir emissão de metano
- COP26: agropecuária é parte da solução para mudanças climáticas, diz Tereza Cristina
- Primeiro leite carbono neutro é lançado no Brasil
Importação e exportação de lácteos 2021
Não tem conversa: o produtor sempre é crítico e rígido quando o assunto é importação de lácteos e, este ano, tivemos um desincentivo muito grande para as importações. Em março, os preços internacionais tiveram um boom, desestimulando a entrada de leite no país. Embora tenha ocorrido algumas variações de lá para cá, desde agosto foi só alta atrás de alta nos preços dos lácteos lá fora.
O combo "dólar alto + preços do barril de petróleo lá em cima" impactaram a competitividade de preços internacionais. Os países petrolíferos, como a Argélia por exemplo, acabam importando mais produtos lácteos e o principal fornecedor para este país é o Mercosul – que também é o principal fornecedor para o Brasil. Resumindo: Uruguai e Argentina mandaram leite para a Argélia e não sobrou muita coisa para nós. Além disso, os altos preços do mercado exterior desestimularam a importação na maior parte do ano, como mencionado anteriormente.
Por outro lado, com a alta nos preços lá fora e o Real desvalorizado aqui, tivemos uma boa janela de exportação, que durou – e ainda vem durando – alguns meses. Assim, tivemos outro marco histórico no setor neste ano: enviamos leite para a China!
Após 20 anos, o país recebeu, em novembro, uma carga de produtos lácteos brasileiros. A carga exportada incluiu leite em pó integral, leite em pó desnatado e leite em pó zero lactose. Esta negociação pode começar a abrir as portas de um dos maiores mercados consumidores de lácteos do planeta. Seria um sonho, não é mesmo?
Confira as matérias:
- GDT: explosão nos preços internacionais!
- Balança comercial: estabilidade nas importações lácteas em agosto
- Preços altos no mercado internacional de leite: como fica o Brasil?
- GDT: preços internacionais dos lácteos seguem aumentando
- CCGL faz primeira exportação de lácteos do Brasil à China depois de 20 anos
Bom, leitores, a atividade leiteira é fascinante! Interligada com uma série de fatores nacionais e internacionais, impactada por coisas que saem do controle do ser humano e, ao mesmo tempo, altamente dependente da dedicação destes, para que a produção seja eficiente.
O ano de 2021 vem terminando e, com ele, esperamos que as dificuldades também diminuam, que a perseverança aumente e, principalmente, que o amor e dedicação à atividade leiteira sempre cresça em cada membro do setor.
Nós, do MilkPoint, somos imensamente gratos a toda a dedicação e entrega de todos os envolvidos no setor e, principalmente a você, que nos acompanha. Acreditamos fielmente no leite brasileiro e desejamos que 2022 venha com muito mais inovação, crescimento e conquistas para todos, pois o leite não pode parar!
Ah! Lembrando que não foi apenas o setor lácteo que trouxe novidades. O MilkPoint trouxe uma série de mudanças interessantes com o intuito de ajudar você, nosso leitor, a adquirir informação de qualidade e com muita facilidade.
Confira as novidades do ano no MilkPoint:
- Inclusão e experiência do usuário: MilkPoint agora tem áudio em todos os artigos!
- Novidade no MilkPoint: conheça as páginas temáticas!
- Página com os maiores produtores de leite do país nos últimos 20 anos: Os Top100!
- Página de preços do leite e indicadores de mercado lácteo!
Estamos sempre em busca de trazer o melhor pra vocês.
A informação é capaz de realizar grandes mudanças e nós estamos sempre trabalhando para levar o que há de mais novo no setor leiteiro, afim de democratizar a informação e transformar a realidade do leite no país. Contem com a gente!
Que esse novo ano traga muita paz, saúde e prosperidade a todos.
Feliz ano novo! Esperamos vocês em 2022!
Você lembra ou considera algum fato de 2021, que não citamos aqui, importante para o setor? Comenta aqui e ajude a gente a relembrar!