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Impactos da geada no milho safrinha e na produção de leite

POR STEPHANIE ALVES GONSALES

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 12/07/2021

6 MIN DE LEITURA

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Atualizado em 12/07/2021

O inverno teve início no último dia 21 e o clima frio chegou “com tudo”, alterando o cenário da produção de leite. Com a previsão e a ocorrência de geadas logo no começo da estação, os preços de milho subiram e os custos de produção foram junto. Porém, os problemas com o milho de segunda safra não se devem somente ao inverno.

O milho safrinha tem grande importância na produção de grãos do país. Começou a ser plantado nos anos 80 no Paraná e rapidamente expandiu sua produção para outros estados. O termo “safrinha” está sendo substituído por “milho segunda safra”, pois seu volume e área plantada representam atualmente a maior produção do grão.

Além das geadas, outros fatores vinham impactando negativamente a produção de milho segunda safra desde o ano passado. Valter Galan, analista de mercado do MilkPoint Mercado, ressaltou dois pontos principais: as chuvas tardias que atrasaram o plantio da soja e o ataque severo de cigarrinhas que atingiram lavouras de algumas regiões do País.

“Como as chuvas esperadas de outubro/novembro para o plantio da soja atrasaram, a soja foi plantada de forma tardia, o que empurrou para frente o plantio da safrinha do milho. Isso já é um problema por si só, uma vez que o milho safrinha depende de uma janela específica de chuvas e, com o atraso no plantio, o produtor corre o risco de perder esta janela”, relatou o analista. Este cenário de fato ocorreu em alguns estados, como Paraná e Goiás, prejudicando o desenvolvimento da cultura.

O segundo fator - a ocorrência de pragas - também trouxe grande prejuízo, como explicou Galan: “No período entre abril e maio, houve um ataque severo de cigarrinhas no milho na região Sul do país. Esta praga derruba a produção e causa prejuízos enormes”.

Para completar a série de problemas que vêm ‘cercando’ a produção de milho desde 2020, o inverno chegou trazendo muito frio e ocorrência de geadas em importantes regiões produtoras de milho e de leite. Apesar do ciclo do milho já estar no fim, a ocorrência de geadas interfere diretamente na qualidade do produto, principalmente naquele direcionado à produção de silagem para alimentação de rebanhos leiteiros.

“Para o milho safrinha plantado com a intenção de fazer silagem, o prejuízo é maior, uma vez que a qualidade da planta é afetada com a incidência da geada. Além disso, o produtor corre para não perder a lavoura, o milho pode ser colhido antes do ponto ideal e, então, a qualidade do produto fica bastante comprometida”, afirmou Valter.

Em algumas partes do país, principalmente na região Sul, as geadas fazem parte da vida dos produtores de leite na estação mais fria, e este consegue se antecipar. Fabrício Nascimento, produtor de leite de Jóia/RS, ressalta a importância das geadas para a produção e enfatiza a necessidade da sua ocorrência: “Acho a geada fundamental, pois é uma das formas – e, até o momento, a mais eficiente - de controlar a cigarrinha que causa grande estrago no milho”. O produtor falou ainda do auxílio no controle de outras pragas como lagarta, percevejo e até plantas daninhas.

Fonte da imagem: Fabrício Nascimento – Jóia/RS

Assim como o Fabrício,  Diogo Vriesman, da Fazenda Melkstad (segunda colocada no Levantamento Top 100 2021), vê a geada como favorável para a produção. A vantagem de ter estações bem definidas na região é que elas ajudam o produtor a se programar para que a geada não seja um problema. “Na nossa região não tinha praticamente mais nada de milho, já estava quase tudo embaixo das lonas. Essa geada é favorável para as culturas de inverno, sem contar que mata as pragas que atrapalham a produção”, relatou Diogo, que é Sócio–Diretor da fazenda, localizada em Carambeí/PR.


Fonte da imagem: Diogo Vriesman – Carambeí/PR

Ivan Gomes, de São José do Cerrito/SC, também está acostumado com a ocorrência das geadas e informou que ocasionalmente neva em sua propriedade. Situado em um dos pontos mais frios do país, a Serra Catarinense, Ivan produz leite com animais Jersey e utiliza pastos de inverno para alimentação do gado, como aveia e azevém. O produtor relatou que ocorrem entre 28 e 50 geadas por ano na região, impossibilitando a produção de milho safrinha.

Apesar dos benefícios como o controle de pragas, a ocorrência de geadas mais intensas, como as deste ano, acabam prejudicando até as culturas acostumadas com o frio. “As geadas mais fortes afetam também os pastos de inverno, mesmo que de forma mais leve. Por isso, há a necessidade de suplementação”, diz o produtor, que também relata o impacto direto nos custos de produção, o que pode levar pequenos produtores a deixarem a atividade.

“Como consequência, alguns produtores estão com sérias dificuldades para alimentar os animais, pois ficam dependendo muito de alimentação comprada, que também é escassa. Com isso, os custos estão cada vez mais elevados e muitos pequenos produtores estão mesmo abandonando a atividade.”


Fonte da imagem: Ivan Gomes – São José do Cerrito/SC 

Enquanto em alguns lugares a incidência de geadas é algo rotineiro, em outras regiões os produtores foram pegos de surpresa. Juliano Alarcon Fabrício, agrônomo e responsável pela consultoria Dr. Pastagem, relatou o acontecimento do fenômeno climático em locais nos quais não é comum a ocorrência. “Algumas propriedades que eu atendo de forma online informaram a ocorrência de geadas até em Minas Gerais e no norte do Paraná, que não viam um frio deste desde 2011. Já na minha região, este ano tivemos cerca de 4 a 6 geadas, o que é normal aqui para Francisco Beltrão/PR”.

Em Goiás, a surpresa veio após quase 20 anos sem ocorrências. Eduardo Hara, da Cooperativa Comigo situada em Rio Verde no sul de Goiás, relatou geadas intensas na região. “O pessoal teve que antecipar a colheita do milho, pois não estava esperando essa situação. Mesmo com o milho fora do ponto e sabendo que silagem oriunda dessa produção não terá uma boa qualidade, a solução foi colher para não perder a produção toda”, relatou Eduardo.


Fonte da imagem: Eduardo Hara – Rio Verde/GO

Além do milho, Eduardo contou que a pastagem sofreu com a situação. “Basicamente tudo que tinha de verde e foi atingido pela geada, foi perdido. Existem algumas áreas de feno que sentiram bastante, ficaram cinzas. Campos de Tifton, que são utilizados para ofertar aos animais em Compost Barn, com certeza terão a qualidade do material comprometida e, consequentemente, isso impactará a produção de leite”. 


Fonte: Eduardo Hara – Rio Verde/GO

As consequências do comprometimento da produção do milho safrinha, silagem de milho e rendimento dos pastos ainda serão vistas por bastante tempo na produção de leite do país. Um relatório do Deral (Departamento de Economia Rural do estado do Paraná) da última terça feira (6 de julho de 2021) aponta um aumento no percentual de lavouras consideradas ruins devido a incidência de geadas. Segundo a entidade, as lavouras avaliadas como ruins saíram de 33% na semana passada para 42%. Já a safra em boa condição caiu de 26% para 12% e a em situação média subiu de 41% para 46%.

Devido a menor qualidade do alimento, o produtor provavelmente terá que ofertar uma quantidade maior de silagem e, consequentemente, verá o desabastecimento mais rápido dos silos. Para compensar o déficit na alimentação, também deve-se utilizar maior quantidade de concentrado, o que influencia diretamente os custos de produção da atividade, que já vêm em uma série histórica de valores bastante altos neste ano. 

Houve algum comprometimento na sua região devido a geada? Conte pra gente nos comentários! 

STEPHANIE ALVES GONSALES

Zootecnista formada pela Universidade Estadual de Maringá e pós-graduada em Gestão do Agronegócio. Integrante da Equipe de Conteúdo do MilkPoint.

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CAMILLA KANASHIRO

MARINGÁ - PARANÁ - ESTUDANTE

EM 12/07/2021

Maravilhoso!!!
FABRÍCIO NASCIMENTO

JÓIA - RIO GRANDE DO SUL - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 12/07/2021

Muito bom Stephanie!
Importante ver opiniões de diferentes regiões e realidades

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